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Curiosidades

Balé Clássico no Netflix

Balé Clássico no Netflix
  • Publishedfevereiro 21, 2017

Que o Netflix tem uma lista enorme de filmes, documentários, séries e até novelas, de todos os gêneros conhecidos, todos nós sabemos, mas não contava com a presença de um Balé de Repertório. Comecemos do começo. Dia desses eu estava procurando algum filme que envolvesse balé, porque estava de folga do balé (infelizmente ainda estou) e estava (ainda estou) com saudades de ver os passos, e até para relembrar os nomes mais complicados. Procurei tanto que encontrei “The Nutcraker” (“O Quebra Nozes” -1993) e amei essa novidade. Antes de falar sobre essa versão que tem no Netflix é bom saber a história, porque tem algumas diferenças, e fazer alguns esclarecimentos sobre os termos bailarinísticos que irei usar.

O primeiro termo eu já usei no comecinho, “Balé de Repertório”. Balé de Repertório é um espetáculo de balé que conta uma história através da dança e da atuação, mas sem falas nem narração. A maioria foi concebido pelos pais do balé, ainda no século XIX, e exige que sua reprodução seja autêntica a original, sendo permitidas adaptações pontuais para se adequar ao estilo da companhia que apresentará.“O Quebra Nozes” está inserido no rol dos Balés de Repertório mais famosos. Ele é baseado em um conto criado por Ernst Theodore Amadeus Hoffmann, mas ganhou uma versão mais famosa, escrita por Alexandre Dumas, chama-se “O Quebra Nozes e o Rei dos Camundongos”. O conto foi adaptado para o balé por Piotr Tchaikovsky e estreou na Rússia em 18 de dezembro de 1892 (cem anos depois eu estava nascendo, só por curiosidade mesmo kkkk).

A história começa na noite de Natal, quando uma menina recebe de presente do seu padrinho um quebra nozes em forma de soldadinho de chumbo. Ela ama seu presente, mas seu irmão (uma peste em forma de criança kkk) o quebra. Seu padrinho consegue concertar, ela passa o resto da noite maravilhada com seu presente.

Naquela mesma noite ela tem um sonho encantador. Sonha que seu soldadinho de chumbo ganha vida e lidera seu exército para enfrentar os camundongos e seu Rei, que é a própria menina que consegue derrotar atirando um sapato em sua cabeça! Depois de vencer a batalha eles seguem para o Reino das Neves, onde o quebra nozes se transforma em um príncipe, terminando o primeiro ato. No segundo ato eles vão para o Reino dos Doces, lá eles são apresentados aos mais deliciosos, como o Chá Chinês, o Café Arábico, Biscoitos de Gengibre, dentre outros. Também são presenteados com a Valsa das Flores e o Gran Pax de Deux da Fada Açucarada e de seu cavalheiro.

“O que é ‘Gran Pax de Deux’ no jogo do bicho??”. Simplificando muito o conceito, “Pax de Deux” é a coreografia dançada por um casal, o ‘Gran Pax de Deux’ é a extensão dessa coreografia, ou seja, eles fazem o pax de deux, aí depois o cavalheiro faz seu solo e a fada faz o seu posteriormente.
Enfim, é um grande sonho encantador! Tudo isso é arquitetado pelo seu padrinho, o que deu de presente o quebra nozes. Mas, depois que conhece todo esse mundo encantado, a menina acorda e percebe que foi apenas sonho, mesmo assim sente-de realizada.
Bom, toda essa história em academias clássicas, que comprometem em seguir o Balé de Repertório mesmo, todos as cenas são dançadas, desde o início, quando as pessoas chegam na casa da menina para a noite de Natal, até quando ela acorda do sonho. Cada um desses doces é uma coreografia diferente.

Isso não acontece no “The Nutcraker” que está no Netflix. Nesta versão o primeiro ato é praticamente o conto encenado. Até tem dança, tem o baile dançando pelos adultos e pelas crianças e a variação (coreografia) dos flocos de neve, mas não vai muito além disso. Já o segundo ato é todo dançado.
Uma coisa que também não tem nas versões clássicas, mas tem nessa, é uma narração (e lá no Netflix tem várias opções de idioma e legendas). A narração junto com o fato de ter menos dança não é, necessariamente, um ponto ruim. Vejo isso como uma forma de pessoas começaram a assistir espetáculos desse estilo, saber um pouco como é, para depois procurar pelas versões clássicas.

Por não ter falas em um balé de repertório, quem não conhece a história e quem não sabe se gosta de balé ainda pode se cansar, se perder na história, então assistir uma obra dessas pode ser mais confortável. A única coisa que achei, não diria errado, mas completamente diferente de todas as versões que cheguei a pesquisar, inclusive da história original, foi o nome da menina. Em todos esses clássicos ela se chama Clara, inclusive é um nome conhecido no mundo do balé (é como você falar Edward, todo mundo que gosta de Crepúsculo sabe de que você está falando), mas na versão que cito a menina de chama Marie. Particularmente, não gostei desse detalhe, acho que descaracteriza a personagem. A grande surpresa, pelo menos para mim, foi o próprio quebra nozes. Nessa história quem interpreta o quebra nozes é nada mais, nada menos, do que o Riquinho, Kevin, que é esquecido no feriado de Natal… siiiiiim, Macaulay Culkin! Tão lindinho, na mesma época que ele fez os filmes “Esqueceram de Mim”. Ah, o elenco é o da “The New York City Ballet”, o que deixa tudo encantador, bailarinos perfeitos!


O que eu recomendo para você que quer começar a assistir espetáculos de balé? Assista essa versão da Netflix, se você gostar e ficar curiosa(o) sobre a versão clássica corra para o youtube e procure por lá, tem espetáculos de inúmeros academias e tem outros muitos Balés de Repertório também.
Eu assisti o espetáculo completo da Cia Cisne Negro de 2013, ele foi transmitido em 2014 pela Tv Cultura e tem no canal deles do youtube

recomendo! Se você se apaixonar por balé ao assisti e quiser conhecer mais sobre termos, conhecer os outros Balés de Repertório, quais são os passos, enfim, conhecer mais desse mundinho, visitem o blog Mundo Bailarinístico (http://www.mundobailarinistico.com.br). Eu sou apenas leitora desse blog, mas amo demais, visitem e falem que fui que indiquei! Fico por aqui, deixando vocês sonhar com doces dançantes =D
Beijinhos e até mais.

Written By
Nivia Xaxa

Advogada, focada no Direito da Moda (Fashion Law), bailarina amadora (clássico e jazz) e apaixonada por cultura pop. Amo escrever, ainda mais quando se trata de livros, filmes e séries.

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