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FILMES CRÍTICAS

Gertrude Bell – “Rainha do Deserto”

Gertrude Bell – “Rainha do Deserto”
  • Publishedabril 30, 2018

Lições de vida podem ser dadas em qualquer momento e de formas variadas, as histórias de pessoas inspiradoras são os melhores veículos delas.

Gertrude Bell foi uma mulher corajosa, empoderada, curiosa e que tinha uma visão diferente do mundo que estava a sua volta. Ela enfrentou as barreiras da Primeira Guerra Mundial e as adversidades da natureza, tornando-se conhecida como Rainha do Deserto.

No filme biográfico “Rainha do Deserto” (Queen of The Desert – 2015) é possível ver como tudo isso começou e o impacto que Gertrude causou no cenário político e diplomático do Império Inglês na época do emblemático Wiston Churchill.

Filha de diplomata, Gertrude vivia em um mundo de aparências do qual não suportava, então pediu ao pai para ir morar com a parentes em meio ao decadente Império Otomano, o qual instigou a curiosidade da moça, fazendo com que passasse suas tardes cavalgando no deserto e aprendendo idiomas da região.

Nesse meio tempo conheceu seu primeiro amor, Henry Cadogan, um diplomata de início de carreira, responsável pela hospedagem de Gertrude. Os dois não só tiveram um romance, eles tinham a intenção de casar, mas o conservar pai da moça negou. Ela foi visitar o pai para tentar mudar a ideia dele, o que não aconteceu. Ao saber disso, Henry cometeu suicídio.

Com o coração ferido, Gertrude se dedicou a sua outra paixão, escrever. Diferentemente de outras escritoras, ela não quis narrar histórias inventadas, queria falar sobre o que via, por isso buscou mais material vivendo como nômade no deserto.

Ela, junto com sua equipe (protetores, criados e guias), viajou por quase todas as localidades do Império Otomano, que estava se desfazendo aos poucos. Gertrude não tinha a mesma visão da Inglaterra, seu país de origem, ela via aqueles povos como vitimas uns dos outros, pessoas que precisavam de tanta atenção como qualquer outra, e não de imposição de outros impérios.

Como ela tinha conexões diplomáticas, logo o exército britânico se aproximou dela. Eles queriam saber o que ela via e o que ela sabia desses locais, dos quais oficiais não poderiam entrar. As abordagens eram completamente opostas, Gertrude tinha curiosidade dos costumes, da vida e das pessoas, o exército queria ver fraquezas, pontos que serviriam de ataque.

Aos poucos Gertrude foi deixando a vida no deserto, até porque já havia visitado todos os lugarejos da região, mesmo os mais perigosos. Ela passou a defender os direitos daqueles povos junto aos políticos, trabalhando na equipe de Winston Churchill.

A história é inspiradora, podemos ver cenas em que ela mostra sua força em palavras, enfrentando os líderes mais violentes e sanguinários, que a tiveram como visitante.

As paisagens são lindas, exatamente aquilo que vemos em fotos famosas do deserto. O interessante ver um pouco mais de perto os desafios da vida de nômades e saber que teve alguém que pôde ver o lado inocente de cada povo que constituía do Império Otomano.

Uma das passagens que mais chamam atenção é quando ela encontra com T. E. Lawrence, e seu braço direito, em uma mina a ser explorada. Eles discutem a situação que vivem, sendo ingleses e vendo a realidade da região e afirmam: a guerra aqui se trata de forças internas, a paz não chegará tão cedo.

Lembrando que a região onde era o Império Otomano representa os atuais países em conflito, Turquia, Síria, Afeganistão, Faixa de Gaza, dentre outros. O filme se passa nos anos de 1910/1920, já estamos em 2018 e esses povos não sabem o que é paz!!!

O elenco é interessante e, infelizmente, não em um sentido muito bom.

Gertrude Bell é interpretada pela bela Nicole Kidman, que sabe fazer fortes mulheres, desde líderes até esposas e mães sofridas. Mas não foi muito convincente como a curiosa Gertrude. Enquanto o filme se passava em grandes salões da corte ela era perfeita, linda e com respostas ácidas, mas no deserto ficou um pouco forçada em várias cenas.

Talvez Reneé Zellweger tivesse feito mais justiça a Gertrude.

Outros três nomes se destacam.

James Franco deu vida (e morte) a Henry Cadogan. Um personagem perfeito para o charme de Franco, soube usar seu largo sorriso para Nicole Kidman se apaixonar por ele. Queria até ter visto mais desse personagem.

Damien Lewis, mais conhecidos na TV do que nos cinemas, viveu o segundo amor perdido de Gertrude, o oficial Charles Doughty-Wylie. Muito adequado, conseguiu mostrar a evolução do relacionamento proibido (Charles era casado) sem muito drama, exatamente o que um oficial inglês faria.

E o mais surpreendente (positivamente), Robert Pattinson foi T. E. Lawrence. Este personagem era jovem e estava preso numa mina no meio de um deserto, tinha idade para casar e as mulheres locais insistiam em tentar o conquistar, mas parece que ele não gostava muito da ideia e usava o humor para não se entendiar por ali.

Sim minha gente, Robert Pattinson, nosso eterno Edward Cullen soube ser engraçado, com aquele sorriso maravilhoso e usou um turbante masculino o filme inteiro. Mais um personagem que deixou um gostinho de quero mais.

Meus amores, que a partir de agora o termo “Rainha do Deserto” os lembrem dessa mulher corajosa!!

Beijinhos e até mais.

Written By
Nivia Xaxa

Advogada, focada no Direito da Moda (Fashion Law), bailarina amadora (clássico e jazz) e apaixonada por cultura pop. Amo escrever, ainda mais quando se trata de livros, filmes e séries.

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