Crítica: O Esquadrão Suicida

Em 2016 chegava aos cinemas uma adaptação dos quadrinhos da DC para o Esquadrão Suicida, um grupo de vilões desajustados recrutados pelo governo dos Estados Unidos com a missão de salvar o mundo de uma ameaça de uma entidade poderosa. Enfim, o filme de David Ayer se mostrou um verdadeiro abacaxi, sem graça e escassa ação, mas que teve dois pontos que acabaram marcantes. O primeiro negativamente, com a atuação e caracterização de Jared Leto como o Coringa mais pífio do cinema (quase uma caracterização como cosplay do nosso eterno Papito, Supla) e um segundo, ai sim positivamente, a interpretação de Margot Robbie como a divertida, nonsense e violenta Arlequina, pode ser considerada como definitiva. Inclusive, ela ganhou um filme para chamar de quase seu, o bom Aves de Rapina (2020) e praticamente ganhando um culto à personagem que, de praticamente secundária no universo DC, hoje é umas das mais importantes. A DC, entre acertos (Coringa, Shazam) e filmes fracos (Mulher Maravilha 1984), resolveu dessa vez apostar alto e trazer James Gunn. Esquecendo polêmicas típicas dos nossos tempos envolvendo o diretor (tuitadas antigas com piadas digamos desnecessárias), a Warner deu carta branca para ele fazer o filme que quisesse. E com o a experiência de fazer personagens menores da Marvel, em Guardiões da Galáxia, se transformarem em um dos melhores filmes do universo do “outro lado”, dessa vez pelo lado da DC, James nos apresenta um excelente filme, Esquadrão Suicida (Suicide Squad, 2021) que estreia nas telonas essa semana.

O filme conta a história do recrutamento feito por Amanda Waller, chefona da A.R.G.U.S., dos bandidos mais perigosos e preparados da penitenciária Belle Reve para fazerem parte da Força Tarefa X em uma missão suicida numa ilha em um país próximo da América do Sul. Uma republiqueta típica das bananas, onde golpes e mais golpes abalam o país, mas o que os Estados Unidos estão preocupados mesmo é com um laboratório numa torre que pode conter segredos de experiências alienígenas que envolvem o seu governo. O grupo formado pela nata da bandidagem tem como missão destruir a tal torre e livrar a barra dos americanos. Mas algo extremamente perigoso e mortal está naquele lugar.

Posso afirmar que até agora Esquadrão Suicida pode ser considerado o melhor filme do universo DC (ao menos do universo estendido). Talvez Coringa possa ser até melhor, mas é um filme estilo Martin Scorsese né, não um filme de herói, ou seja, não cinema, como diria o próprio Martin. Polêmicas e besteiras à parte, Esquadrão Suicida de James Gunn, é um grande espetáculo. Os primeiros 15 minutos na chegada da ilha do primeiro esquadrão é um festival de efeitos, explosões, tiros, corpos se partindo, morte e violência extrema. Violência sim, mas nunca perdendo o bom humor. O diretor já chega com os dois pés na porta e mostra para o que veio. O filme tem o mérito devido a total liberdade do roteiro e direção de não se levar a sério. Se o primeiro tentava isso com piadas forçadas e humanismo não compatível com o grau dos vilões, esse não.

A equipe na missão em Corto Maltesse (um mix caricatural do pior do que a América do Sul e Central produziu de governos militares e golpistas) não tem dó e piedade, está disposta a tudo pra conseguir sua suja missão. Gunn dá um show de imagens e técnica, efeitos na medida certa, uma fotografia primorosa explorando as paisagens tropicais da ilha e o bucolismo da cidade latina além de uma excelente trilha sonora que pontua e contagia cada momento do filme. Totalmente clichê, mas deliciosamente proposital. O final com a destruição típica dos filmes do gênero lembra os clássicos filmes como Godzila com prédios e construções destruídas, mas só que dessa vez por uma gigantesca estrela do mar, melhor impossível. O roteiro é recheado de piadas nonsense, violência condizente com a situação e ocasiões absurdas. Um fim para as indagações filosóficas e psicológicas de personagens de capas, tudo é resolvido de maneira fácil, na base da porrada, chutes, tiros, socos e mordidas . Aliás, os efeitos da caracterização dos vilões “animais”, a surreal Doninha e o Nanaue, o nosso “Tutubarão” (com a impagável voz de Sylvester Stallone), são incríveis.

O elenco humano também está muito bem. Viola Davis como a poderosa Amanda Waller, repete o papel do filme de 2016 e mantém a pose e a segura atuação. John Cena como o Pacificador e Idris Elba como o Sanguinário (inclusão de um novo personagem para manter a esperança de Will Smith voltar como o Pistoleiro) fazem um belo embate entre dois vilões, cada qual querendo mostrar mais força e letalidade, proporcionando momentos impagáveis; Daniela Melchior nos dá uma bela atuação como Caça Ratos 2 e talvez seja o elemento mais humano do grupo, que tenta pegar mais leve na dinamite pura do esquadrão. Destaque também para Joel Kinneman repetindo o papel do primeiro filme como Rick Flagg, um herói meio atrapalhado; Abner Krill como o vilão mais surreal do time, o Bolinhas e seu complexo de Norman Bates, a brasileira Alice Braga como a guerrilheira tipicamente latino-americana e, é claro, Margot Robbie. Mais uma vez ela rouba o filme mostrando que Arlequina tem um nome e sobrenome na história do cinema de heróis. Cada vez mais engraçada, sem noção e violenta, Margot nasceu para o papel. Além de ter uma cena antológica como sua fuga da prisão, um festival de tiros, socos e chutes, tudo em câmera lenta num balé violento e visual com flores simbolizando sangue. Enfim, um seleto time de bandidos violentos, impiedosos e maldosos, mas que mesmo assim acabamos torcendo por eles.

Esquadrão Suicida é diversão pura. É o que podemos esperar de filmes de heróis, muita violência com corpos se partindo e cabeças explodindo (já pode entrar no rol dos grandes filmes de cinema brucutu dos anos 1980 com pilhas de corpos), situações surreais, ação, reviravoltas no roteiro, com explicações digamos “lógicas” para as situações, cartoon puro e o principal, muito bom humor. O filme, por mais violento que seja, tem mérito de ser extremamente engraçado, recheados de piadas e situações hilarias. James Gunn estreia com louvor e aprovação “virando a casaca” para o lado da DC em um filme que tem tudo para marcar história como um dos melhores do gênero. Pegue a pipoca e confira no I Max mais perto da sua casa!

Sobre o filme: O roteirista e diretor James Gunn está de volta à aventura de ação de super-heróis, agora com a trupe de delinquentes mais degenerados da DC, em O Esquadrão Suicida, da Warner Bros. Pictures.

Bem-vindo ao inferno, também conhecido como Belle Reve, a penitenciária com a maior taxa de mortalidade nos Estados Unidos, onde são mantidos os piores supervilões, dispostos a fazer qualquer coisa para escapar – até mesmo integrar a supersecreta e supersombria Força Tarefa X. Qual é a missão de vida e morte para hoje? Reunir um grupo de prisioneiros de alta periculosidade como Sanguinário, Pacificador, Capitão Bumerangue, Caça-Ratos 2, Sábio, Tubarão-Rei, Blackguard, Dardo, e a psicopata favorita de todos, Arlequina. Em seguida, armar todos até os dentes e jogá-los (literalmente) na remota ilha Corto Maltese.

 

Na selva povoada de militantes adversários e forças de guerrilha que aparecem do nada a cada momento, os integrantes do Esquadrão estão em uma missão de busca e destruição, e o Coronel Rick Flag é o único homem em terra responsável por fazê-los se comportar… além dos técnicos do governo da equipe de Amanda Waller, falando em seus ouvidos e rastreando cada movimento deles. Como sempre, basta um movimento errado e eles vão acabar mortos (seja nas mãos dos inimigos da ilha, de um companheiro de equipe ou da própria agente Amanda Waller). Se alguém estivesse disposto a fazer uma aposta em dinheiro, a escolha mais inteligente seria contra eles, todos eles.

O filme é estrelado por Margot Robbie (“Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa”, “O Escândalo”), Idris Elba (“Vingadores: Guerra Infinita”), John Cena (nova série inédita da HBO Max, “Peacemaker”, “Bumblebee”), Joel Kinnaman (“Esquadrão Suicida”), Jai Courtney (a franquia “Divergente”), Peter Capaldi (“Guerra Mundial Z”, a série “Doctor Who”, da BBC), David Dastmalchian (“Dune”, “Homem-Formiga e a Vespa”), Daniela Melchior (“Parque Mayer”), Michael Rooker (a franquia “Guardiões da Galáxia”), Alice Braga (“Elysium”), Pete Davidson (“O Rei de Staten Island”, “Saturday Night Live”), Joaquín Cosio (“Homem-Aranha: no Aranhaverso”, a série “Narcos: México”), Juan Diego Botto (“Rocambola”), Storm Reid (“O Homem Invisível”, “Uma Dobra no Tempo”, a série “Euphoria”), Nathan Fillion (a franquia “Guardiões da Galáxia”, a série “The Rookie”), Steve Agee (“Brightburn: Filho das Trevas”, ”Guardiões da Galáxia Vol. 2”), Sean Gunn (as franquias “Guardiões da Galáxia” e “Vingadores”), Mayling Ng (“Mulher-Maravilha”), Flula Borg (“Wifi Ralph”), Jennifer Holland (“Brightburn: Filho das Trevas”, a série inédita “Peacemaker, da HBO) e Tinashe Kajese (as séries “Valor” e “The Inspectors”), com Sylvester Stallone (as franquias “Rocky”, “Rambo” e “Os Mercenários”) e Viola Davis (“A Voz Suprema do Blues”).

James Gunn (a franquia “Guardiões da Galáxia”) dirige o roteiro de sua própria autoria, baseado nos personagens da DC. O filme é produzido por Charles Roven e Peter Safran, com Zack Snyder, Deborah Snyder, Walter Hamada, Chantal Nong Vo, Nikolas Korda e Richard Suckle na produção executiva.

Na equipe de produção de James Gunn estão o diretor de fotografia Henry Braham (“Guardiões da Galáxia Vol. 2”), a designer de produção Beth Mickle (“Capitã Marvel”), os editores Fred Raskin (“Guardiões da Galáxia Vol. 2”, “Era uma Vez em … Hollywood”) e Christian Wagner (a franquia “Velozes e Furiosos”) e a figurinista indicada ao Oscar, Judianna Makovsky (“Guardiões da Galáxia Vol 2”, “Vingadores: Ultimato”, “Harry Potter e a Pedra Filosofal”). A trilha sonora foi composta por John Murphy (“Kick-Ass: Quebrando Tudo”).

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