Crítica: Furiosa: Uma Saga Mad Max

Furiosa: Uma Saga Mad Max, chega aos cinemas depois de uma batalha judicial entre a produtora de Miller e a Warner, problemas durante a gravação e uma grande responsabilidade de ser o sucessor de Mad Max: Estrada da Fúria, um filme que em pouco menos de dez anos já é considerado um novo clássico e reconhecido por sua estética em cursos e faculdades de cinema.

Agora, focado na origem da personagem de Furiosa, o realizador decide expandir a lore desse mundo. Inclusive, em relação ao seu antecessor, é uma história muito melhor elaborada e contada com calma sem espaço para interpretações. Cabe ao espectador preferir esse tipo de abordagem.

Se na narrativa é possível algum tipo de preferência a esse filme, noutros aspectos fica difícil comparar esta prequência ao filme estrelado por Tom Hardy. A direção de arte continua impecável, mantendo a equipe que ganhou os Oscars de Design de Produção e Figurino no ano de 2016. Porém, a fotografia e a montagem, outros dois aspectos importantes para a retomada da franquia, sofrem um claro downgrade em relação a seu anterior.

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Sobre a polêmica escalação de Anya-Taylor Joy para protagonista no lugar da já querida Charlize Theron, realmente foi um outro ponto negativo à produção. Quando foi anunciada a mudança de atrizes, não me impactou muito. Prefiro uma outra atriz do que aqueles rejuvenescimentos faciais horrorosos, como no filme O Irlandês (2019) de Martin Scorsese, além de quê, Taylor-Joy é uma das melhores atrizes contemporâneas e já entregou grandes papéis nos últimos anos.

Uma pena que aqui, as desconfianças de alguns estavam certas. A atriz não cosegue entregar um papel imponente à personagem como ela merecia e, se a escolha por outra atriz foi justamente para não fazer um CGI esquisito, o filme peca nisso em dois pontos relacionados a personagem. Primeiro, em sua fase de transição da infância para adolescência, utiliza-se o CGI para diminuir a estatura da atriz, e seu braço mecânico neste filme é bem menos resolvido que do filme de 2015.

O resto do elenco também está ligeiramente pior que o casting de Estrada da Fúria. Chris Hemsworth está aqui para substituir o humor corporal de Tom Hardy Nicholas Hoult, mas não é tão efetivo em suas investidas. O Immortan Joe de Lanchy Hume para um urso de pelúcia perto da imponência de Hugh Keays-Barne.

Pelas dificuldades de reproduzir o melhor do filme anterior, a opção por trazer uma certa elegância às sequências de ação foi uma boa ideia do diretor. A primeira vez que ele monta uma cena de porradaria e escolhe uma trilha sonora diegética ao invés da insanidade rock’n roll de seu antecessor, é louvável. No entanto, a recorrência de uso destes recursos durante o filme acaba tornando este recurso enfadonho.

Quando eu fui assistir ao filme, tinha medo que a história não tivesse nada para entregar já que a obra trata-se de uma prequência e todo mundo já sabe onde a Furiosa estará ao fim da fita. Mas, George Miller entrega um terceiro ato bastante climático que traz uma reflexão e profundidade, até então, inesperadas à franquia.

Por fim, claro que Furiosa: Uma Saga Mad Max é um bom filme, mas tendo como comparação uma das melhores obras deste século é fácil sair decepcionado da sala de cinema.

Nota: 7/10

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