Sobre as mentiras sobre o amor – “Um Match Surpresa”

Será que é seguro fazer uma surpresa para o crush virtual na época de Natal?

Bom, Natalie se aventurou numa dessas em “Um Match Surpresa” e até que  deu certo … ou quase isso! O filme “Um Match Surpresa” marca o início da temporada de filmes de Natal da Netflix (os lançamentos, porque os clássicos continuam lá), com todos os elementos clichês e mais algumas atualizações. O longa é escrito por Daniel Mackey e Rebecca Ewing, com direção de Hernan Jimenez. Natalie é uma talentosa escritora de Los Angeles, ela assina uma coluna curiosa para uma das revistas eletrônicas de maior sucesso da cidade. Curiosa por causa de seu tema, são as histórias de encontros desastrosos de Natalie e pretendentes que ela encontra nos aplicativos de namoro.

Em resumo, ela ganha a vida compartilhando episódios horríveis de sua vida amorosa. No começo até parecia uma ideia boa, mas chegou um momento em que ela se cansou de ser apontada como desastre amoroso, até porque ela queria ter sucesso no amor e ficou claro que ela não encontraria mais ninguém em Los Angeles. Uma amiga alargou o raio de alcance do aplicativo, alcançando Tag, o cara perfeito, mas que mora do outro lado do país.

Embora fosse distante, Natalie e Tag passaram a ter um “relacionamento”. Ela achou que tinha encontrado o cara perfeito e, então, decidiu cruzar o país em segredo, fazendo uma surpresa a Tag. A ideia era romântica e insana na mesma proporção, tanto que o chefe dele aceitou de boa, pensando que ela poderia produzir a história mais bizarra da história da coluna. Natalie queria o desmentir e foi com toda a fé que tinha, chegando lá descobriu o que ninguém queria, ela estava sendo enganada por Tag.

Foi o famoso catfishing. Tag na verdade Josh, com um histórico amoroso tão ruim quanto o de Natalie. Ele já havia tentado o aplicativo sendo ele mesmo, mas não havia dado certo, então “pegou” a imagem e o nome de um amigo de infância e estava se passando por ele, inclusive nas conversas com Natalie.

A situação já era ruim, mas ganha algumas camadas piores. Natalie, por acidente, vê o Tag verdadeiro e decide que quer o conquistar, entrando em um acordo com Josh: enquanto ele (que conhece o amigo como ninguém) aproxima os dois, ela tem que fingir ser a namorada dele para a família, sendo hospedada na casa da família.

Acrescenta-se a isso a família de Josh, que enaltece o irmão mais velho dele, Owen, o que o faz passar quase invisível nas reuniões familiares. Algo que Natalie logo percebe, o que a faz entender alguns detalhes importantes.

Como uma boa comédia estilo ‘inimigos a amantes’ (enemies to lovers), a convivência entre Natalie e Josh, embora turbulenta, faz com que eles realmente se aproximem, algo vai ficando cada vez mais evidente: ela poderia ter ficado atraída pela beleza de Tag, mas ela se apaixonou por Josh, porque ele não fingiu os gostos pessoais.

Lógico que essa conclusão demora a ser feita por Natalie, o que faz Josh sofrer um pouquinho. Isso é até justo, afinal ele quem mentiu no aplicativo e atraiu Natalie para essa loucura, que ela só tornou mais complexa. Mas quando os dois percebem os erros cometidos, a história ganha seu final feliz (porque é um clichê de Natal, merecemos histórias felizes depois desse ano difícil).

 No comecinho do filme, quando Natalie descobre o catfishing, achei que o filme seguiria um caminho ruim, romantizando esse tipo de comportamento prejudicial, mas não é o que acontece. A história é uma crítica a isso, o perdão de Josh não é em vão, ele tem sua punição, aprende a lição e se redime, mesmo que sua intenção inicial não tenha sido maliciosa (ele não era uma serial killer, por exemplo).

Tirando isso, é um excelente filme para começar essa temporada, contando até com referências de outros clássicos. A maior referência de todas é o título original, “Love Hard”.

Quando estavam conversando à distância, Natalie e Josh (se passando por Tag ainda) falam dos filmes clássicos de Natal preferidos dele, o dele é “Simplesmente Amor” (ou “Love Actually”) e o dela é “Duro de Matar” (ou “Die Hard”).

Deu para perceber já? O título original, “Love Hard”, é uma mistura dos filmes preferidos dele, também na versão original de cada um. Aliás, tem até uma cena com os famosos cartazes de “Simplesmente Amor”.

Além disso, o elenco segura o equilíbrio entre tópicos sérios e alívios cômicos.

Natalie é vivida por Nina Dobrec, famosa, principalmente, pela série “The Vampire Diaries”. Josh é interpretado por Jimmy O. Yang, ator de stand up conhecido por produções como “Podres de Ricos” e “Silicon Valley”. Esse casal principal seria improvável há alguns anos, mas combinaram demais.

O verdadeiro Tag, amigo de Josh, é vivido por Darren Barnet, conhecido pela série “Eu Nunca …”. O pai de Josh, Bob, é interpretado por James Saito, conhecido por “Modern Love” e “Meu Eterno Talvez”, ele é um dos contrapontos dramáticos, embora também tenha timing de comédia.

O irmão de Josh, o sempre perfeito Owen, é vivido por Harry Shum Jr., conhecido por “Glee” e “Shadowhunters”. Como eu nunca assisti a segunda série citada e era fã da segunda, ainda tenho a imagem de Harry Shum Jr. dos tempos de “Glee”, vê-lo em “Um Match Surpresa”, totalmente diferente, foi tão bom, até cantar ele cantou.

Até mais!

Mais do NoSet