Crítica: Spirit – O Indomável

No cinema, ao lembrar de relacionamentos de amor e união entre crianças e cavalos, o primeiro filme que me vem à mente é o já clássico Corcel Negro (The Black Stallion, 1979). Figurinha carimbada nas sessões da tarde, a comovente história fraterna do garoto Alec e um belo e veloz cavalo árabe negro, que juntos enfrentaram um naufrágio e obrigados a conviver numa ilha deserta, acabam criando laços eternos, além de provocar lágrimas nos espectadores. Estreia essa semana nos cinemas uma belíssima animação da Dream Works com uma premissa parecida onde uma menina vai ao reencontro de seu passado e acaba se apaixonando por um chucro cavalo selvagem, falo de Spirit – o Indomável (Spirit – Untamed, 2021), com direção de Elaine Bogan e codireção de Ennio Toreressan.

Spirit conta a história de Lucky Prescott, guriazinha que perdeu a mãe, uma exímia cavaleira, que em um número de apresentação com cavalos acaba sofrendo um fatal acidente. Lucky foi criada na cidade com a tia e o avô. Um dia, a tia Cora e ela, são obrigadas a passarem as férias na cidade natal da menina, Miradero, onde seu pai vive. Já no trem a menina, ao avistar uma tropa de cavalos, se encanta com um em especial. Chegando, a menina revê seu pai anos depois e tem que se adaptar à vida na bucólica cidade. Lá faz amizade com duas meninas, Abigail e Prudence, que a fazem se sentir mais confortável com a mudança. Só que quem veio junto na viagem com Lucky e Cora foi um grupo de forasteiros que tem como meta capturar cavalos selvagens e vendê-los. Entre eles está um KIger Mustang, o cavalo que Lucky se apaixonou e batizou como Spirit. No início a menina pena para domar a fera, mas aos poucos o sangue chicano de sua mãe desperta e ambos criam um incrível laço de amizade. Só que os bandidos conseguem seu intuito e capturam uma tropa, mas Lucky, Prudence e Abigail e seus ginetes (com exceção do bagual Spirit) se unem em uma aventura quase impossível para libertar os cavalos selvagens.

Inspirado na animação Spirit – o Corcel Indomável, também da Dream Works e na série da Netflix, Spirit – Cavalgando Livre, esse novo filme da franquia é uma belíssima surpresa. Elaine Bogan, à frente da película, nos apresenta um bonito filme que tem tudo para fazer sucesso, tanto para os pais quanto para a molecada. Obviamente que a história tem todos os clichês usuais, mas a experiência visual e realista da obra enche os olhos do espectador com os galopes fulminantes de Spirit e as paisagens do filme, entre rochedos e desfiladeiros do oeste estadunidense. Lucky é uma encantadora personagem, órfã desde cedo, precisa entender seu passado e a volta às suas origens é fundamental nesse processo. Seu pai e sua tia também tem um papel importante na trama, principalmente Cora, que faz praticamente o papel de mãe dela, e a dupla de amigas Abby e Pru fecham um time perfeito com Lucky, onde a coragem, a amizade e o amor por equinos fazem-nas entrar na empreitada mais arriscada de suas vidas.

O filme costura muito bem humor, o amor entre a menina e o xucro cavalo, além de muita aventura e ação na medida certa. O filme, ao contrário de outras produções recentes, não se aprofunda tanto em questões existenciais, filosóficas ou é um manifesto sobre amizade, mas consegue, sem grandes rodeios, nos encantar pela trama. Ah, e claro, música. Impossível uma animação comercial sem belas músicas e aqui não é diferente, belas canções que certamente farão a cabeça da gurizada.

Concluindo, Spirit é uma leve animação para todos as idades, um filme que talvez não será um clássico do gênero, mas que pela leveza, espetáculo visual e ação da trama vocês podem assistir sem medo, além dele ter o poder de fazer a gente ficar com muita vontade de comer morangos e suculentas maçãs e sair a galope num belo cavalo.

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