Crítica: Sem Ar (2023) | O que ele tem de melhor é o slogan

Chegou aos cinemas o filme do diretor e roteirista alemão Maximillian Erlenwein, Sem Ar, que acompanha as irmãs May (Louisa Krause) e Drew (Sophie Lowe) se aventurando no mar. Elas querem explorar uma região entre as rochas, a cerca 9 metros ou mais de profundidade, com a única finalidade de se aventurarem e superarem os próprios limites.

Embarcando nas lembranças, principalmente da irmã mais velha May, o espectador vai descobrir que essa atividade é uma prática herdada do pai das meninas, que as incentivou desde pequenas a nadar, mergulhar, aprender a respirar de baixo d’água, todas essas coisas que um bom mergulhador precisaria saber e basicamente são esses ensinamentos que vão ajudar elas na hora do sufoco.

Além da circunstância da qual se encontram, a única alternância para gerar enredo ao filme são esses flashbacks de May, que no fim das contas não acrescenta muito a situação atual. Porque o clímax do filme se dá no momento em que acontece um deslizamento de pedras, enquanto elas estão mergulhando. May acaba ficando presa pela perna em uma das rochas e, agora, só pode contar com a habilidade e agilidade da irmã em buscar ajuda e trazer mais um cilindro de oxigênio.

Portanto, a única coisa que gera alguma espécie de emoção no filme ou interesse é: se a destrambelhada da Drew vai conseguir resgatar a irmã no final das contas. Porque tudo dá errado, e, ela sempre faz as escolhas mais difíceis diante dos impasses que se depara, ou seja, está bem longe de ser um filme mais tenso do que A Queda.

No Brasil, o longa-metragem conta com a distribuição da Paris Filmes, que resolveu assumir essa brilhante ideia de ter como slogan “Mais intenso que A Queda”. Para quem não sabe, A Queda é um filme norte-americano de 2022, que explora mais ou menos, a mesma temática de prática esportiva radical e que acaba se tornando um jogo de sobrevivência. Quando ele saiu nos cinemas no Brasil, estreou de forma modesta, mas ganhou popularidade no boca-a-boca, porque o filme causava vertigens, pavor e pânico a quem assistia, principalmente os que têm medo de altura.

Mas, Sem Ar passa bem longe de ser um  thriller psicológico como é o caso de A Queda, que além de tudo tem um plot-twist maravilhoso. Sem Ar está mais para um drama familiar, que precisa de uma situação radical e extrema para resgatar as origens e laços afetivos entre duas irmãs. É praticamente zero tensão, um suspense linear e nada crescente.

Em determinada ocasião, por ser fundo do mar, cheguei a criar a expectativa de que seria como Medo Profundo, onde duas amigas vão fazer turismo aquático naquelas gaiolas submersas, o negócio se desprende e as duas vão parar no fundo do mar, presas e cercadas por tubarões. O problema maior, além dos tubarões, é o oxigênio que está no fim e, usando esse trunfo, o roteirista conseguiu meter um plot-twist, onde quase metade do filme é mentira e a menina alucinou o tempo todo por causa do nitrogênio até ser resgatada.

Para piorar, Sem Ar é basicamente um “ctrl c + ctrl v” de um filme sueco chamado Além das Profundezas de 2020, que conta a mesma história. Talvez, as únicas coisas que mudem são elenco e locação mesmo. Quem sabe, o original seja tão tenso quanto A Queda, algo que eu também duvido muito.

Em resumo, se você for assistir Sem ar consciente do que ele realmente é: uma espécie de remake de outro filme e que se trata de um drama familiar com um conflito radical. Você pode até gostar. Pois, dentro dessa proposta realista, ele é até funcional sem extremos ou exageros.

Nota: 2,5/5

Trailer

Ficha Técnica

Título Original: The Dive

Direção: Maximillian Erlenwein

Duração: 91 minutos

Elenco: Louisa Krause, Sophie Lowe

Sinopse: Uma viagem de mergulho em alto mar se transforma em uma luta pela sobrevivência de duas irmãs. Ao ocorrer um catastrófico deslizamento de terra, rochas caem no oceano e as prendem abaixo da superfície.

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