Crítica: O Portal Secreto | Filme que viaja na magia passando em velocidade máxima pelo roteiro

O Portal Secreto chega hoje aos cinemas brasileiros com distribuição nacional pela Imagem Filmes, conta com uma superprodução, efeitos visuais interessantes e um elenco que chama bastante atenção. Mas, com os holofotes voltados para Barbie e Oppenheimer que chegam nos próximos dias nas salas de cinemas, um filme de magia e fantasia acaba ficando em segundo plano ou até caindo no esquecimento. Será que isso acontece apenas porque ele estaria ofuscado pelos blockbusters ou ele realmente não é tão bom?

O QUE SE SABE SOBRE “O PORTAL SECRETO”

Antes de ser um longa-metragem a história surge no livro “The Portable Door” (A Porta Portátil, numa tradução livre) do autor britânico Tom Holt lançado em 2023. O livro não chegou a ser publicado no Brasil. Mas, baseado na sinopse do dele, o filme entrega até que bem ou da melhor forma possível as aventuras de Paul Carpenter em seu novo emprego que é cercado de mistérios. No local Paul conhecerá Sophie, que assim como ele é uma recém contratada e não entende muito bem qual é a proposta da empresa J.W. Wells & CO.

Capa do livro “The Portable Door” do autor britânico Tom Holt

No filme, Paul Carpenter (Patrick Gibson) e Sophie (Sophie Wilde) são dois estagiários humildes que apesar de não conhecerem ou entenderem bem o que faz a empresa pela qual foram contratados, seguem no emprego muito pela necessidade e as expectativas de algo melhor, já que nas aparências trata-se de uma organização grande e majestosa.

Humphrey Wells (Christoph Waltz), o CEO da empresa, e o gerente Dennis Tanner (Sam Neill) desenvolveram a J.W. Wells & CO como fachada para revolucionarem o mundo da magia ao trazer estratégias corporativas modernas para melhorar as antigas práticas mágicas. Algo que logo vai fazer com que Paul e Sophie descubram a verdade por trás da empresa.

O QUE NÃO DEU CERTO E PORQUE NÃO FUNCIONOU NO FILME

Em relação ao lançamento no Brasil, o primeiro problema está em lançar uma obra adaptada em um país que não teve acesso a obra original. Nessse caso é o livro no qual o filme se baseia. Principalmente, tratando-se de uma história de magia e fantasia como todas essas que estamos acostumados, por exemplo: Harry Potter, As Crônicas de Nárnia, O Senhor dos Anéis, etc.

Longe de mim querer comparar O Portal Secreto com obras tão grandiosas e com tanto apelo público, mas essa é uma história que teria potencial para isso, se tivesse sido melhor desenvolvida. Pois pense em um elemento: você o estica, fala “Toc-Toc”, magicamente aparece uma porta, você fala um lugar que deseja ir antes de abrir a porta e quando finalmente abre a porta dá para o lugar mencionado.

Além disso, Paul e Sophie não foram escolhidos à toa para a vaga de estágio, os dois têm habilidades especiais como: telepatia, adivinhação e uma espécie de premonição. Essas habilidades especiais ao mesmo tempo que os coloca nessa enrascada é o que os salva no final das contas.

Fora tudo que as paredes da J.W. Well & CO esconde, entre esses mistérios estão magos e duendes. Por isso, mencionei obras de fantasias, porque teoricamente era para isso tudo ser muito instigante e impressionante de se ver, mas infelizmente acaba não sendo. No máximo, quando começa as cenas com magia de verdade, por volta dos 40 minutos finais do filme, parece até que estamos assistindo o clipe “Ghosts” do Michael Jackson com pessoas maquiadas de duende e alguns efeitos visuais esquisitos.

Portanto, você assiste um filme onde tudo é novidade, você entende nos primeiros minutos que tem uma atmosfera de mistério e magia no ar, mas que não fica claro o porquê e mesmo depois de muito tempo com Paul ali na empresa as coisas continuam desconexas.  Pior é quando chega no que em, teoria é o clímax do filme você vê aglomerados de funcionários virando duendes e outras criaturas mágicas, algo meio sem pé nem cabeça.

Com essa abordagem corrida e rasa fica muito difícil criar alguma espécie de conexão com a história, os personagens e até empatia pelo filme. Porque é uma história completamente nova e desconhecida, o que requer explicações, definições e não temos nada disso. Junto com Paul e Sophie o espectador descobre apenas que existe magia e que ela coexiste com o nosso mundo real. Agora de que forma isso acontece, talvez se lermos o livro um dia a gente descubra.

DIREÇÃO, ROTEIRO E OUTROS PONTOS A SEREM DESTACADOS NO FILME

Jeffrey Walker ficou a cargo da direção do filme e o roteiro foi assinado por Leon Ford, os dois possuem em seus currículos majoritariamente trabalhos em séries e isso pode ser reflexo do longa-metragem O Portal Secreto não ser tão funcional. Pois quem trabalha com séries tem a liberdade de desenvolver histórias que vão ou podem ter continuação, afinal de contas série é isso: o arco dos personagens e a trama se desenvolvem ao longo dos episódios.

Entretanto em um filme tudo precisa ser desenvolvido nos três atos, eles dão algumas explicações do porquê estão ali e com o qual intuito, mas tudo de forma muito rápida e superficial de modo que o argumento não convenceu. Fora o conflito de Paul com a corporação, faz um pouco de sentido apenas quando envolve a Sophie, ele precisa partir para uma ação a fim de ajuda-la e resolver o problema dos magnatas da magia para que ela se safe.

Quando Paul e Sophie começam a se aventurar pelos mais variados lugares do mundo através da porta mágica esse é o respiro mais bonito do filme, na minha opinião a verdadeira magia. As cenas vão lembrar muito o filme Jumper (2008) para quem já assistiu é basicamente a mesma coisa, a diferença é que um só pensa e o outro usa uma porta mágica.

O Portal Secreto é um filme para quem quer assistir despretensiosamente e sem se importar com algumas das questões que mencionei acima. Porque tem um bom elenco, tem bons efeitos visuais e um enredo que é no mínimo curioso de se assistir. Mas, peca justamente por não se aprofundar ou explorar mais esse universo de magia e fantasia que é completamente desconhecido, principalmente no Brasil que não teve acesso ao livro.

Nota: 3/5

Trailer

FICHA TÉCNICA

Título Original: The Portable Door

Direção: Jeffrey Walker

Duração: 116 minutos

Elenco: Patrick Gibson, Sophie Wilde, Christoph Waltz, Sam Neill, Demi Harman, Rachek House, Miranda Otto, Chris Pang, Arka Das, Jessica De Gouw

Sinopse: Um homem consegue um estágio em uma misteriosa empresa londrina com funcionários não convencionais, incluindo o carismático CEO que está incorporando estratégias corporativas modernas a antigas práticas mágicas

 

 

 

 

 

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