Crítica – Five Nights at Freddy’s 2
Como já tinha comentado na crítica do primeiro filme de 2023, o cinema de terror comercial muitas vezes prefere se voltar para o óbvio e insistir em histórias já conhecidas, do que ousar com novidades. No caso do Five Nights at Freddy’s, franquia de jogos de videogame de sucesso com os sinistros animatronics, a parceria de terror Blumhouse e games deu muito certo nas bilheterias, mesmo com um filme bem fraco. E lógico que as mãos de varejeira dos executivos, pensando nos lucros, não demoraram muito para acionar uma continuação, e na primeira semana de dezembro, os monstros mais bizarros dos games estão de volta em Five Nights at Freddy’s 2 (idem), com Emma Tammi mais uma vez assumindo a direção.

Um ano após os acontecimentos do primeiro filme, Mike, mais tranquilo depois de saber a verdade sobre o sumiço do irmão, continua cuidando da irmãzinha Abby, que está cada vez mais obcecada pelos monstrengos da pizzaria abandonada. Quem tem pesadelos constantes é Vanessa, a policial que ainda não digeriu o fato do pai ser um assassino e responsável pela maldade nas engenhocas. Um dia, um grupo de jovens caçadores de histórias paranormais resolveu fazer um programa na velha pizzaria, a primeira que em 1982 ocorreu a tragédia com as mortes de crianças. Só que eles acabam caindo numa cilada, pois uma criatura que era atração do local naquela época acaba sendo libertada e junto com ela traz os velhos animatronics de volta. Mike então tem que enfrentar seus fantasmas e impedir que sua irmã, fascinada pelos robôs malignos, fique longe do local para não libertar as criaturas que pretendem tocar o terror na cidade.
Nessa continuação, Emma Tammi tem apenas uma preocupação: fazer um filme para os fãs da franquia de jogo. Se no primeiro filme, apesar de irregular, quem não soubesse absolutamente nada sobre os tais animatronics, poderia assistir o filme com ares de novidade. Mas mudanças, algumas exigidas pelos próprios fãs, fez o roteiro desenvolvido por Tammi, juntamente com Scott Cawthon e Seth Cuddeback (mesmo time do primeiro filme), entrar de vez na essência do game com algumas frases características, cenas de ação similares ao jogo e um universo mais pessoal. Mas tudo isso vai servir para bugar mais a cabeça de quem está atrás apenas de um bom filme de terror e não tem interesse em entrar no universos dos robozinhos malvados.

E o filme, ao contrário do primeiro, que até tentava dar uma certa dignidade aos personagens e seus dramas pessoais, aqui se limita a um monte jump scares, pouca violência explícita e sustos que pouco assustam. A inserção da tal atração da pizzaria onde tudo começou, a Marionette, tem um CGI tão fraco que só aparece de relance em ataques rápidos e escapadas, que se o cara pisca, nem consegue vê-la direito. Os outros monstros continuam fazendo das suas, com o diferencial que dessa vez dão seus rolês fora da tal pizzaria maldita. E a tal origem de tudo nas tragédias da década de 1980, que conhecemos no início do filme, é tão fraquinha e mal explorada que fica difícil engolir o porquê de tanto mistério e perigos naquele local. Perderam uma grande chance de usar a tal Faz Fest, a festa que a cidade promove para a pizzaria, que no passado era famosa, para um bom massacre dos animatronics nos seus cosplays, mas enfim, é um terror juvenil e não podemos ter tanto sangue.
O trio base está de volta com Josh Hutcherson mais uma vez como Mike, e se no primeiro filme ainda tinha uma certa carga emocional com seu passado triste e presente fracassado, nesse filme ele é apenas mais um. A menina Piper Rubio, como a xaropona Abby e seu fetiche sem noção pelos animatronics, também perde a força que tinha no primeiro filme e Vanessa, a filha do assassino da película de 2023, interpretada por Elizabeth Lail, tem uma atuação pouco inspirada .

Mas Five Nights at Freddy’s 2 tem tudo para agradar de vez os fãs do jogo. O universo fica cada vez mais restrito a entendidos que irão ficar felizes, irá tornar o filme uma barca desgovernada para quem não entende bulhufas do jogo. Os animatronics tem mais protagonismo, mas o medo deles se esvai em um roteiro um tanto sem sentido, cheio de exageros e absurdos da cenas em que são destaque e o excesso de sustos gratuitos cansam mais que provocam medo, piorando o que já era ruim, mas como tudo indica que teremos uma parte três, os tais executivos e suas mãos quentes agradecem, já avistando a grana que está por vir em um filme que atinge quem mais consome de verdade, os fãs.
