Silêncio: a Voz de Deus por Martin Scorsese

Por Marcelo Moura

Silêncio (2016):

Direção Martin Scorsese, produção Martin Scorsese, Gaston Pavlovich, Vittorio Cecchi Gori, Barbara De Fina, Randall Emmett, Emma Tillinger Koskoff e Irwin Winkler, argumento Jay Cocks, baseado em Chinmoku de Shusaku Endō. Elenco Andrew Garfield, Adam Driver, Liam Neeson, Tadanobu Asano e Ciarán Hinds, companhia produtora Cappa Defina Productions, Cecchi Gori Pictures, Corsan, Emmett/Furla Films, Sikelia Productions, AI-Film, Fábrica de Cine e SharpSword Films, distribuição Paramount Pictures. Com orçamento de US$ 50 milhões e uma bilheteria bem abaixo dos US$ 40 milhões, Silêncio é um filme dramático e histórico americano, coproduzido com  Japão, Itália, México, Reino Unido e Taiwan, realizado por Martin Scorsese e escrito por Jay Cocks, com base no romance Chinmoku do autor japonês Shusaku Endō.

Sinopse: Em 1640, dois padres jesuítas portugueses, Sebastião Rodrigues (Andrew Garfield) e Francisco Garupe (Adam Driver), partem em uma jornada para o Japão no intuito de encontrarem seu antigo mentor, agora dito apóstata, Cristóvão Ferreira (Liam Neeson), cuja última carta fora a Portugal fora escrita sete anos antes. Lá, eles enfrentarão uma violenta e incessante perseguição religiosa dos budistas contra os cristãos, lideradas por Inoue-sama (Issey Ogata).

Crítica: Silêncio é aquele tipo de filme dramático para se pensar no que a humanidade oferece a si mesmo, as guerras, os motivos e desculpas que damos para nossas atitudes egoístas com motivos nobres e como tratamos nosso próximo através de preconceito racial, comercial ou religioso. O Mestre Scorsese, de filmes como O Lobo de Wall Street (2013), Os Bons Companheiros (1990) e Taxi Drive (1976), nos dá uma aula histórica sobre interesses. De perseguidor a perseguido, a “Inquisição Japonesa Budista” nos dá o melhor exemplo que assim como Catolicismo europeu e sua Inquisição, a humanidade é igual em qualquer lugar para o melhor e o pior, é só damos um motivo.  A catequização de índios nas Américas, o que catequizou e  devastou milhares através da mudança da cultura e doenças, teve o mesmo efeito no Japão com a população mais carente de pescadores, mas criou um efeito estilingue com o governo japonês, que vendo a invasão de povos como portugueses e espanhóis em suas terras, dizimou centenas de padres e a população que se dizia católica para manter o comércio  e sua cultura preservada. Agora quem tem razão, Jesus ou Buda? Ou são os interesses comerciais que mandam nas religiões?

Com um elenco simplesmente devastador, Andrew Garfield cada vez mais prova que não é apenas um dos Homens Aranha do cinema, mas um ator disposto a se arriscar com papéis extremamente dramáticos. O ator faz quase um Jesus em terras Japonesas, com suas duvidas e vendo um povo, que não é seu, sofrer por sua fé.  Adam Driver (Star Wars) faz uma contra parte de Garfield interessante, mas sem grande interpretação. Liam Neeson faz uma ponta em um filme longo, mas consegue com o pouco tempo que tem provar que é um ator para qualquer tipo de papel e não só os de ação. Se Garfield é um Jesus no mundo de Scorsese, Neeson é João Batista que vem antes para anunciar a vinda de Jesus. Neeson é um padre quebrado pela Inquisição Japonesa, apóstata, mas que no fim, prova que a fé vem de dentro. A surpresa na atuação vem do ator Tadanobu Asano, uma mistura de Judar e Pedro na vida de Jesus, mas faz sua peregrinação na história japonesa reprsentando da melhor forma possível todas as dificuldades de entendimento de uma cultura europeia imposta a um povo ocidental.  “Silêncio” teve uma recepção favorável por parte da crítica especializada, totalizando 84% de aprovação no Rotten Tomatoes. O filme foi indicado ao Oscar de Melhor Fotografia, na 89ª Cerimônia de Prêmios da Academia, em 2017.

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