Com Amor, Van Gogh

Desde que vi o trailer de Com Amor, Van Gogh [Loving Vincent, 2016], há uns seis meses, permaneci com duas dúvidas. A primeira era se todo o longa metragem teria o mesmo visual impressionista e, para ser redundante, impressionante como o trailer prometia. A segunda era se o filme não se resumiria a um visual vazio, esquecendo-se da narrativa.

Na última semana, sentei para assisti-lo pronto para me decepcionar. Levantei, ao final, emocionado. A primeira palavra que me vem para qualificá-lo é lindo. Consegue traduzir para a tela o visual das composições de Vicent. Vai além. Consegue contar uma boa história sobre a vida e, principalmente, sobre os últimos dias do artista.

        O filme inicia cerca de um ano depois da morte de Van Gogh. Acompanhamos a jornada de Armand Roulin (Douglas Booth). Ele é obrigado por seu pai, Joseph Roulin (Chris O’Dowd) gerente da agência de correios e amigo do artista, a tentar entregar a última carta que este havia escrito ao irmão, Theo (Cezary Lukaszewicz), e que nunca encontrou o destinatário.

 

Armand é um jovem briguento e boêmio, sem objetivos claros, e que aceita o encargo com relutância. No caminho de Armand, enfileiram-se personagens retratados por Van Gogh, como Pere Tanguy (Pere Tanguy), o famoso comerciante de tintas parisiense, o Dr. Doctor Gachet (Jerome Flynn), que tratou de Vicent Van Gogh (Robert Gulaczyk) nos últimos dias, sua filha Marguerite Gachet (Saoirse Ronan), entre outros. Todos saem dos quadros para ganhar vida.

Pere Tanguy, interpretado por John Sessions e como foi retratado na animação.
Pere Tanguy, por Van Gogh.

Armand acaba por se interessar pela vida trágica de Van Gogh, que lhe é contada aos pedaços pelas pessoas que encontra. Os flashbacks vêm em tons de cinza, mais um acerto visual do filme. Nosso jovem protagonista acaba questionando se o artista se suicidou ou foi assassinado e persegue uma resposta.

A realização do filme demorou seis anos. Primeiro, ocorreu a filmagem. Depois, os frames foram pintado à mão, quadro a quadro, em tinta óleo. Para realizar o trabalho de animação, que é digno da loucura de Vicent, os diretores Dorota Kobiela e Hugh Welchman reuniram um grupo de 125 artistas, selecionados entre 5.000 candidatos. Eles aprenderam a pintar em uma voz e estilo únicos, os de Van Gogh, deixando de lado quaisquer leituras ou interpretações que pudessem contaminar o trabalho.

Com Amor, Van Gogh é a primeira animação da história a utilizar esta técnica. A obra transpira amor pela arte. Para o público em geral, o filme é uma chance de fugir do lugar comum e ter um contato direto com o que há de mais belo na estética impressionista. Para quem aprecia a pintura, um deleite. Para os artistas em geral, em especial os plásticos, vê-lo é absolutamente indispensável.

É um filme a ser visto na tela grande, onde a força das imagens é amplificada. Demorei cerca de cinco minutos a me adaptar a distorções de imagem. Depois da adaptação, você mergulha em um delírio visual e, talvez, tenha um vislumbre de como Vicent percebia o mundo ao seu redor.

 

 

 

 

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1 Comment

  • Depois de ver o trailer, achei lindo. Estou ansiosa para assistir. Uma inovação. Imperdível.

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