Crítica: Brinquedo Assassino (2019) | Um novo boneco no estilo Black Mirror

Depois de seis longas da franquia original e após 31 anos do primeiro ‘Brinquedo Assassino’ (1988), conheceremos Buddi, o seu novo melhor amigo até o fim. Buddi é um reboot de Chucky, trata-se de uma releitura do filme original que agora tem sua história contada nos moldes da tecnologia a fim de se adequar a atualidade. Afinal de contas, quantas crianças ainda brincam com bonecos emborrachados que falam meia dúzia de palavras?

USANDO A TECNOLOGIA A SEU FAVOR

Kaslan é o nome da empresa fabricante do boneco, parece mais uma daquelas empresas com sede em países asiáticos, onde tem um grande desenvolvimento tecnológico e mão de obra barata. Inclusive, ela é como uma dessas multinacionais como a Samsung que fabrica todo o tipo de aparelhos eletrônicos desde celulares, a televisões, relógios inteligentes, câmeras, etc.  O Buddi é um dos protótipos da Kaslan que consiste em um robô faz tudo e que ao mesmo tempo pode ser um companheiro/brinquedo para o seus filhos. O Boneco serve como controle remoto, babá eletrônica, pode pedir carro particular fornecido pela empresa, sem contar sua inteligência artificial super avançada o tipo de aparelho que seria objeto de desejo de qualquer um.

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UMA NOVA HISTÓRIA PARA O BONECO

Para os fãs do bom e velho ‘Brinquedo Assassino’ dirigido por Tom Holland e escrito por Don Mancini com co-participação de Holland, temos a história do serial-killer Charles Lee Ray (Brad Dourif) que é baleado pelo detetive Mike Norris (Chris Sarandon) após uma perseguição. Percebendo que não teria escapatória Charles transfere a sua alma para o boneco ‘Good Guy’ fazendo um feitiço de Vodu. Seu intuito é voltar, se vingar de Mike e de seu amigo Eddie Caputo (Neil Giuntoli) que não lhe prestou socorro e, além disso, ele precisa transferir  sua alma para a primeira pessoa que ele revelou ser “humano” e é a partir disso que começa a perseguir Andy (Alex Vincent). Só essa perseguição foi o que deu origem a mais dois dos filmes da franquia: ‘Brinquedo Assassino 2’ e ‘Brinquedo Assassino 3’.

Na nova versão o Boneco se torna maligno devido à configuração em seu sistema feita por um operário, que retira todos os comandos do boneco deixando ele com vontade ou personalidade própria. Lembrando um pouco ‘Eu, Robô’ (2004), filme que retrata um futuro exatamente como o de ‘Brinquedo Assassino’ onde os robôs são usados como empregados ou assistentes pessoais, até o momento em que um homem é morto por um robô. Levantando questionamentos como: “Até que ponto pode chegar à relação do homem com a tecnologia?” e “Até quando será possível distinguir o homem da máquina ou a máquina do homem?”

ELEMENTOS DO FILME CLÁSSICO

Nesse novo longa-metragem a história é basicamente nova e bem contemporânea, mas por se tratar de um reboot não da pra anular a antiga, pelo contrário é preciso saber adaptá-la e nisso Lars Klevberg e Tyler Burton Smith, diretor e roteirista respectivamente, mandam bem.

Smith opta por manter os nomes dos protagonistas os mesmos, o menino se chama Andy (Gabriel Bateman) e sua mãe Karen (Aubrey Plaza), nessa versão o detetive de policia Mike Norris (Brian Tyree Henry) é vizinho dos dois, ou seja, três dos principais personagens que também estão presentes no filme clássico. Outros elementos como a grande loja de departamentos e é o local de trabalho de Karen, que assim como no antigo, passa muito tempo trabalhando e sendo uma mãe um tanto quanto ausente na vida de Andy.

AS INOVAÇÕES FORAM MELHOR OU PIOR NA HISTÓRIA DE BRINQUEDO ASSASSINO?

Apesar de todo o aparato tecnológico ter sido um ponto positivo, se pararmos pra pensar não tinha como o filme ser diferente disso, pois como foi dito anteriormente o boneco precisava estar inserido num contexto de atualidade e para que isso acontecesse ele tinha que ser uma espécie de inovação tecnológica e um boneco de pano e plástico.

O roteiro aliado à direção faz uso da tecnologia pra explorar mais do que o próprio ser humano tem pra oferecer desde o operário que por vingança altera o sistema de um boneco, Karen que dá o boneco pra fazer companhia para o filho solitário, já que ela não tem competência de fazer, Andy que começa a usar o boneco para assustar seu padrasto e mais tarde usa Chucky pra cometer pequenos delitos com seus colegas do prédio.

A reflexão que fica é que acima da tecnologia ainda está o homem, e que este tem suas falhas sendo capaz de tornar a tecnologia uma arma letal. E a inteligência artificial sem limites pode se tornar mais violenta que o pior dos serial-killers.

Mas, tirando toda essa coisa Black Mirror de ser do filme, ele é um misto de comédia sarcástica com cenas estilo gore. Ele não tem mais o mistério do clássico e sua tensão que era marcada pela incerteza do que o boneco seria capaz de fazer, já que ele era um humano e a duvida se ele conseguiria atingir o seu principal objetivo que era passar sua alma para o corpo de Andy, isso tornava a história mais instigante e emocionante e é o que falta e muito no novo longa-metragem.

Nota:

Título Original: Child’s Play

Direção: Lars Klevberg

Elenco: Aubrey Plaza, Gabriel Bateman, Brian Tyree Henry, Tim Matheson, David Lewis, Carlease Burke

Sinopse: Andy (Gabriel Bateman) e sua mãe se mudam para uma nova cidade em busca de um recomeço. Preocupada com o desinteresse do filho em fazer novos amigos, Karen (Aubrey Plaza) decide dar a ele de presente de aniversário um boneco tecnológico que, além de ser o companheiro ideal para crianças e propor diversas atividades lúdicas, executa funções da casa sob comandos de voz. Os problemas começam a surgir quando o boneco Chuck se torna extremamente possessivo em relação a Andy e está disposto a fazer qualquer coisa para afastar o garoto das pessoas que o amam.

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