Todo dia pode ser uma aventura diferente – “Dama e o Vagabundo” (live-action)

Mais um live-action assinado pela Disney? Sim, mais um clássico transformado em uma versão mais real, mas ainda carregando a magia da animação original, com direito uma das cenas mais inesquecíveis do portifólio da Disney.

Estou falando do live-action “Dama e o Vagabundo”, dirigido por Charlie Bean e escrito por Kari Granlund e Andrew Bujalski, disponível exclusivamente na Disney+.

A história se manteve basicamente a mesma da animação de 1995, vamos lembrar dela? Dama (ou Lady) é uma Cocker Spaniel mimada pelo casal Jim Dear e Darling, criada ao lado dos amigos e vizinhos Trusty e Jock. A vida dela se resume a ser o centro das atenções da família, com todas as mordomias, achando que isso era tudo que poderia acontecer na vida de um cachorro. Enquanto isso, o Vagabundo é um cachorro de rua já há algum tempo, seu tempo é ocupado por fugir da carrocinha, roubar comida e viver aventuras pela cidade, pregando a sua liberdade de estar onde quer estar por ele mesmo. Ah, ele recebe um nome em cada lugar que aparece, por isso não há exatamente um nome definido e é chamado de vagabundo genericamente.

A vida de Dama muda quando Jim Dear e Darling resolvem aumentar a família, ou seja, têm um bebezinho, Lulu. Logicamente a dinâmica familiar muda um pouco, o que faz Dama se sentir um pouco afastada (desprezada, às vezes). Essa sensação aumenta quando o Vagabundo invade seu jardim em uma de suas fugas, ele ouve o que está acontecendo e avisa a Dama que uma vez o bebê chegando o cachorro (no caso, ela) sairia. Do mesmo jeito que ele aparece ele desaparece dali, deixando Dama quase paranoica. Para piorar, um pouco depois que a bebê nasce, o casal faz uma viagem com ela, deixando Dama sob os cuidados da tia Sarah. O problema é que ela odeia cachorros e, para completar a confusão, ainda leva os gatos siameses dela, que destroem a casa, colocando a culpa em Dama.

Tia Sarah “domar” Dama com uma focinheira, mesmo assim a cadelinha consegue fugir do pet shop, correndo o máximo que conseguiria. No caminho ela se depara com Vagabundo, que a ajuda a tirar a focinheira e a encontrar o caminho de volta para casa, mas, logicamente, tenta mostrar para Dama como seria o mundo sem a coleira e os muros que ela está tão acostumada.

Nesse meio tempo eles passam no restaurante italiano, onde recebem tratamento VIP, com música ao vivo e um prato de espaguete e almondegas … Sim, a cena inesquecível acontece, com eles compartilhando o mesmo fio de espaguete e finalizando em um beijinho.

Pode ser spoiler, mas o final também é igual, o Vagabundo ajuda Dama a salvar o bebê da família dela de um rato, mas acaba sendo capturado. Jim Dear e Darling percebem que, na verdade, ele salvou Lulu e não a atacou, além de ver que Dama a ama, logo eles o adotam também. O filme é muito fofinho e todos os animais são muito bem representados, desde os detalhes físicos até as expressões, que são licenças poéticas para filmes com animais. Comecei a assistir com a impressão que seria algo semelhante ao live-action de “O Rei Leão”, em que os animais são muito reais, mas sem expressões, o que perde um pouco a magia, mas isso não acontece.

Em “Dama e o Vagabundo” a Disney conseguiu equilibrar bem o fator live-action com a magia da animação, tanto nessa questão dos animais quanto na reprodução das cenas, muitos detalhes são fiéis à animação. Lógico que o filme não é idêntico ao clássico, para uma adaptação bem feita é preciso mudar algumas coisas, alguns detalhes foram mudados, como a raça de Vagabundo e o gênero de Jock (na animação é macho e no live-action parece ser fêmea, mas isso não é explorado). Há outro detalhe que não é explorado, sendo tratado de forma bem natural, que é o fato de Darling e Tia Sarah serem negras no live-action, diferente da animação. Essa adaptação mostra que a Disney vem mostrando esforço para mostrar diversidade em seus filmes, deixando o padrão eurocêntrico para trás … finalmente.

O elenco de humanos é formado por: Kiersey Clemons, como Darling; Thomas Mann, como Jim Dear; Andrian Martinez, como Elliott, o responsável pela carrocinha; F. Murray Abraham e Arturo Castro, como os chefs do restaurante italiano que ofertam o espaguete com almondegas.

Conta ainda com a participação de Ken Jeong, conhecido pelos filmes de “Beber Não Case” e pela série “Community”. Detalhe, ele aparece como o médico que ajuda no parto de Darling, o que faz todo o sentido, porque Jeong é médico na vida real (ele ainda trabalhou como tal antes de começar a carreira de ator).

Outro destaque vai para Yvette Nicole Brown, como tia Sarah. Ela é conhecida também por “Community” e, muito antes disso, pela série adolescente “Drake & Josh”, além de outras participações em séries da Nickelodeon da mesma época e, mais recentemente, por trabalhos de dublagem.

Falando em dublagem, os cachorros do live-action receberam vozes de peso: Dama recebeu a voz de Tessa Thompson, conhecida por “Creed”, “Thor: Ragnarok”, “Sylvie’s Love”, “MIB: Homens de Preto – Internacional” e pela série “Westworld”. Já Justin Theroux empresta a voz para o Vagabundo, o ator é conhecido por “Panteras: Detonando” e “A Garota no Trem”.

Trusty tem uma voz bem marcante e confiável, a de Sam Elliott, conhecido por “The Ranch” e “Nasce uma Estrela” (ele é o irmão do personagem de Bradly Cooper). Jock tem um forte sotaque escocês, trabalho bem feito de Ashley Jensen, conhecida por “Agatha Raising” e “After Life”.

Um casal formado por um bulldog inglês, Bull, e uma maltês (eu acho), Peg, fazem parte do mundo dos cachorros de rua de Vagabundo, eles são amigos dele, um lembrete que nem sempre é bom estar sozinho (é um casal estranho, mas é um casal que vive junto e em paz).

Bom, Bull recebe a voz de Benedict Wong, o Wong de “Doutor Estranho” e “Vingadores: Ultimato”, já Peg recebe a voz incrível de Janelle Monáe, como atriz é conhecida por filmes como “Estrelas Além do Tempo” e “Moolight”, mas também é muito conhecida como cantora, inclusive, participa da trilha do filme com suas músicas: “He’s a Tramp” e “That’s Enough”.

Eu vi alguns comentários sobre fãs da animação que não se sentiram satisfeitos com o live-action e isso sempre vai existir. Particularmente, eu gostei muito da nova versão, mais do eu imaginava gostar. Talvez isso tenha acontecido porque assisti sem nenhuma expectativa, lembrava pouco da animação (assisti poucas vezes, tive que assistir novamente para lembrar e fazer a comparação). Então essa é minha dica, mesmo que você aí se lembre muito da animação, assista o live-action sem nenhuma expectativa, deixe o filme fazer a magia dele, depois façam as comparações.

Ah, de toda forma, fica uma mensagem linda de adoção e de amor pelos animais.

Até Mais!

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