Segredos – “Pode Guardar um Segredo?”

Medo de avião, especialmente na hora de uma turbulência, pode ativar várias reações involuntárias na pessoa, até contar todos seus pequenos segredos diários para um completo estranho atencioso.

Emma fez isso no filme “Pode Guardar um Segredo?”, longa de 2019 que acaba de chegar no catálogo nacional da Prime Video, com direção de Elise Duran, o roteiro é de Peter Hutchings, que fez a adaptação do livro “Can You Keep a Secret?”, de Sophie Kinsella.

Emma se sente um pouco perdida na vida. No trabalho ela não tem previsão de ser promovida, mesmo se esforçando ao máximo, e a vida amorosa é tediosamente ocupada pelo estranho namorado Connor. Ele até a trata bem, mas não é uma relação cheia de amor e emocionante, como Emma sempre sonhou em ter.

Voltando de Chicago para Nova York, depois de uma tentativa frustrada de firmar uma parceria, ela consegue uma vaga na primeira classe, mas a viagem não é tranquila. Uma grande turbulência faz o avião inteiro tremer, isso juntou com a turbulência emocional de Emma, o que a fez contar esses “pequenos” segredos da sua vida para o passageiro ao seu lado.

Ela chegou inteira em Nova York, achando que nunca veria o misterioso que agora sabia mais da sua vida que qualquer pessoa, mas ela iria ver. O moço nada mais era que Jack Harper, o co-fundador da empresa em que Emma trabalhava (o outro co-fundador havia falecido meses antes).

No dia seguinte Emma descobriu isso quando ele chegou no escritório para conhecer a equipe daquela filial, ficando tão surpreso quanto ela com a coincidência. Ele a pediu para não comentar que já se conheciam, não queria que ninguém soubesse que estivera em Chicago, em troca ela pediu para que ele não falasse nada do que ela havia confidenciado a ele.

Ele realmente não contou nada, mas vez por outra fazia perguntas que já sabia a resposta ou falava algo que poderia ser visto como assunto interno entre eles.

Um dos exemplos mais divertidos é o do código que Emma tinha com o colega para saírem e comprarem café, porque o da empresa era ruim, e ela, lógico, também falou sobre isso no avião. Mas o amigo dela não sabia disso, então usou o código na frente de Jack, que pegou os dois na cafeteria mais próxima.

Essas colocações de Jack foram positivas, porque deu a Emma algum espaço para se colocar de forma mais ativa dentro da empresa e também em relação ao namorado, que logo se tornou ex. Aliás, Jack não via a hora disso acontecer e chamar Emma para sair.

Ele havia se apaixonado por Emma desde a confissão desesperada dela no avião, gostou de a ver no escritório, mas estava torcendo para que o namorado saísse de cena. Quando isso aconteceu eles estavam livres para viver o romance vívido que sempre sonharam.

Só que nem tudo era perfeito, embora Jack parecesse perfeito aos olhos de Emma. Ela não tinha como esconder muita coisa dele, ele já sabia de tudo, então ela simplesmente foi ela mesma, aberta a tudo que sentia e passava, já ele se manteve reservado. Ele sabia tudo dela, mas ela pouco sabia dele.

Ela teve clareza disso quando ele, sem querer e por nervosismo, falou demais sobre ela em uma entrevista ao vivo para a TV. Naquele momento ela ficou em uma posição ruim na empresa, tendo que ouvir coisas bem duras e suas inseguranças abertas para o mundo.

Entre altos e baixos com intervalos pequenos, a reconciliação deles se deu, novamente, em um avião, dessa vez a turbulência só veio depois que ele fez parte da sua confissão.

Ah, ele sempre fora reservado porque, pela visibilidade da empresa, sempre teve experiências ruins quando se abria, então aprendeu a ser mais fechado.

A trama do filme não é muito complexa, o ápice chega rapidamente e a resolução, embora tenha algumas complicações, é relativamente simples. Ainda assim, é um filme muito gostoso de assistir, com algumas boas reflexões para essa faixa etária entre os 20 e muitos e 30 e poucos, especialmente em meio a uma pandemia.

Vivemos em um momento de incertezas, muitos ainda saindo da faculdade, outros com poucas oportunidades de emprego, mas a maioria vendo que os planos da vida adulta não seguem um roteiro e temos a tendência de nos sentir perdidos em algum momento.

Emma representa muito bem isso, por isso mesmo ela consegue conectar muito bem com o público.

Adicione isso a uma forte pressão de passar uma imagem específica para o mundo, senão for assim as coisas não acontecem. As amigas que dividem o apartamento com Emma mostram isso de forma diferente.

De um lado tem Gemma, extremamente fútil, focada apenas em suas redes e vida social, com opiniões tão estranhas quando suas roupas. Do outro lado tem a sensata Lissy, uma advogada que decidiu enfrentar um desafio pessoal que envolve a parte profissional, entrou em um grupo de dança composto só por advogados (e um juiz), mas ainda tem vergonha de confessar isso.

Lissy é vivida por Sunita Mani, conhecida por séries como “Mr. Robot” e “Glow. Gemma é interpretada por Kimiko Glenn, conhecida pela série “Orange is The New Black” e trabalhos de dubladora como na série animada “DuckTales: Caçadores de Aventuras”.

Falou em advogada dançarina eu já me identifico e me emociono (mas não chorei, caso vocês queiram saber).

A chefe imediata de Emma, Cybill, também passa um pouco disso. No início ela parece extremamente ditadora, querendo passar uma imagem do escritório que não era verdade, uma união e perfeição que não existia. Depois, lá no final, é possível ver que essa postura dela pode ter sido provocada por muitas batalhas perdidas pelo simples fato de ser uma mulher em posição de comando.

Cybill é vivida por Laverne Cox, também conhecida pela série “Orange is The New Black”, trabalho que lhe rendeu várias indicações a vários prémios, mas também se destacou em participações em filmes como “As Panteras” (o de 2019) e “Promising Young Woman”.

Emma é interpretada por Alexandra Daddario, famosa por viver a filha da deusa Atena nos filmes de “Percy Jackson”, mas também é lembrada pela participação nas séries “White Collar”, “Parenthood”, “True Detective” e “Why Women Kill”, além claro, do filme que reviveu um clássico dos anos 1990, “Baywatch: S.O.S Malibu”.

Jack é vivido por Tyler Hoechlin, conhecido pela série “Teen Wolf” e por ser o intérprete mais recente do homem de aço na TV, participando de séries da DC, tais como “Supergirl”, “Batwoman”, “Dc’s Legends of Tomorrow”, “The Flash” e “Arrow”. Próximo ano o personagem (e o ator) ganhará série própria, a nova versão de “Superman e Lois”.

 

Cuidado na hora de revelar os seus segredos, ele (ou ela) pode ser o amor da sua vida.

Até mais!

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