Parthenope (2024, de Paolo Sorrentino)


Quando a gente vai fazer uma crítica, é natural que comecemos contextualizando a história. O problema é que dizer que a sinopse de Parthenope vai além de que é a narrativa aborda a vida de uma mulher bonita e . (ponto) É mentira, pois é só isso.
Paolo Sorrentino, que demonstra em sua filmografia, uma fascinação por beleza e juventude encontrou a jovem mais bela da Itália e decidiu filmá-la por duas horas. Pra isso construiu uma história qualquer de fundo para justificar a execução da obra.
Neste momento em que a discussão sobre o male gaze está em voga por conta de Anora ter vencido o Oscar e, principalmente, por Mikey Madison ter vencido Fernanda Torres e Demi Moore, não teve como assistir os 137 minutos de Parthenope pensando o que diriam desse filme se ele furasse a bolha, cada vez menor, de cinéfilos.

O filme até seria mais corajoso e mais justo se Sorrentino se entregasse ao cinema de fluxo e fizesse um ode a sua nova musa, pois os conflitos inseridos na narrativa parecem estar ali só pra atrapalhar a verdadeira intenção do diretor.
Existem fragmentos de temas importantes que dariam outras histórias interessantes. A mulher que quer ser antropóloga, mas por ser bonita querem que ela seja atriz. O cardeal tarado. O professor universitário com um segredo. A sexualidade dos irmãos. A relação de Nápoles com o resto da Itália.
Daí poderiam surgir outras obras interessantes, mas que nesse filme só estão pra maquiar que Sorrentino queria filmar a atriz Celeste Dalla Porta da maneira mais sedutora que conseguisse, e sim, ele consegue.

Nem toda obra cinematográfica precisa contar uma história, e nem toda obra precisa de uma nota ou uma crítica elaborada.
Paolo Sorrentino, diretor de 54 anos sempre se enxerga como um idoso babão em suas obras. Talvez quando ele realmente for um, ele consiga se entregar completamente ao seu cinema.
TRAILER