O poder do “e se” – “Lilian”

Meninas (ou meninos), vocês viveram algum amor de colégio? Durou quanto tempo? Vocês “pagaram” para ver ou tiveram medo de se acomodarem? Ainda pensam até hoje no famoso “e se”?

No livro “Lilian”, publicado pela Partners Coerência, a autora Jeniffer Pereira narra uma história de amor arrebatador, mas com todos os obstáculos possíveis e imagináveis! Vamos conhecer Lilian?

Lilian é a filha caçula de uma família carioca, uma menina feliz, com boas influências, com muita atitude, apesar de sua timidez. Sua irmã era uns 14 anos mais velha que ele, mas era sua maior confidente e incentivadora dela.

Bom, no verão de 2008, quando ainda tinha apenas 11 anos, Lilian recebe o primeiro pedido de namoro, de Pedro, quem conhece a vida inteira e meio que fazia sentido. Bom, ela ainda não sabia exatamente o que era se apaixonar, mas gostava dele, então foi se aproximando e se envolvendo.

Quando as aulas voltaram Lilian se depara com um aluno novo, Erik, mais velho uns quatro anos, mas que teve aquele “momento”, sabe aquele que nos faz pensar “hm, vai me dar dor de cabeça, mas bem que quero essa dor de cabeça”. Mas ela tinha um princípio, ser fiel, e ela estava sendo fiel a Pedro, então nem se demorou no tal “momento”.

Alguns dias depois ficou sabendo que Pedro estava a traindo e a justificativa foi a mais revoltante: ah, você não quis transar comigo, mas foi só sexo, ainda podemos namorar.

Antes de continuar: Homens de qualquer idade, não usem essa frase, pelo amor da Deusa… Quem ouve só te elimina da lista. Entendido?

Enfim, lógico que Lilian termina o namoro. E não, ela não pensa logo em Erik, ela tenta não se enrolar mais, concentrar em outras coisas, mas amigas não deixaram (amigas são para isso mesmo, né). Elas fazem com que Erik note o interesse escondido de Lilian e os une, começando a história de altos e baixos do casal que tinha tudo para ser perfeito!

Lilian e Erik começam a namorar e o pedido foi público, para a escola inteira ver, o que chateou a ex namorada, Paloma, e Erik e um amiga, Bruna, que ele tinha como uma prima, mas ela tinha outros interesses nele. Nisso, Bruna começa a infernizar a vida de Lilian, fazendo intrigas entre ela e Erik, dando brecha e razões para as brigas deles.

De tanto tentar Bruna conseguiu o que queria, passar uma noite com Erik. Lilian ficou sabendo pelo irmão de Erik, Edward, com quem fez amizade rapidamente. Logicamente Lilian acaba com tudo e fica imaginando o quão trouxa poderia ser, sempre sendo traída.

Ela se fecha a partir daí, passa a se concentrar mais na escola e a ajudar as amigas com os boys embustes, de longe sabia quem estava traindo quem, e ainda fazia exposição pública do safado (palmas para Lilian). Mas o sentimento por Erik não morreu, sempre tinha aquela ferida aberta.

Entre tantos pedidos de desculpas e tentativas de amizade e até de reatar, Liliane e Erik pareciam que iriam se entender nas vésperas do aniversário de 15 anos dela, momento em que ela já até tinha mudado de colégio porque sabia que iria resistir a ele, mas que precisava se manter longe.

Bom, alguns meses antes do aniversário eles foram para o sítio da namorada de Edward com mais alguns amigos, eles estavam sendo só amigos na época, mas imaginem: sítio, pais liberais, clima forte rolando, tantas idas e vindas, hormônios e tal… O que poderia acontecer?

Então aconteceu e, por algum tempo, pareceu que agora seria de vez, não tinha como não ser, mas não foi isso. Na primeira vez deles a camisinha rompeu e Lilian não quis tomar a pílula do dia seguinte, então eles passaram esses meses juntos com uma ameaça de gravidez.

Erik era para ter se mudado a essa altura, havia terminado o terceiro ano e passado para uma faculdade fora, que era o sonho dele, mas ele não foi porque achava que Lilian estava grávida e tinha medo de ela não o contar caso ele fosse embora (ela havia ameaçado fazer isso). Até aí tudo bem, mas ele acabou falando pra Bruna que estava com Lilian por obrigação, mas Lilian ouviu e, mais uma vez, terminou tudo.

Ah, só para não sair como a louca, ela fez o teste de gravidez e deu negativo.

Depois disso Lilian apagou Erik da vida, mesmo ele tentando contato e mais e mais pedidos de desculpa depois disso. Ela fez novas amizades na escola nova, encontrou novos amores, se tornou tia (a irmã casou e teve dois filhinhos) e, aos 17 anos, encontrou Miguel.

Miguel não era o amor arrebatador, era alguém que a amava e que ela também amava, mas com segurança. Com ele não tinha ex’s nem “primas” querendo segundas intenções, nem nada disso. Foi algo tão forte e seguro que, depois de dois anos de namoro eles casaram.

Antes de se casar Lilian ficou em dúvida, teve um momento de fraqueza, mandou uma carta para Erik, falando que, se ele realmente a amava como ele sempre disse que amava, ele fosse até a igreja antes da cerimônia, assim ela não se casaria.

Erik só recebeu a carta em cima da hora, tentou fazer aquela grande cena de interromper o casamento, a cerimônia já havia ocorrido e ela Lilian estava casada.

E o único pensamento que fica é: E se… E se Lilian tivesse Erik não tivesse dormido com Bruna naquela noite; e se Lilian o tivesse perdoado logo; e se Lilian não tivesse mudado de escola; e se Erik não tivesse sido tão rígido com a história da pílula; e se Lilian tivesse aceitado a pílula; e se Erik tivesse sido sincero com Bruna, dizendo que estava com Lilian porque a amava e não por causa de uma possível gravidez; e se Lilian tivesse aberto o coração mais uma vez e tentado o perdoar; e se Erik tivesse chegado a tempo… Enfim, e se!

Obs.: Não estou falando que as atitudes de Erik foram perdoáveis, o tanto que ele era fofo ele conseguiu ser escroto por um tempo… Falo só como reflexão, caso ela tivesse cedido um pouco antes, talvez a história tivesse sido diferente (podendo ter sido melhor ou pior).

A obra inteira é bem escrita, a narração é feita como se fosse o diário de Lilian, começando bem detalhadamente, dia após dia do começo do relacionamento com Erik, depois vai acelerando, quando eles começam a se afastar. Isso dá um ritmo interessante à trama, fazendo o leitor se envolver (li metade do livro em uma noite por causa disso).

A história tem personagem demais, parece aquelas novelas das 8h da Globo, que todo dia aparece alguém e no fim tentam resolver tudo em um dia. Por isso alguns são bem elaborados, outros nem tanto. Algumas amigas de Lilian do começo simplesmente somem depois (o que faz sentido, porque depois do colégio são poucos os que mantém contato). Mas realmente não gostei disso, fica difícil se apegar a um personagem quando sempre tem mais.

Os personagens que conseguiram firmar presença foram bem construídos, como Carol, uma amiga inusitada, namorada de um amigo de Erik, mas que se torna uma força para Lilian; a irmã de Lilian, mesmo parecendo secundária, é ela quem incentiva os bons momentos da personagem; e Edward, irmão de Erik, que foi muito mais leal a Lilian (menos na história da pílula) do que ao irmão.

Antes de começar a narração alerta que o livro é baseado em uma história verdadeira (suponho que seja a dela, mas ela não informa isso), mas ela tomou cuidado de não usar nomes relativos à essa história. Isso me faz pensar que ela pegou a tal história e foi mesclando com alguns elementos de histórias clichês (daqueles clichês que amo da Netflix).

O resultado disso foi uma vibe muito filme/série de high school dos EUA. Isso não é exatamente ruim, mas é estranho, começando pelos nomes. Existem nomes muito mais brasileiros do que Erik e Edward, por exemplo. Isso me incomodou um pouco.

Tem outras coisas que me incomodaram, algumas podem ser essa influência dos filmes high school também, como os meninos andando de moto sem carteira…. Sim, existia na minha época de colégio, mas não era algo natural e eu sempre achei errado (sim, sou certinha, desculpa).

E, por fim, essa sensação de “e se” não me deixou com bons sentimentos. Fiquei imaginando que ela fez uma escolha ruim. Se ela ficou em dúvida até o momento da cerimônia, esperando que Erik tivesse recebido a carta e chegasse por lá, só me diz que ela não estava certa sobre Miguel.

Para mim, na vida real (para alguém prático), ela deveria ter falado com Miguel, adiado a cerimônia por alguns meses, procurado Erik, conversar sério, sem dramas adolescentes, e daí tirar uma conclusão. Assim nenhum dos dois ficaria com o tal sentimento de “e se”, o que pode comprometer qualquer relacionamento posterior.

Mas essa sou eu, uma canceriana prática (isso existe, juro), vendo a história de fora!

Bom, ainda fica uma mensagem na reflexão de Erik: “[..] A Vida é tão curta para não aproveitar cada segundo dela…/Onde você quer estar daqui a sete anos? /É muito tempo para pensar? Então modifico a pergunta: Onde e com quem você quer estar amanhã? /Arrisque-se”.

 

Deixo vocês com essa reflexão: Não vivam no “e se”, arrisquem-se (isso vale para a colunista que vos fala”!!!!

 

Até mais.

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