Crítica: “A Pequena Sereia” (2023) | O live-action se consagra como um dos melhores da Disney

Quem diria que uma história de 1837 do autor dinamarquês Hans Christian Andersen seria um dos longas-metragens mais aguardados do ano. O live-action de ‘A Pequena Sereia‘ estreia dia 25 de maio nos cinemas e eu já adianto que é um dos melhores já feitos pela Disney.

Após 34 anos, teremos a oportunidade de ver nas telonas o clássico ‘A Pequena Sereia‘, mas agora transportado para o mundo real. Ariel (Halle Bailey) é uma sereia adolescente que, sonha em conhecer o mundo além do oceano, e esse desejo ganha ainda mais força após conhecer o Principe Eric (Jonah Hauer-King), por quem acaba se apaixonando.

Em meio a tantos live-actions, havia muito receio acerca do lançamento de ‘A Pequena Sereia‘, pois quando se tem muitas releituras de histórias antigas, fica a dúvida de: se é por falta de criatividade ou se reproduzir um clássico pode acabar dando errado. Mas, nas duas hipóteses o longa-metragem se direciona no sentido oposto, já que é um sucesso garantido e essa é uma adaptação funcional.

Mantendo o padrão Disney de qualidade, a direção fica a cargo de Rob Marshall que tem no currículo obras premiadas como: ‘O Retorno de Mary Poppins‘ (2018), ‘Caminhos da Floresta‘ (2014), ‘Chicago‘ (2002), entre outros. O roteiro é assinado por Jane Goldman (Kingsman: O Círculo Dourado, 2017) e David Magee (O Pior Vizinho do Mundo, 2022), uma dupla especializada em adaptações literárias para o cinema. Portanto, quando me refiro ao padrão Disney é sobre isso: os estúdios escalarem os melhores profissionais para projetarem o que têm de melhor.

Afinal, tecnicamente falando, são os dois pontos que mais se desatacam no filme: os números musicais e a música propriamente dita. O espectador vai sentir que está assistindo um musical da Broadway submerso, cheio de cores e de vida. Números que quando não são emocionantes como em “Part Of Your World”, são extremamente animados como “Under The Sea”.

Além disso, o segundo destaque técnico vai para o roteiro que é bem amarrado e mais humanizado. Para além disso, há uma contemporaneidade no enredo e nos diálogos que não se restringem apenas às diferenças fisiológicas entre humanos e criaturas do mar. Mas, também, da ganância humana e o uso desenfreado dos recursos naturais que acaba desencadeando na poluição e no desmatamento.

É extremamente necessário destacar a interpretação de Hale Bailey, mas seria injusto com o restante do elenco dizer que ela carrega o filme nas costas, mas vamos pegar leve dizendo que, ela o conduz com maestria. Além de excelente atriz, Bailey se revela uma eximia cantora, sua voz é de arrepiar dos cabelos da nuca até o dedo mindinho do pé. Ela transmite toda a pureza, inocência e sonho de uma criatura que descobre um mundo totalmente novo e deseja fazer parte dele.

Entretanto, seus amigos Linguado, Sabidona (aqui Sabidão é fêmea) e Sebastian são peças fundamentais, pois ao mesmo tempo que completam a narrativa ajudam a conduzi-la, já que além de melhores amigos de Ariel são eles que a ajudam em tudo. Tem a questão que divide opiniões, como foi o caso de ‘O Rei Leão‘ (2019), sobre transportar animais da animação para o live-action, pois é como se eles perdessem a graça ou fossem fora da realidade por falarem. Bom, eu só tenho uma reflexão: não há comprovação cientifica de que sereias também existam. Porém, creio que no caso de ‘A Pequena Sereia‘ há uma licença poética dela falar com seres aquáticos já que ela é uma também. Sem contar que, eles estão muito bem reproduzidos em live-action.

Complementam esse elenco com interpretações memoráveis: Melissa McCarthy como Úrsula que no live-action ganha até mais destaque que na animação; Javier Bardem como o Rei Tritão, ator perfeito para o papel, além de uma ótima interpretação a semelhança é incrível e, por fim, o príncipe interpretado por Jonah Hauer-King tão sonhador e talentoso quanto a intérprete de Ariel.

O que deixa a desejar em diversos momentos do filme, principalmente nas cenas no mar ou no fundo dele é o CGI (Computer Graphic Imagery) que consistem exatamente nos efeitos visuais. Uns dos momentos que mais causam incômodo são nas cenas em que o Rei Tritão (Javier Bardem) aparece. Não sei explicar o que acontece ou porquê, mas a maioria das cenas em que ele surge são com o pior CGI. As cenas com magia também podem não agradar a todos, como o momento em que Úrsula (Melissa McCarthy) concede a Ariel o desejo de se tornar humana e a batalha entre Úrsula e Tritão.

Talvez você se questione sobre a qualidade do filme por causa desses detalhes, mas o que tenho a dizer é justamente isso: é apenas detalhe. Pois, diversos blockbusters têm problemas com CGI e em nada tiram o mérito do longa-metragem para o público. Pois, retorna ao que falei antes: o filme é impecável no roteiro, no aspecto musical e visual e nas interpretações, o que faz pequenos problemas com CGI passarem despercebidos.

Nota: 4/5

Trailer

Título Original: The Little Mermaid

Direção: Rob Marshall

Duração: 135 minutos

Elenco: Halle Bailey, Jonah Hauer-King, Javier Bardem, Melissa McCarthy, Jude Aukuwudike, Noma Dumuzweni, Daveed Digs (Voz), Jacob Tremblay (Voz), Awkwafina (Voz)

Sinopse: Uma jovem sereia faz um acordo com uma bruxa do mar para trocar sua bela voz por pernas humanas para que possa descobrir o mundo acima da água e impressionar um príncipe.

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