O Barão e os Maragatos – O Preço da Paz
No repertório de revoluções brasileiras uma importante para o sul foi a Revolução Federalista, liderada pelos Maragatos, logo após a chegada de Floriano Peixoto ao poder, tornando o Brasil uma República e visto como um golpe.
Este período foi especialmente conturbado em Curitiba e é aí que se desenrola a trama de “O Preço da Paz”, filme brasileiro de 2004, dirigido Paulo Moerelli, com roteiro e Walter Negrão e estrelado por Giulia Gam, Lima Duarte, Herson Capri, José de Abreu, Camila Pitanga e Danton Mello.
Capri interpreta o Barão de Serro Azul, muito conhecido e querido na região, tido como símbolo da monarquia por lá, mas não condenava o novo governo (apesar de ter que aparentar que condenava sim). Quando Gumercindo Saraiva, líder dos Maragatos (revolucionários), passa por Curitiba no seu caminho ao Rio de Janeiro é com o Barão de Serra Azul que ele negocia.
O Barão tenta apaziguar os ânimos de ambos os lados, ele dizia que estava do lado da paz e que queria resguardar os inocentes. Deu dinheiro suficiente para o bando de Gumercindo passar o tempo pretendido, sem que isso tirasse a paz da cidade.
Gumercindo Saraiva era um homem inteligente, ele visava o objetivo apenas, ensinava aos seus homens os valores de ser um Maragato e sempre deixava claro que matar inocentes e outras atrocidades não estavam entre seus funções, por isso exigia de todos respeito pelos cidadãos das cidades que passassem.
Infelizmente nem todos pensavam assim, ou não conseguira aprender. O principal deles era Cezário, ele achou que Gumercindo poderia conseguir mais coisa em Curitiba, com o Barão de Serro Azul e sua esposa. Ele aterrorizou o casal e incentivou saques dentro da cidade.
A guerra não estava só fora da casa do Barão, estava dentro também. Alguns oficiais feridos de batalha encontraram abrigo por lá a esposa do Barão não conseguiu dizer não a eles, especialmente a dois que estavam mais graves.
Isso deixava o Barão em uma situação bem difícil, ele tentava negociar com os Maragatos, mas eles, por sua vez, iriam interpretar mal a presença de oficiais na casa do Barão, iriam se achar traídos.
Sem muita surpresa o Barão recebeu um comunicado de seus superiores, ele foi preso e a cidade entrou em caos. Apesar de todos os seus esforços, morreu em uma guerra que poderia ser evitada.
A linguagem histórica é um dos segmentos mais bem cuidados do cinema brasileiro. Particularmente, é o gênero que mais gosto dos filmes brasileiros.
O elenco poderia distrair, são nomes de peso da teledramaturgia brasileira, mas é possível ver os personagens além dos rostos conhecidos. Sem dúvida alguma, quem chama mais atenção é Lima Duarte.
Gumercindo, vivido por Lima Duarte, dá lições de moral ao longo do filmes, em momentos felizes e tristes. Apesar de concordar com toda a ideologia passada, ver este ator dando palavras de sabedoria em meio as montanhas, rodeado de olhos e ouvidos atentos e um sotaque sulista quase autêntico é inesquecível.
Imagina ser figurante em uma cena dessas? Com certeza eu assistira mais do que atuaria (isso em um universo paralelo em que eu saiba atuar de alguma forma).
Beijinhos e até mais.