Milton Bituca Nascimento (2025, Flávia Moraes)

Sugestão de música para ler a crítica

Milton Nascimento, o Bituca, talvez seja o grande ídolo da minha vida. Por isso não demorei pra querer assistir a esse documentário.
Infelizmente, o que esse documentário causou em mim, foi a lembrança de momentos horrorosos da turnê de despedida do grande artista brasileiro dos palcos. Em 2022, eu sentia um ar bastante melancólico em todas as aparições de Milton, seja em notícias sobre a turnê, programas de auditório ou seu derradeiro show em Belo Horizonte. E o motivo disso? Me parece que o trato das pessoas em volta de Milton sempre foram de auto promoção.
Por mais que o documentário seja chapa branca, se vocês repararem bem, pouco se fala sobre o artista protagonista da obra. Rapidamente este programa de TV genérico em formato de filme, vira um concurso de quem consegue elogiar mais Milton Nascimento, que é mais amigo e mais próximo de “Bituca”, de gringos a brasileiros, de novos a idosos. Quase todos os personagens estão ali pra se autopromover na imagem deste grande artista brasileiro.
Primeiro que a escolha de colocar artistas estadunidenses para validar a grandiosidade de Milton, me parece desnecessário e, de certa forma, enganador. Visto que na realidade ele nem pôde sentar na mesma mesa que Esperanza Spalding durante a premiação do Oscar 2025. Depois, que o impacto de Milton é tão grande em sua terra natal, que, bajulação por bajulação, dava pra fazer um documentário de mesma duração apenas com artistas mineiros elogiando de maneira mais carinhosa e criativa a personalidade, as músicas e a voz do artista.

Se bem que quando figuras como Spike Lee, um gigantesco diretor de cinema, vai comentar sobre o artista, são os raros momentos do programa onde não fica aquele tom de autopromoção que me incomoda.
Já na parte nacional, além dos artistas mais preocupados em falar sobre si mesmo, vemos um recorte diminuto da carreira do Milton que se restringe apenas a criação do Clube da Esquina (grande sucesso popular da carreira do artista, mas que é apenas um recorte de sua imensa carreira).
Até colocar a narração do documentário à cargo de Fernanda Montenegro, ao invés de engrandecer a obra, a subverte. É mais um elemento de distração dentre tantos palhaços querendo usar seus segundos de palco para pegar um pouco do legado de Milton pra si.
Para arrematar a baixa qualidade da obra, temos uma parte dramatizada no documentário que emula uma criança indo à uma caverna e descobrindo sua bela voz através do eco, uma pieguisse com uma qualidade digna de simulação do saudoso programa Linha Direta. Claro que, higienizado.
Felizmente, ainda temos no documentário as músicas de Milton Nascimento esparramadas durante a sua duração, que tornam as duas horas do longa não tão difíceis de ser assistidas.
Nota 2/10

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