História de filme – “Quando a gente acontece”

Viver uma vida planejada parece ser o sonho de qualquer pessoal minimamente organizada, mas nem tudo pode ser planejado.

É mais ou menos isso que Sophie Leal d’Ávilla aprende em “Quando a gente acontece”, segundo romance da escritora Belle Leal, publicado pela editora Pandorga.

Sophie tem 26 anos e parece ter conquistado todos os objetivos da sua lista de sonhos. Ela é uma competente médica, trabalhando por mérito no hospital em que seus pais fundaram e que vem a ser de referência nacional, tem bom relacionamento com a família e um grupo incrível de amigos que a acompanha desde a época do colégio.

Mas ela sabia que tinha algo errado, algo que faltava nesse cenário aparentemente perfeito. Ela sonhava em casar e construir uma família e via seus amigos fazendo isso, mas ela não via isso acontecendo tão cedo, especialmente porque seu atual namorado, Roberto, não exatamente alguém que combinava com ela.

Um evento triste a fez refletir, a começar uma nova fase da vida de forma bem inusitada.

O padrinho dela, Haroldo, faleceu. Ele foi quem financiou a fundação dos hospitais dos melhores amigos: Leal d’Ávilla, dos pais de Sophie, e Dantas Ferraz, dos pais de Alexander.

Alexander sempre fez parte da turma de amigos, mas sua relação com Sophie nunca foi estável. Eles se tornaram muito amigos na época em que estudavam juntos, época essa em que Sophie acabou se apaixonando por Alexander, mas logo ele começou a namorar outra menina, alguém que nunca havia gostado de Sophie.

Isso afastou Alexander e Sophie, que só se viam nos momentos que o grupo de amigos de reuniam, além de serem os padrinhos do filho de um dos casais que formava o grupo. Mas esses encontros sempre eram regados a sarcasmo e antipatia.

Outra coisa os unia, Haroldo. A morte dele fragilizou os dois, que deram trégua às mágoas e se apoiaram nesse momento difícil. O testamento dele foi o elemento que faltava para a união deles, nele ele exigiu que os hospitais realizassem uma fusão e que Sophie e Alexander se cassassem, só assim receberiam as respectivas heranças.

Embora fosse estranho, ambas as partes aceitaram. A partir daí Alexander começou a ser o perfeito noivo, fazendo com que Sohpie se apaixonasse de novo, mas sempre desconfiada, com medo de se magoar novamente.

O que ela não sabia é que Alexander sempre foi apaixonado por ela, mas, por alguma razão, ele nunca conseguia se entender com ela. Ele usou essa possibilidade para a fazer feliz, lembrando de todos os planos que ela fazia quando adolescente, seus sonhos e vontades mais íntimas.

Lógico que não seria nada tão fácil, a relação deles foi posta a prova quando um bebê foi abandonado no estacionamento do hospital (que agora já era só um). Sophie logo quis cuidar dele, pedindo ajuda de Alexander, que era pediatra, mas não queria entregar a criança para o serviço social, porque ele poderia morrer sem assistência.

Sophie quis levar o bebê para casa, mesmo que isso significasse perder sua licença médica, por isso Alexander resistiu a ideia. Depois de uma semana cuidando dele como um casal, Sophie diz a Alexander que já tinha um nome para o bebê, Nicholas, e que queria o adotar.

O relacionamento já havia começado de forma inusitada, um bebê antes mesmo de o casamento acontecer, complicaria mais ainda. Mas essa é a história deles e foi assim que eles encontram o amor e se sentiram completos.

Sim, é uma história de comédia romântica digna de filme água do açúcar, daqueles que a gente não enjoa de assistir.

O livro é pequeno e de leitura muito fácil, a história é bem gostosinha de acompanhar, embora tenha todos os clichês possíveis e imagináveis no caminho. É possível notar muitas referências, a que mais se destaca é de “Grey’s Anatomy”, que é até referenciada em alguns momentos como a série preferida de Sophie.

Um recurso bem interessante foi a criação de uma playlist para acompanhar a história, cada capítulo tem uma música tema. Se você consegue ler ouvindo música, a recomendação é seguir a playlist, faz todo sentido e dá ritmo à história, vira a trilha sonora mesmo.

O conjunto de referências de séries e filmes, a trilha sonora, com direito a Ed Sheeran e Adele em vários capítulos, o uso de clichês de comédia romântica, faz com que realmente nos remeta a uma produção cinematográfica. Confesso que, diferente de outros livros, não consegui idealizar um elenco (definir nomes que combinam com as características dos personagens), mas senti assistir um filme.

Mas fiquei com sensação de que tem muitas pontas soltas, o que talvez fosse resolvido se o livro fosse maior ou, talvez, se tivesse uma série de livros.

 

Até mais!

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