Exterminador do Futuro – Destino Sombrio

O ano era 1984. Um filme de ficção científica que misturava um dos maiores medos do homem naqueles dias: uma guerra nuclear que em um apertar de botões acabaria com a raça humana, viagens temporais que poderiam mudar o destino do homem, um apagão de sistemas, um verdadeiro bug nas máquinas (esse um medo mais do fim do século) que tomariam vida própria para escravizar e destruir o homem, e um assassino robô, com tons de Herodes bíblico, que busca acabar com o nascimento de um futuro e messiânico salvador dos humanos, que nem nasceu ainda, tornou-se motivo de culto transformando num dos grandes clássicos da história do cinema. Falamos é claro de Exterminador do Futuro (Terminator), na época apenas o segundo filme do canadense James Cameron. O filme foi um sucesso e obviamente que uma nova sequência era consequência natural. Em 1991, Cameron nos presenteou com outro grande filme: Exterminador do Futuro – o Julgamento Final (Terminator 2 – Judgment Day) colocando definitivamente a marca Terminator na cultura pop cinematográfica. Após, com um hiato de mais de uma década e sem a presença de Cameron e Linda Hamilton, o filme teve três “continuações”’. Sendo cruel, mas realista, três espinhosos abacaxis que pouco acrescentaram na brilhante história dos dois primeiros. Eis que em 2019 Cameron, Hamilton e o ex-governador da California Arnold Schwarzenegger se reúnem novamente com a direção de Tim Miller (Deadpool) e apresentam uma verdadeira continuação ao segundo filme: Exterminador do Futuro – Destino Sombrio (Terminator – Dark Fate).

O filme já abre sendo direto e em alguns minutos já implode a lógica histórica dos fatos dos dois primeiros filmes. A tal hecatombe que Sarah Connor (Linda Hamilton) evitou não aconteceu, mas sua vida também muda para sempre. Pulamos para a cidade do México 2019, 28 anos depois dos acontecimentos do segundo filme. Vindo do futuro surge um novo exterminador, Rev 9 (Gabriel Luna), uma máquina praticamente indestrutível de morte que vem com o intuito de acabar com Daniella Ramos (Natalia Reyes) uma simples operária mexicana. Para sua defesa surge um híbrido “implantado” de ser humano com máquina, Grace (Mackenzie Davis) que tem que fazer de tudo para protegê-la. No meio desse rebuliço em terras mexicanas eis que surge Sarah Connor, que passa ainda a vida fugindo e limando exterminadores, cada vez mais preparada para acabar com a raça dessas máquinas mortíferas. As três acabam se cruzando e com isso acaba se descobrindo que o futuro também é sombrio e as máquinas, não mais com o apoio da Skynet, mas sim denominadas Legião continuam perseguindo os sobreviventes humanos na Terra e Dani pode ser a salvação da raça. Mas Rev 9 (que faz o T1000 ser um ladrão de pirulitos tamanha brutalidade e força) fará de tudo para acabar com Dani. Com isso o grupo acaba encontrando e precisando de ajuda do velho T800 (Arnold Schwarzenegger), hoje um exterminador literalmente aposentado, com sentimentos humanos, que constituiu família e usa o nome de Carl. Juntos se unem para enfrentar o mais temido exterminador que veio do futuro.

Enfim, surgiu uma continuação digna para os clássicos Terminator e Terminator 2. Esqueçam o 3, o 4 e o 5. Para essa nova história eles não serviram para nada. A volta do trio James Cameron (como produtor), Linda Hamilton e Arnold Schwarzenegger fez um bem e tanto para matarmos a saudade dos anos 80 e 90. O filme faz muito bem um mix do melhor dos dois filmes, reconta uma velha história com ares de novidade usando o que sempre funcionou nos filmes, muita ação, pitadas de humor,  destruição, lutas e explora muito bem a força dos dois personagens clássicos. Linda Hamilton dá um show, nossa eterna Sarah Connor, que está envelhecida, mas cada vez mais raivosa, amargurada e extremamente treinada, tendo como seu objetivo acabar com os fantasmas reais que a perseguem há quase 40 anos. O velho Arnold também está bem num curioso exterminador chefe de família, literalmente em retiro dos tempos de missões violentas temporais. Só os dois valem o filme, mas presença de Grace, a ciborgue do futuro, interpretada por Mackenzie Davis, dá um ar de novidade na franquia assim como a Natalia Reyes, Dani Ramos, uma sofrida jovem mexicana que aos poucos vai se transformando e entendendo seu papel no futuro sombrio que a espera. Vale citar também Gabriel Luna dando um toque latino na pele humana da incrível maquina da morte Rev 9.

Podemos ressaltar a força feminina nos três papeis principais: a trinca Grace, Dani e Connor se fecham muito bem como a esperança do futuro da nossa civilização. Tem um pouco de crítica à xenofobia aos latinos, as barreiras de fronteira entre México e Estados Unidos (metade do filme se passa no México), e o tal muro que divide o país é apresentado no filme mostrando o terror e o drama real dos que desejam passar para o outro lado da fronteira.

Exterminador – Destino Sombrio como roteiro não tem muitas novidades. Apresenta sim uma nova roupagem das ideias antigas que funcionam com os nostálgicos e devem impressionar os mais novos, tudo isso somado a efeitos cada vez mais realistas e cenas de ação regadas a perseguições por terra, água e ar, com muitas explosões, socos, tiros que é o que o fã de um filme de ação quer assistir. Obviamente não será um clássico como foram os de 1984 e 1991 onde tudo era novidade e os efeitos especiais (do segundo principalmente) deixavam a plateia de boca aberta, mas conseguiu salvar uma franquia que estava condenada ao esquecimento devido suas ultimas continuações e tem como mérito repaginar os velhos e amados personagens e inserir quase clones simpáticos fazendo um eficiente reebot. E com certeza se nosso futuro ainda está ameaçado por destruidoras máquinas descontroladas, a franquia conseguiu um belo alívio e tem tudo para ter um futuro menos sombrio e mais esperançoso.

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