É a vez de Edward – “Sol da Meia-Noite”

Há 15 anos o mundo conheceu mais uma história de vampiro, misturado ao drama adolescente do ensino médio. Estou falando, lógico, do início da história de amor de Bella Swam e Edward Cullen em “Crepúsculo”.

Quando a série de livros e de filmes chegou ao fim os fãs receberam uma promessa, um livro que contaria a versão de Edward de toda essa história, mas somente em agosto de 2020 o livro foi oficialmente lançado, intitulado “Sol da Meia-Noite” e distribuído pela Intrinseca.

Vamos relembrar da história?

A pequena cidade de Forks, no condado de Olympic, ao norte dos EUA, é um dos lugares onde menos se ver a luz do sol em todo o planeta e, talvez por isso, guarda alguns segredos da melhor forma possível, na própria escola e arredores.

É lá onde a família Cullen escolheu viver há dois anos e “agora” é onde Bella Swam passa a morar definitivamente. O segundo fato não deveria afetar o primeiro, embora cinco dos Cullen’s frequentem a escola local onde Bella passa a estudar, mas acaba sendo o ponto crucial para que tudo mudasse para ambos os lados.

Essa estranha família é formada por laços adotivos, são sete vampiros que cruzaram a vida (ou não vida) uns dos outros. Carlisle e Esme são os ‘pais” que adotaram (ou transformaram) Edward, Rosalie, Emmet, Alice e Jasper, eles decidiram seguir o estilo de vida do “pai”, não caçam seres humanos, apenas animais.

Entre os vampiros o termo “correto” seria clã, e faz sentido, levando em consideração que estão em casais: Carlisle e Esme, Rosalie e Emmet e Alice e Jasper. Edward nunca se apaixonou, ele foi transformado em vampiro ainda muito novo, aos 17 anos, e passou boa parte da sua não vida (existência) se torturando sobre sua natureza.

Isso muda ao sentir o cheiro doce e atraente do sangue de Bella Swam, a atração aumenta porque ela é a única que ele não consegue ler os pensamentos, sua habilidade especial. Ele tenta se afastar, tenta fazer com que essa ligação não termine mal para Bella e, para ele, poderia ser três destinos: ela se apaixonar por ele, ele a matar por causa da sede pelo sangue dela ou ele a transformar em vampira.

Mas se afastar não é nada fácil, a atração que ele sente por ela não é algo passageiro, ele a teria fosse como presa fosse como o amor da existência dele. Então ele começou a se aproximar dela, aos poucos percebendo que ela sentia o mesmo por ele e queria respostas sobre a forma estranha dele e da família agirem.

Ele não podia revelar tudo, há hierarquia e regras no submundo dos vampiros e uma revelação dessa custariam alto, então ele escutava as teorias dela e confirmava ou negava. Dessa forma foi ela quem descobriu tudo, deixando claro que pouco se importava com a natureza dele.

Na verdade, aquilo a fascinava mais do que deveria.

A aproximação de Bella aos Cullen’s foi vista com bons olhos pela maioria dos membros. Alice, que tinha poderes premonitórios, já sabia que se tornaria amiga dela, Esme e Carlisle estavam felizes por ver Edward finalmente bem e apaixonado, Jasper se preocupou no começo, mas sua empatia percebeu o poder do amor entre eles, Emmet achava loucura, mas também se viu amigo de Bella logo quando apresentado, já Rosalie …

Ela rejeitou com todas as forças, só via o quão perigoso aquilo era, o quão Bella poderia colocar toda a fachada da família abaixo e via Edward como egoísta.

O temor dela até se confirmou, quando um clã desconhecido de vampiros apareceu e um deles, James, ficou atraído pelo sangue de Bella e desafiado pela postura de proteção de Edward. A perseguição quase matou Bella, quase a fez se transformar em um deles, mas ficou no quase, ela sobreviveu.

A partir daí Edward passou a viver um dia de cada vez. Ele se via como um perigo para Bella, mas nem conseguia se afastar dela nem ela deixaria, então ele se contentou em tentar a manter humana e bem até que ela “se cansasse” de namorar um vampiro.

Esse livro tem o mesmo corte temporal de “Crepúsculo”, então a história só vai até o baile de formatura deles, quando Bella vai mesmo com a bota de gesso na perna e ainda encontra Jacob por lá, só que é muito mais detalhado. Se não me engano, “Sol da Meia-Noite” é quase o dobre de “Crepúsculo”.

Isso porque Edward é muito mais minucioso do que Bella, talvez seja a consciência centenária dele. Ele começa descrevendo a cena do refeitório, quando a escola está fervilhando com a chegada de Bella, ele debocha dos pensamentos mundanos daqueles adolescentes que ele nem presta atenção.

E por isso a versão dele é mais interessante do que a versão dela, pelo menos do pouco que me lembro (faz mais de 10 anos que li o livro). Ele dá nuances mais profundas de toda a situação, o que cada pessoa ao redor deles pensa, qual seu passado, pra onde ele foi quando sumiu na segunda semana de aula de Bella.

Unindo essa descrição detalhista e as lembranças dos filmes, é possível ver a história se desenrolando. Daí temos um paradoxo, a narrativa é mais longa e lenta, mas é mais atrativa e dinâmica … Estranho, né? Mas estamos falando de vampiros de brilham no sol, qualquer coisa é estranha!

Dos detalhes revelados nesse livro, o desenrolar da caçada de James é a mais interessante, destaco aqui dois momentos.

Primeiro a descrição das visões de Alice para criar o álibi do “acidente” de Bella. Edward ler as visões dela e informa até as peças de roupas da irmã, com todas as idas e vindas, porque ela queria encontrar o caminho perfeito (o plano perfeito). Se a pessoa não prestar atenção na narrativa se perde nesse momento, assim como Edward esquece que ainda está no presente.

Segundo é a revelação de James no vídeo em que faz ao atacar Bella no estúdio de ballet. Não lembro direito se houve menção à isso na versão dela, até porque ela até desmaia em algum momento, mas na versão dele ficamos sabendo que James foi quem transformou Alice, mas ela não o ver quando acordo, por isso não lembra do momento.

Embora eu consiga ver todos os problemas básicos da relação entre Edward e Bella, uma continuação explorando essa história de Alice me interessaria muito. Alice e Jasper são os personagens mais interessantes da trama, gostei deles até no filme.

Falando do filme, fui assistir “Crepúsculo” para relembrar a versão de Bella e, mais uma vez, me decepcionei. Começando pelo roteiro, que mudou coisa demais da história original, tornando a linha do tempo estranha.

Mesmo sem lembrar de muitos detalhes da versão de Bella, eu sei que a história é exatamente a mesma e, pela leitura de “Sol da Meia-Noite”, deu para notar essas mudanças.

Mas é impossível ler o livro sem lembrar de Robert Pattinson (Edward), Ashley Greene (Alice), Jackson Rathbone (Jasper), Peter Facinelli (Carlisle), Elizabeth Reaser (Esme) e Billy Burke (Charlie, pai de Bella). O resto do elenco meio que se perde nas descrições, destaco aqui a própria Bella e Jessica, que não têm nada ver com o que vemos.

Atenção, falo da forma como as personagens foram apresentadas, provavelmente erros de direção e roteiro. Tanto Kristen Stewart quanto Anna Kendrick já se mostraram serem boas atrizes em outros trabalhos.

Falando em Anna Kendrick … tive a impressão que a descrição de Bella feita por Edward se encaixaria muito melhor nela do que em Kristen Stewart.

Outra impressão passada foi que a história de Edward realmente é mais sombria do que é mostrada. Ele é claramente um ser com alma torturada, o tempo todo lembrando de erros do passado e calculando onde poderia errar no futuro, embora tivesse um coração (morto) bom. Os únicos momentos mais iluminados são quando ele está com Alice e com Esme, com Bella ele sempre está com medo, então tem uma certa tensão.

E, detalhe, Robert Pattinson quase perdia o papel porque queria fazer um Edward mais sombrio. Era para terem o deixado exagerar para ele lado, quem sabe atualmente não duvidariam tanto do talento dele.

Agora, verdade seja dita, a versão dele sobre os momentos românticos com Bella são muito mais delicados do que os dela. Tem alguns momentos que você sorrir sem perceber ao ler a cena.

E a pergunta que não quer calar: vai ter filme desse livro?

Não tem nada de concreto sobre isso, mas vou deixar logo minha opinião.

Esse filme seria quase um remake, mesma história sob outro ponto de vista, então teria a oportunidade corrigir erros graves, mas não sei se valeria a pena, não sei se eu teria interesse de assistir, porque também vejo erros na história original.

Exemplo? Edward extremamente invasivo entrando no quarto sem ser convidado, altamente autoritário e ciumento.

Mas, se forem fazer, deve ser bem pensado, com escolha certa de direção, roteiro e elenco, as expectativas estariam altíssimas e te muita gente “dando pitaco” … Vide eu mesma, nesta humilde resenha.

Enquanto não se confirma o novo filme, acredito que os fãs estarão felizes com o livro.

Além disso, sempre se tem a oportunidade de maratonar a saga lá na Amazon Prime Video.

Até mais!

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