Doutor Estranho (2016)
Ainda me lembro muito bem da euforia Nerd em 2008 com o lançamento do primeiro filme do Homem de Ferro. Além do fato de ser um ótimo filme, bem característico de filmes de herói e bastante fiel aos quadrinhos, um fato que chamou a atenção e arrancou elogios de público e crítica foi o fato de ter sido uma adaptação (relevando alguns excessos) fisicamente real. Algo que a trilogia Batman de Nolan já havia estabelecido com sucesso desde 2002 com Batman Begins: pessoas reais combatendo o crime no mundo real. Mas o Universo de heróis e vilões da Marvel é “um pouco” grandinho, vide imagem abaixo. Não dava para usar apenas personagens com super-poderes que podiam ser explicados pela física, química ou tecnologia.
Sabendo disso, o estúdio sabiamente foi dando um passo por vez, e sempre esperando o retorno do público para ter certeza até onde podia ir em cada momento. E aí fomos sendo apresentado a pessoas e seres com poderes de todo tipo, cada vez menos se preocupando com explicação lógica: deuses, alienígenas, mutantes, inumanos, androides, entre outros, até chegarmos ao ponto de aceitarmos de boas sem maiores questionamentos um guaxinim fortemente armado tendo como melhor amigo uma árvore monossilábica simpática. Já temos outros reinos, outros mundos, e outras galáxias. Por que não outros universos? E por que não magia? Não sei se este era o passo mais audacioso, mas certamente foi algo de extrema importância para a Marvel para que fosse possível expandir ainda mais a sua possibilidade de adaptações. A julgar pelo seu novo herói, sua caminhada pode continuar sem medo. Sim, agora temos magos na Terra!
Criado por Stan Lee e por Steve Ditko em 1963, e considerado por muitos um herói “menor”, e desconhecido de boa parte do público que não está acostumado com as HQ’s, Doutor Estranho é o Mago Supremo da Marvel. Extremamente arrogante, estrategista e inteligente. Doutor Stephen Vincent Strange era considerado (ao menos por ele mesmo) o melhor neurocirurgião de Nova York. Após sofrer um grave acidente de carro, suas mãos se tornam trêmulas e ele perde a capacidade de realizar cirurgias. Strange gasta toda a sua fortuna em tratamentos e soluções para a cura até ouvir falar de um método alternativo no Nepal, local aonde conhece o ancião, que lhe apresenta o ocultismo e as artes místicas. O personagem já fez parte de várias equipes da Marvel, como os Defensores, os novos Vingadores e os Illuminati – um grupo secreto formado pelos maiores líderes e gênios da Terra que se reúne para tomar decisões difíceis sobre a raça humana. Este grupo nas HQ’s foi responsável por algumas das sagas mais memoráveis, como “Planeta Hulk” e “Hulk contra o mundo”. Mas isso é assunto para outro momento (e quem sabe outras adaptações no cinema …)
Seus estudos e treinamento em artes marciais o colocam como um dos personagens mais poderosos do Universo Marvel, capaz de habilidades como projeção astral, telecinese, manipulação de energia cósmica e até mesmo transmutação de objetos e pessoas entre universos. Ou seja, muita novidade para quem a pouco tempo ainda estranhava que um reator nuclear podia ser construído dentro de uma caverna. Outro detalhe é que o personagem costuma utilizar diversos artefatos mágicos, como o olho de Agamotto, a capa da levitação, o livro de Vinshanti, dentre outros.
A ótima notícia é que o estúdio conseguiu fazer um filme de origem que apresenta esse lado místico de maneira satisfatória, mantendo o selo de qualidade que os fãs estão acostumados. Um fato relevante neste processo foi a escolha acertada de seu intérprete. O ator britânico Benedict Cumberbatch é muito respeitado no meio artístico e já provou seu talento e versatilidade em filmes e séries como Sherlock, Star Trek, O Jogo da Imitação etc. Como co-protagonistas, também se cercou de gente de talento, como a sempre excelente Rachel McAdams (O diário de uma paixão), o vencedor do Oscar Chiwetel Ejiofor (12 anos de escravidão) e a camaleoa Tilda Swinton (As crônicas de Nárnia) no papel de anciã, responsável por uma das poucas polêmicas envolvendo o filme, já que nas HQ’s o ancião é um homem e asiático.
O filme é uma grande mistura de elementos de filmes de herói, Harry Potter, A Origem, Matrix (“Abra sua mente…”), um leve toque de espiritualismo e uma grande dose de psicodelismo. Por uma feliz coincidência para o público e para o estúdio, os trailers que antecederam o longa foram de “Animais fantásticos e onde habitam” (voltando ao mundo da magia de Harry Potter) e Logan (que promete ser finalmente o filme do Wolverine que a gente espera), já deixando todo mundo no clima do que ia ver pela frente.
Uma preocupação que eu tinha quanto aos efeitos especiais foi deixada de lado logo na primeira cena. Os efeitos estão incríveis! Outra possível preocupação quanto a como a magia seria retratada e como os feitiços e projeções seriam conjurados pelas mãos dos personagens também não se justificou. Não vou dizer que ficou realista porque já seria forçar a barra além da conta, mas ficou muito bem feito. Achei que o 3D ia fazer algum diferencial nesse sentido, mas não achei nada demais. Talvez assistindo em uma sala IMAX a experiência pode melhorar, mas como o filme tem que ser bom não importa a tecnologia utilizada, ele se segura bem na história e na diversão. Ou seja, pode assistir em 2D numa boa. Os artefatos também estão lá, com destaque absoluto para a sua famosa Capa, possivelmente o segundo melhor personagem do filme. E não esqueçam que o filme tem duas cenas pós-créditos, que fazem ligações com os próximos filmes do estúdio.
Outro elemento presente em praticamente todos os filmes da Marvel é o humor. Particularmente, eu ri em todas as piadas e indiretas e achei tudo divertido, mas provavelmente alguns poderão se incomodar um pouco com o excesso de situações cômicas (não vou entrar na briga “DCnautas x Marvetes” e “clima sombrio x comédia”, tirem suas próprias conclusões). Mas o filme não é só pra rir. Tem os óbvios e obrigatórios momentos de ação e uma interessante parte dramática, em que lida com questões filosóficas, existenciais, espirituais, quânticas (tempo/matéria) e sobre vida e morte. Mas, claro, são apenas alguns questionamentos, que não são suficiente para fazer com que o foco seja desviado do ponto principal – ainda é um filme de herói. É o estúdio inserindo elementos que farão as crianças gostarem do personagem, os adolescentes se divertirem com a ação e comédia e os adultos questionarem sobre os aspectos filosóficos. Mas por que não fazer uma mistura disso tudo e fazer com que todos apreciem o filme de sua forma? Desculpem os que acham que a gente só elogia filme da Marvel, mas pra mim ela acertou de novo!
3 Comments
Filmaço.
O 3D na sala imax muda pouca coisa.
Como odeio 3D recomendo a todos a assistirem em 2D mesmo que é mais barato.
VELHO kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk