De lorde a ladrão – “Robin Hood – A Origem”

Quantas vezes já lemos, ouvimos ou assistimos histórias de um arqueiro que roubava dos ricos para dar para os pobres, chamado de ladrão por muitos e de herói por outros? Já o vimos de diversas formas, da mais caricatas até as mais sérias.

Em 2018 foi lançado o longa “Robin Hood – A Origem”, com direção de Otto Bathurst, roteiro de Bem Chandler e David James Kelly e contando com Leonardo DiCaprio como um dos produtores. O filme está disponível no Prime Video.

Há uma promessa, não ser o conto de fadas conhecido pelo mundo, mas a história do jovem lorde Robin de Loxley no ladrão Robin Hood.

Robin de Loxley vivia bem como herdeiro, havia encontrado o amor da vida em Marian, e tudo parecia ir bem, mas ele foi recrutado para servir ao exército na 3ª Cruzada, contra os Sarracenos (no deserto). Foi por causa da missão que ele aprendeu a ser arqueiro, em contrapartida, presenciou injustiças.

Ele não concordava como o seu comandante, Guy de Gisbourne, lidava com os prisioneiros, intervindo no momento em que ele iria executar um moço na frente de seu pai (não adiantou, o moço morreu, mas ele tentou). O pai também era prisioneiro, havia atacado Robin na batalha e perdeu a mão por isso … Ainda assim Robin não gostava do que estava acontecendo.

Gisbourne confrontou Robin, coloco-o em um navio de volta para casa, mas não o aviso que enviou para Marian foi que ele havia morrido em batalha. Demorou muito tempo para finalmente chegar em casa, quando ele chegou encontrou seu sobrado abandonado.

Robin procurou respostas com o frei da cidade, seu amigo de infância, Tuck. Segundo ele, o Sheriff de Nottingham confiscou sua riqueza e expulsou Marian do lugar, já que o dono tinha sido dado por morte e as cruzadas ainda precisavam ser financiadas de alguma forma.

Ele ainda foi atrás de Marian, mas viu que já estava com outra pessoa, Will, o que o fez pensar em desistir de tudo, afinal já estava morto aos olhos de todos. Mas o pai daquele moço, Yahya, havia seguido Robin até lá e mostrou uma nova perspectiva de tudo.

Yahya (John, em inglês) apresentou uma teoria das cruzadas, que não tinham um propósito real, o Sheriff e o Clero estavam usando para confiscar todo o dinheiro do povo para si, talvez fosse um esquema do alto clero. Abrindo essa verdade para todos era possível acabar com as injustiças que Robin presenciou, mas John não poderia fazer isso sozinho e ele confiava no inglesinho que tentou salvar seu filho.

O plano era roubar o banco à noite, disfarçado, usar esse dinheiro para ter influência como o Lorde loxley (naturalmente ele já teria direito a voto, mas não teria influência). Robin teria uma vida dupla a partir dali, encenando nas escandalosas festas do Sheriff e depois roubando seus lucros, que ele entregava nas casas perto da mina (a “favela” da cidade) … incluindo a de Marian.

Marian, por sua vez, não era uma simples cidadã, ela lutava pelos direitos do povo junto a Will, que almejava ser a voz de seu povo no parlamento (vida política). Eles discordavam da forma como as mudanças poderiam ser feitas, então as ideias dela não eram muito bem vindas, por isso ela contava com a ajuda de Tuck para atuar.

Por algum tempo Robin conseguiu fazer esse papel e ser amado pelo povo, ele era o Hood (capuz em inglês). Quando seu plano é interceptado pelo de Marian e Tuck eles descobrem quem é o herói “mascarado” e tentam lutar juntos, com ajuda pouco animada de Will.

A vitória não foi plena, Robin revelou sua identidade para todos, conseguiu aliados, conseguiu começar uma revolução necessária, mas eles se transformaram em “foras da lei”. O homem virou a lenda.

Embora eu tenha crescido ouvindo aquelas versões que comentei no começo, lendo os contos de fadas, eu nunca tinha me interessado pela história de Robin Hood, estava satisfeita em assistir a licença poética de “Once Upon a Time” (amo aquele Robin), mas esse longa me prendeu a atenção.

Esse longa também tem suas licenças poéticas, acredito que a forma como o Clero foi representado tem certo exagero, exceto a parte da corrupção. Infelizmente a Igreja Católica tem capítulos obscuros (não a religião, mas alguns de seus membros, como acontece com quase todas as religiões).

Sempre gostei de história, então conseguir colocar essa lenda em um momento histórico, com alguns detalhes que realmente possam ter acontecido, fez com que eu sentisse empatia pelo personagem e por sua trajetória. Foi bom ver o uniforme de templário, a forma eram as batalhas da época (supostamente) e como os esquemas poderiam ter existido.

Parece um ambiente pesado, certo? Certo, mas o filme não é pesado, há tom de comédia dentro da ação e do drama, trazendo certa leveza. O vilão e, como falei antes, os membros dos Clero são caricatos e o Robin e John trabalham na base do deboche e da ironia.

Tudo na medida certa, não é um filme de comédia, é um filme de ação com alívio cômico bem colocado.

Para que isso acontecesse da melhor forma possível era necessário um elenco a altura. E eles tiveram!

Como Robin de Loxley, ou Robin Hood, está Taron Egerton, famoso por filmes como “Voando Alto”, saga “Kingsman”, “Sing” e “Rocketman” (ainda não superei o fato de ele ter sido esquecido pelo Oscar por esse trabalho).

Como Yahya, ou John, está Jamie Foxx, com uma filmografia de dar inveja, como “Ray”, “Django Livre”, “Dream Girls”, “Colateral”, “Baby Driver”, “O Reino”, dentre outros.

A dupla Taron e Jamie foi a melhor escolha, eles tiveram a química (pelo menos para o público) de Robin e John. Ambos sabem ter esse equilíbrio entre humor e drama, comédia e ação. São capazes de emocionar e ainda provocar algumas gargalhadas.

O Sheriff é interpretado por Ben Mendelshon, que já está acostumado em ser vilão, ele ajudou Talia al Ghul em “Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge” (sem sabe, mas ajuda). Ele também é conhecido por “Rogue One”, “Jogador nº 1” e “Capitã Marvel”.

O frei Tuck é vivido por Tim Minchin, conhecido pela série “Californication” e projetos de humor em variados programas de televisão.

Marian é interpretada por Eve Hewson, cujo primeiro trabalho relevante foi “Ponte de Espiões”, mas desde então está presente em projetos importantes, como “The Knick”, “Tesla” e “The Luminaries”.

Foi fácil (para mim) não gostar de Will, ele é interpretado por um ator que tenho certa implicância, Jamie Dornan. Sim, o Sr. Grey da triologia “50 Tons de Cinza” e é por isso que não sou fã dele (tenho sérias criticas à saga, relacionadas à história em si).

Admito que ele trabalhe bem e seja lindo (minha miopia e implicância me deixam ver isso), mas prefiro lembrar dele como o caçador da Branca de Neve de “Once Upon a Time” e o assassino de nazista em “Anthropoid”. Agora por Will também.

Guy de Gisbourne é vivido por Paul Anderson, o que foi uma excelente escolha para interpretar alguém movida pela ira, afinal ele é o Arthur Shelby de “Peaky Blinders”. Ele também é conhecido por trabalhos como “No Coração do Mar”, “Lendas do Crime” e “O Regresso”.

O diácono era, provavelmente, o cérebro da operação, ele sempre estava presente visualmente, com olhar crítico e superior, só teve uma fala, mas foi marcante para se entender o posicionamento dele na trama. O ator que deu vida a ele é Ian Peck, presente em produções como “Harry Potter e as Relíquias da Morte 2”, “O Lobisomem” e também faz parte da gangue “Peaky Blinders”.

Mais uma vez eu prometo, vai ter resenha de “Peaky Blinders” em breve. Mas os ver em “Robin Hood – A Origem” foi surpresa, não sabia que estavam no elenco do filme (surpresa boa).

Espero que gostem de conhecer a história por trás do conto de fadas.

Até mais!

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