A história por trás do símbolo – “Eiffel”

Um dos maiores símbolos do romantismo é a torre Eiffel, que está inteligentemente localizada bem no centro de Paris. Mas por trás dessa torre há uma história de amor trágica entre o idealizador (o pai) dela, Gustave Eiffel, e seu primeiro amor.

O longa “Eiffel” foi lançado em 2021, tem a direção de Martin Bourboulon, que também assina o roteiro, ao lado de um time formado por: Caroline Bongrand (escreveu o roteiro original), Thomas Bidegain, Natalie Carter e Martin Brossollet. 

A estória retratada é uma romantização da história real, com algumas licenças poéticas, dignas dessa sensação que a torre Eiffel passa, mesmo para quem sequer a conheceu pessoalmente.

Na década de 1880 Gustave Eiffel já tinha prestígio na França, ele havia sido o engenheiro-chefe da construção de uma importante ponte em Bordeaux e teve atuação célebre na construção da Estátua da Liberdade, dos EUA. Naquele momento ele já tinha alguns projetos para uma torre deslumbrante, mas ele estava tentando convencer o governo a investir em um metrô.

Ao reencontrar um amigo da faculdade, Restac, procurando ajuda nesse novo projeto, Gustave tem outro reencontro, ainda mais relevante e avassalador, Adrienne.

Ela foi apresentada como esposa de Restac, mas significava muito mais para Gustave. Adrienne era a filha de um dos investidores da ponte de Bordeaux, 20 anos atrás, eles haviam vivido um caso amoroso mal acabado, algo que deixou cicatrizes em ambos os lados.

Esse passado no presente de Gustave o fez mudar seu projeto, deixou o metrô de lado e apresentou o projeto da torre, com o objetivo de ser algo visto por todos os habitantes da cidade e mais, pessoas do mundo inteiro iriam visitar aquele monumento. O jovem sonhador toma de conta do pragmático Eiffel.

O papel de Restac nisso era facilitar a vida de Gustave, garantir que a reputação dele continuasse boa pela cidade e, assim, os bancos e investidores se interessassem pela construção da torre. E era preciso, porque o projeto era inovador demais para a época, tanto que, aos poucos, essa reputação foi decaindo.

Em meio a todo esse processo burocrático, Gustave precisava superar o passado, evitar qualquer contato com Adrienne, mas a tensão e o magnetismo entre eles tornou isso impossível. De alguma forma, eles precisavam resolver o passado, e o que eles tinham continuava vivo, apesar dos pesares. 

Restac começa a desconfiar disso e começa a minar a reputação de Gustave por trás, que começou a perder prestígio e financiamento. Ainda assim, ele insistiu na construção da torre, conseguindo o apoio dos funcionários e operários. Por outro lado, apesar de ter revivido um pouco do amor e da paixão com Adrienne, a história deles, mais uma vez é interrompida, após uma ameaça de Restac.

A torre foi construída, tornou-se o que é hoje, mas Gustave Eiffel estava de coração partido no dia de sua inauguração … Mas prestem atenção no formato da torre, um “A”, talvez tenha sido a homenagem para sua amada.

Se a história real foi assim eu não sei, mas a estória do longa é comovente, especialmente ao imaginar o tanto de pedidos de casamentos são feitos diariamente em frente a torre, quando o pai do monumento nunca pode viver plenamente o amor.

Mas é interessante notar quem era ele. Nesse ponto da história ele já era viúvo, tinha três filhos pequenos e uma filha mais velha, que era sua assistente, sendo presente na vida de todos. Como chefe parecia ser justo, mas rígido, preocupado com a segurança dos operários, tentando evitar ao máximo acidentes de trabalho.

O fato de a torre ser central não é por acaso. O passado de Gustave não era de riqueza, ele era trabalhador, sofreu alguns preconceitos sociais, inclusive isso foi um dos motivos do mal entendido do passado com Adrienne, então, quando pode, projetou algo que fosse discriminatório, que todos tivessem acesso.

Entre entender o homem por trás da torre, ver Paris sem torre ainda, Bordeaux de antigamente e sofrer por um amor não vivido, o filme engaja o público, encanta com a fotografia, com o figurino, com a atuação e com o idioma – francês é lindo demais, o mesmo tanto que é difícil de aprender.

Sobre a atuação, há uma figura que vai chamar atenção de alguns de vocês, mas que pode surpreender. Falo de Emma Mackey, famosa por causa da série inglesa “Sex Education” e por ser frequentemente apontada como sósia de Margot Robbie (o que não é mentira, igualmente linda).

Em “Eiffel” Emma vive Adrienne, tanto a jovem que se apaixona por Gustave, quanto a sofisticada dama da sociedade que faz Eiffel ter seu flashback. Não assisto a série, mas ao ver o nome dela no elenco eu esperava uma atuação “adolescente”, mas errei muito, é uma atuação madura, que envolve em cada expressão facial, que consegue mudar as fases tão distintas da personagem.

Ok, eu subestimei a série, injustamente, porque tem até Asa Butterfield, então não há amadorismo, reconheço meu erro.

Ah, para quem não sabe e está estranhando a presença de uma atriz “inglesa” em um filme francês, Emma Mackey é francesa, filha de pai francês e mãe inglesa. Lembra a história de outra Emma, a Watson.

Como Gustave Eiffel está Romain Duris, conhecido por alguns filmes românticos franceses e que já está confirmado como Aramis na nova triologia de “Os Três Mosqueteiros”. Ele também vive Gustave nas duas fases e, em um primeiro momento, parece estranho na versão mais nova, mas ao longo do filme essa estranheza vai sumindo, ele vai se encaixando em todas as versões do personagem: o pai, o chefe, o engenheiro, o apaixonado.

Até Mais!

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