Crítica: Um Dia Cinco Estrelas (2023) | Comédia brasileira sobre motorista de aplicativo
O número de carros por aplicativo e o elevado número de pessoas aderindo a esse formato de trabalho para complementar a renda ou como principal fonte de renda é algo cada vez mais comum no país. Pois, os índices de desemprego são elevadíssimos e em contrapartida o custo de vida fica cada vez mais caro. Diante desse cenário, surge o filme Um dia cinco estrelas que acompanha a jornada de Pedro Paulo (Estevam Nabote), que após passar um tempo desempregado resolve colocar o seu amado carro “Mozão” para rodar em um desses apps de carro particular.
Destaquei o cenário econômico porque esse é um dos primeiros, se não o primeiro longa-metragem nacional, a explorar a rotina de um motorista por aplicativo. Considerando que é algo tão comum a algum tempo no país, demorou para que essas personalidades ganhassem algum tipo de visibilidade nas telonas. Mas, o personagem Pedro Paulo vai além do óbvio, e tem toda uma excentricidade para não cair nos velhos clichês de motorista, seu carro é um opala 70 herdado do pai e ele embarca nessa viagem diária para ajudar no concerto do telhado que despencou na sua casa.
Junto com Pedro Paulo vive sua esposa Manuela (Aline Campos), sua mãe Nilda (Nany People) e a filha do casal. Na casa, apenas Manuela trabalha e Nilda aparentemente é uma aposentada que ajuda como pode. Vendo esse cenário, parece até que o filme quer explorar novos formatos econômicos da família, onde as mulheres são as provedoras da casa, mas não é o caso. Na realidade Pedro é um trintão que ainda não amadureceu, não caiu na real e a única coisa que ele valoriza é o seu carro que ele carinhosamente batizou de “Mozão”.
Tudo isso pode gerar um grande incomodo em quem for assistir o longa-metragem dirigido por Hsu Chien, já que o filme se propõe a ser tantas coisas e no final não é nada daquilo. É como se iniciasse uma conversa ou assunto e não concluisse. Parece que as únicas coisas que se resolvem são os problemas e assuntos dos passageiros de Pedro, mas suas questões pessoais sempre ficam para depois e no fim fica aquela mensagem de o amor e a união basta. Algo piegas demais até para uma comédia.
Falando em comédia, poucas coisas são de fato engraçadas em Um dia cinco estrelas, o destaque fica a cargo de Nany People e toda sua irreverência. As cenas dela com a amiga no spa são divertidíssimas. Além, é claro, de todas as confusões com os passageiros de Pedro que vão de homem querendo reatar com a ex-namorada a mulher querendo pegar o marido no flagra.
Do meu ponto de vista, o filme tem um humor que só funcionaria se fosse um seriado de TV no estilo A Grande Família, não porque Pedro Paulo me lembre o Agostinho Carrara, mas pelas piadas e assuntos mesmo. Para que os temas e até os problemas familiares fossem melhor explorados e cada episódio poderia ser com um passageiro com uma situação atípica e cômica. Em vez de colocarem várias situações atípicas acontecendo todas no mesmo dia, seria no mínimo bizarro, por essa razão Um dia cinco estrelas fica saturado e não convence.
Nota: 3/5
Trailer
Ficha Técnica
Título: Um dia cinco estrelas
Direção: Hsu Chien
Duração: 90 minutos
Elenco: Estevam Nabote, Aline Campos, Nany People, Giovane Correa, Danielle Winits, Carol Bresolin, Ed Gama, Hugo Bonemer, Marcos Breda
Sinopse: Em Um Dia Cinco Estrelas, acompanhamos Pedro Paulo (Estevam Nabote) após ele decidir colocar seu amado Opala dos anos 70 na rua, trabalhando como motorista de aplicativo para ajudar a família a sair do sufoco e realizar o grande sonho de sua mãe, que é viajar para Buenos Aires.