Crítica: Toc Toc Toc – Ecos do Além (2023) | Um filme de terror literalmente mediano
Apesar de definir Toc Toc Toc – Ecos do Além como mediano parecer algo rude, os índices já apontavam isso em sites como o IMDB, onde o longa-metragem acumula uma nota 5,9 de 10 e no Rotten Tomatoes que teve 62% de aprovação da crítica. Ser mediano não é bom, mas também não é péssimo, acredito que nesse lugar fique apenas Ursinho-Pooh: Sangue e Mel na categoria de filmes de terror lançados esse ano.
O filme escrito por Chris Thomas Devlin, que disse que a trama é baseada no conto ‘O Coração Delator’ de Edgar Allan Poe, segue uma premissa diferente do conto. No conto original, a história é narrada por um homem que assassinou um velho que morava com ele, conforme ele descreve o crime tenta justificar sua ação através de elementos narrativos que o inocentem. Já no filme, o que temos é um menino solitário, chamado Peter (Woody Norman), que convive com pais abusivos numa casa macabra.
Os pais são Mark (Antony Starr) e Carol (Lizzy Caplan) que, sozinhos, dão mais medo que qualquer espirito ou demônio. Inclusive, se o roteiro optasse por esse caminho, poderia ter saído algo brilhante como O Amigo Oculto (2005) ou Fuja (2020), excelentes filmes que abordam relações abusivas entre pais e filhos e que são chocantes.
Mas não, o filme se perde em um leque de propostas mal definidas. Porque ele apresenta essa relação de Peter com os pais, a forma como isso o afeta e todos os traumas que ele carrega. Até o momento que ele começa a ouvir batidas nas paredes, depois ele passa a escutar uma voz feminina e infantil. A voz na parede alega ser a irmã mais velha dele e, que assim como ele, sofreu com os abusos dos pais e agora vive numa espécie de cativeiro.
Uma boa alternativa para o roteiro de Toc Toc Toc – Ecos do Além ser acima da média, poderia ser eles seguirem esse caminho: onde os pais são os maiores vilões e escondem um segredo macabro. O filho começaria a descobrir aos poucos, através do espirito da primeira vítima dos pais as coisas que aconteceram, mas na verdade está tudo na cabeça dele. Bem ao estilo Os Outros (2001), O Sexto Sentido (1999) e Gêmeo Maligno (2022).
Além dos pais, outro ponto positivo do filme é a direção de arte, fotografia e sonoplastia. A casa sozinha é um filme de terror, você olha o lugar e pensa “ela mete medo” ou “eu não entraria nesse lugar nem a pau!”. Tem cores e uma ambientação quase claustrofóbica, fazendo com que o espectador tenha uma experiência imersiva nos medos e vivências de Peter. Tudo isso complementado pela sonoplastia, onde você não sabe se é melhor ouvir barulhos na parede ou o silêncio misterioso e sufocante que paira no ar numa casa pavorosa.
Por fim, levantados os pontos altos e a escolha errada de narrativa, que no final é ladeira a baixo. Fica a critério de cada um, decidir se vale o ingresso ou não. Eu particularmente, esperaria para ver no streaming, afinal está chegando uma leva de filmes de terror que parecem ser mais promissores que esse nos cinemas. Mas, se você gosta de tirar suas próprias conclusões e não se importa de assistir um filme literalmente mediano. Boa sorte!
Nota: 3/5
Trailer
Ficha Técnica
Título Original: Cobweb
Direção: Samuel Bodin
Duração: 88 minutos
Elenco: Antony Starr, Lizzy Caplan, Woody Norman, Woody Norman
Sinopse: O horror se instaura quando um menino de oito anos chamado Peter tenta investigar os misteriosos sons de batidas que vêm de dentro das paredes de sua casa e um segredo sombrio que seus pais sinistros mantinham escondido dele.