Crítica – Resgate Implacável

E viva o Cinema Brucutu! Há exatos 40 anos, quatro filmes lançados se tornaram o crème de la crème do cinema de violência e ação. No ano de 1985, Charles Bronson, Chuck Norris, Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger com, respectivamente, Desejo de Matar 3, Invasão Usa, Rambo 2 – A Missão e Comando para Matar, empilharam corpos nas telonas e ganharam dinheiro com o sucesso dos quatro filmes. A saga do macho solitário com sede de vingança e sangue, permeia essas obras em que tiros jorravam como água. Passadas algumas décadas, será que ainda existe espaço para esse tipo de filme? A resposta é sim. Com o brucutu britânico Jason Statham, com roteiro do veterano especialista na coisa, Stallone, e direção de David Ayer, estreia essa semana um filme que é um caldeirão, misturando do melhor (e pior) que o gênero produziu, Resgate Implacável (A Working Man, 2025).

Como diz o título, nosso amigo Levon Cade, um ex-militar da força armada britânica, hoje é um pacato trabalhador. Como mestre de obras numa construção em Chicago, segue firme na labuta, tem uma filha que ama e tem um sogro que o culpa, devido as suas crises violentas, de ter sido causa do suicídio da ex-esposa. Tudo corria bem na vida dele, até que um dia a filha do chefe e empreiteiro da obra é sequestrada numa noitada com as amigas. Como o chefe é quase um irmão para Levon, ele resolve arregaçar as mangas e buscar Jenny Garcia. Para isso, tem que enfrentar uma máfia russa que mexe com tráfico de humanos e corre contra o tempo, contando com toda sua experiência como militar para salvar a pele da menina das garras dos malvados contraventores.

Com um roteiro adaptado por Stallone e David Ayer, da obra Levon’s Trade, de Chuck Dixon, Resgate Implacável já começa, logo pelo nome, mostrar a que veio. Com aquelas traduções com cara de Domingo Maior, por quase duas horas (muita encheção de linguiça), Jason Statham, sem muita conversa, está lá para matar quem for maldoso pelo caminho e logicamente sair quase sem nenhum arranhão. Um dos problemas do filme é que em boa parte da trama, Levon acaba investigando passo a passo seus inimigos, tornando cansativo e monótono, já que queremos ver o couro comer. Os vilões, na maioria, são retratados como excêntricos russos, com roupas chamativas e trejeitos forçados, e por mais que sejam tratados como ameaçadores, na maioria das vezes não passam de uns paspalhos, vide o casal que mantém Jenny presa, mais comoventes que assustadores. Como sempre, temos toda a receita de bolo pronta pra um filme do gênero. Um veterano amargurado com problemas pessoais, um sequestro e uma dívida de honra com amigos, um velho companheiro que mora no interior para dar aquela força, e é claro, armas, vilões mafiosos, no caso aqui russos, uma contravenção repugnante, no caso, tráfico de humanos, uma sequestrada com ares de coragem que ajuda o heroi e um final explosivo, em que Levon mostra que não está pra brincadeira.

Jason Statham faz seu papel de sempre, ao menos tenta ser mais reflexivo e humano, mas no fundo, na hora do pega pra capar faz a contagem de corpos sem dó. Michael Pena faz um insosso Joe Garcia, pai milionário de Jenny, que é interpretada por Arian Rivas e não decepciona, apesar de passar metade do filme dentro de um saco…
Resgate Implacável promete o que cumpriu. Um filme à moda antiga com muita violência, tiros, mortes, explosões, mas que se perde um pouco num roteiro, que tenta pagar de elaborado mas acaba gerando mais confusão, além de incontáveis furos para quem quer desligar o cérebro e assistir o Jason esmagando a bandidagem, e nisso o veterano ator faz muito bem e diverte quem gosta da coisa!
