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CRÍTICAS

Crítica – Os Estranhos – Capítulo 2

Crítica – Os Estranhos – Capítulo 2
  • Publishedsetembro 27, 2025

Particularmente, sou uma pessoa que tem sempre um pé atrás com qualquer remake que Hollywood promove. Ideias novas são sempre bem vindas e apenas refazer o que já existe, acho uma total falta de criatividade e ousadia. Podemos até tolerar se o filme já tem cinco décadas e tal, mas no caso de Os Estranhos – Capítulo 1, de 2024, o diretor Renny Harlin resolveu repetir a fórmula de um filme que tinha apenas 16 anos, o bom Os Estranhos (The Strangers, 2008). E para piorar a situação, prometeu uma trilogia, tentando explicar tudo sobre o trio de mascarados. Se ele já tinha feito um filme sem sal e dispensável ano passado como parte um, esse ano nos presenteia com Os Estranhos – Capítulo 2 (The Stranger – Chapter 2, 2025), estreia dessa semana no Brasil.

O filme segue logo após os acontecimentos do primeiro capítulo. Maya está internada num hospital da cidadezinha de Vênus, depois de passar uma noite de terror e ter a cabana onde estava atacada por três mascarados. Na invasão o namorado foi morto e ela levou uma facada. A polícia local faz pouco caso e à noite, internada no hospital, ela passa a ser perseguida novamente pelo trio de mascarados e precisa mais uma vez fugir e lutar pela sua vida, passando por maus bocados na tenebrosa e pouco hospitaleira cidade de Vênus.

Bom, se isso serve de consolo, o capítulo 2 é melhor que o primeiro. Não que seja mérito do segundo filme, que é bem fraco, mas perto do filme do ano passado, Os Estranhos – Capítulo 2, ao menos nos dá boas doses de suspense no angustiante jogo de caça e rato entres os três psicopatas da cidade e a pobre Maya. E digo pobre Maya mesmo, porque ela literalmente sofre horrores. Claro que não vamos levar em consideração que ela tinha levado uma facada que quase a matou no filme anterior e mesmo assim, com curativos e sangrando, fugiu do hospital só com as roupas de paciente e sem sapatos. Além de ter que fugir dos malvados de máscara, precisa ainda se esconder numa gaveta resfriada de necrotério, correr na chuva e no asfalto (lembre-se sem calcados), pula de carros em movimentos, além de ser obrigada a rever a casa onde passou todo o pesadelo, e pra completar, ainda tem que enfrentar um javali. Sim, a moça tem um embate daqueles com um pouco amistoso e gigantesco animal feito em CGI para completar seu sofrimento. O diretor não estava pra brincadeira e fez a personagem, interpretada por Madelaine Petsch pagar seus pecados sem dó. E é claro, enfrenta um bocado de corpos, em diversas mortes, que ela presencia no caminho. 

Talvez, o que difere o segundo filme pro primeiro, é que o de 2024, ao contrário do filme original de 2008, em poucos momentos conseguiu nos dar aquele sensação de pavor e claustrofobia na casa invadida, provocando poucos sustos e surpresas. Fica nítido que Herlin foi mais feliz em criar essa sucessão de intempéries para Maya em mais de um cenário. Essa ampliação de locais de atuação, funciona muito bem, criando momentos de tensão frenéticos e dando à personagem uma força e personalidade que pouco tinha no primeiro. Mas nada que justifique uma sequência e a criação de uma trilogia para isso. Na maioria, o filme é uma sucessão de situações que angustiam mais pelo silêncio e aflição da moça que pela destreza das imagens, realmente Madelaine tem uma  boa atuação. E os flashbacks do passado, envolvendo pessoas da cidade dão início às possíveis explicações das motivações do trio, que provavelmente serão esclarecidos no terceiro filme.

Os Estranhos – Capítulo 2 é um filme com boas intenções, mas carece de uma direção mais firme, que resolva ligar melhores as cenas, com um roteiro cheio de buracos, tão vazio quanto o bolso do brasileiro depois de ir a algum supermercado. E a notícia ruim é que para assistir esta sequência, é necessário ter visto o primeiro, ou seja, o sofrimento é dobrado. E para piorar a situação, mais ou menos como os perrengues que Maia sofre no filme, ano que vem teremos que aguentar a terceira parte, triplicando a tortura…

Written By
Lauro Roth