Crítica: O Terceiro Andar – Terror na Rua Malasanã

‘’Em nome da pátria, da ordem e de Deus’’, eram três pilares da Era Franco, momento histórico de quase 40 anos que a Espanha viveu sobre uma disciplina conservadora, baseada em valores de conservadorismo e muita influência da igreja católica nos costumes familiares.Com a morte de Franco, no meio dos anos 1970, o país passou por uma nova retomada tentando fazer uma condução daquele país antigo e fechado para o mundo para se tornar moderno e em ebulição. E é em 1976, exatamente em uma Madri em transição, mais precisamente na rua Manuela Malasanã que se passa o filme de terror espanhol O Terceiro Andar – Terror na Rua Malasanã (Malasanã 32, 2020) de Albert Pinto que estreia essa semana nos cinemas.

O filme conta a história da família Olmedo, encabeçada pelo casal Manolo e Candela, que junto com seus três filhos e o avô, largam sua cidade interiorana em busca de prosperidade e novos ares na capital espanhola. Se mudam para um amplo e antigo apartamento no terceiro andar da Rua Manuela Malasanã. Mas aos poucos a família Olmedo começa ter sua vida atormentada por uma estranha e aterrorizante presença do além que habita aquele sinistro apartamento.

Por motivos óbvios, esse filme que tinha estreia agendada para março de 2020, consegue apenas estrear nos cinemas brasileiros em novembro. Em um ano que foi quase um filme de terror para a humanidade, se O Terceiro Andar não decepciona, ele também pouco acrescenta para o rol de filmes de horror. O filme rodado no bairro Malasanã em Madri, que continua com sua arquitetura clássica até hoje, é cercado de lendas e mistérios, inclusive uma rua do bairro é considerada a rua com mais assassinatos por metro quadrado de Madri. Usando essa premissa mística e sinistra do local, o roteiro a quatro mãos consegue construir uma história de medo usando um apartamento como cenário do drama da família. A reconstituição e atmosfera criada dentro do local funcionam muito bem, gerando um eterno clima de que a qualquer momento tudo pode acontecer, a fotografia é muito boa e o filme é bem dirigido, mas o excesso de previsibilidade nos sustos, uso de trilha sonora e principalmente do artificio do jump scare mais incomoda que realmente causa medo. Sério, se a tal rua é a de mais assassinatos por metro quadrado o filme deve ter mais jump scare por minuto do cinema. Até virada de chave na maçaneta é pontuada com esse recurso.

O elenco, basicamente a família Olmedo, individualmente não funciona bem, mas quando juntos enfrentam o mal, passam um senso de maturidade e realismo poucas vezes visto em produções do tipo, fugindo do estereótipo clássico de famílias assombradas que se negam a deixar a casa, eles sim ao verem o problema morrem de medo e fogem. Enfim não se destacam mas não comprometem a trama. Não tem como não comparar algumas referências do filme a clássicos como Poltergeist e produções novas que bebem em fontes e referências setentistas como Invocação do Mal, ou seja, famílias que ‘’invadem’’ residências tomadas por entidades perturbadas por um passado nebuloso que são extremamente vingativas e possesivas. Aliás o filme também demora demais para explicar a motivação de a entidade atormentar os Olmedos, deixando para os vinte minutos finais, uma atropelada tentativa de esclarecimento de motivação de tanta assombração. Mas confesso que mesmo assim, o filme dá uns belos sustos, a atmosfera setentista, o apartamento sombrio, a religiosidade espanhola como bala de prata para tentar combater o mal conseguem prender o espectador, mesmo sabendo que já vimos isso muitas vezes em muitos e muitos filmes. Enfim além de  ficar como ponto positivo, ao menos para mim, a volta aos cinemas depois de 8 meses de seca de telas grandes, mesmo que gradualmente (é bom aproveitar essa pequena trégua e com cuidados ir ao cinema), O Terceiro Andar, se não pode entrar no nível de grandes produções do tradicional cinema fantástico espanhol, dentre os poucos lançamentos de terror desse ano que já é um horror, se destaca mesmo com os usuais clichês jump scare infinitos e trama mal desenvolvida, ainda funciona e provoca alguns calafrios, ainda mais assistindo na tela grande.

O 3º Andar – Terror na Rua Malasana” (Malasaña 32) é o novo filme de terror dirigido pelo espanhol Albert Pintó, que também assina a direção de produções como: “Matando Deus” e “RIP”. No seu novo trabalho, com estreia agendada para 26 de março, o bairro Malasaña, em Madri, serve de palco para acontecimentos sobrenaturais.

O longa conta a história de uma família que se muda para sua nova casa, no 3º andar de um prédio, e enfrenta situações inesperadas e incompreensíveis, que são potencializadas pelo desaparecimento de um filho. Com distribuição nacional Paris Filmes, o terror apresenta uma narrativa cujos sentidos são sempre explorados. O que era apenas um sentimento familiar começa a se materializar em fenômenos que não podem ser explicados, apesar de serem vistos e vividos.

Sinopse: Manolo e Candela se estabelecem no bairro Malasaña, em Madri, com seus três filhos e o avô Fermín. Eles deixam sua cidade natal para trás em busca da prosperidade que parece ser oferecida na capital de um país em plena transição. Mas há algo que a família Olmedo não sabe: no apartamento do 3º andar em que os integrantes vão morar, eles não estão sozinhos.

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