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CRÍTICAS

Crítica – O Homem do Saco

Crítica – O Homem do Saco
  • Publicado em: janeiro 29, 2025

Um dos artifícios mais recorrentes de mães na minha tenra infância era assustar os filhos em prol da obediência deles. Juntamente com aqueles recados que tínhamos que chegar em casa depois das brincadeiras na rua, antes do anoitecer, era comum ouvirmos histórias como a de um velho bêbado e louco com um saco, que dentro tinha crianças (ou pedaços delas). Ao chegar a noite, ao avistar moleques perambulando como gatos nos quarteirões, o velho os capturava,  jogando-as dentro do saco. Por um tempo essa história, que ao menos para mim era sobre um velho do saco, fez com que muitas crianças, ao verem algum senhor, às vezes com apenas alguma sacola, já provocava a fuga imediata da piazada para o recanto do lar e curtir a segurança das mães. Essa é uma história universal para botar medo nas crianças e o cinema também não ia deixar de adaptar para as telonas essa lenda urbana para o universo do terror. Coube a Colm McCarthy dirigir O Homem do Saco (Bagman, 2024), uma das estreias da última semana de janeiro de 2025.

Patrick  vive com sua esposa Karina e o filho Jaske em uma pacata casa de campo. Ele tem uma madeireira e está prestes a entrar em falência. Para piorar, nas noites sentem que estão sendo vigiados e tendo a casa invadida por um estranho. A polícia não acha provas para tal invasão, mas a cada noite Patrick se sente mais ameaçado, ouve barulhos sinistros, pedradas na janela, além de conviver com inúmeras interrupções de luz. Então, descobre que um trauma do passado que seu pai ajudava a alimentar, que era a lenda de um homem do saco que sequestrava crianças, poderia ser a pista crucial para o pesadelo que ele e a família estão prestes a enfrentar.

Estamos apenas no final de janeiro e já temos um dos candidatos a pior filme que assisti no ano. O Homem do Saco, de Colm McCarthy, faz seus pouco mais de noventa minutos de duração se tornarem um tédio sem fim. Usando como mote a lenda urbana do homem do saco (para mim era o velho mesmo), o roteiro de John Hulm tenta misturar o horror de uma criatura sinistra atormentando uma família a traumas de infância, questões mal resolvidas do passado, e no caso de Patrick, um pai mau que só o deixava morrendo de medo. Só que essa mistura de terror com falta de terapia tem um ritmo irregular demais, abusa de flashbacks repetitivos e cada noite de pavor dos McKee parece um looping eterno, o que seria criativo se fosse proposital, mas não, os perrengues noturnos da família pouco assustam e se repetem quase de maneira idêntica. Não lembro de ter algum momento que tenha sentido um frio na barriga ou levado um susto em toda a projeção, o que vamos combinar, para um filme de terror é, digamos que, estranho. Até a criatura, o tal homem do saco, custa a aparecer, não sabemos bem qual a sua intenção, sei que é vingativo, tem um saco com um zíper que fica abrindo e fechando, que provoca mais aporreamento que tensão. E pior: o casal morrendo de medo com tal ameaça ainda deixava o filho pequeno dormir sozinho, sendo controlado por uma câmera no berço. Se fosse comigo a criança não sai mais debaixo do meu braço…

O que também prejudica o filme é a total inércia das atuações do casal protagonista, Sam Claflin, como Patrick e Antonia Thomas, como Karina, são um dos casais mais sem graça já vistos na telona. Sem química, feeling zero e não criam nem aquele sentimento de torcida pelo casal, de tão insossos que são. E incluo até o menino Jake, filho deles, com sua vozinha irritante e sua flauta-apito insuportável que enche muito saco. Atuações inclassificáveis para a família McKee.

O que comentar de um filme de terror que enrola por uma hora e meia, não provoca sustos, tem uma história e um personagem mal aproveitado que aparece a valer no patético final apenas e tem atuações  medonhas? Um filme para se jogar no fundo de um saco e fechar bem o zíper, que de tão fraco nem candidato a ser revisto num futuro tem potencial. Assistam por sua conta e risco…

Written By
Lauro Roth