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CRÍTICAS

Crítica – Karate Kid – Lendas

Crítica – Karate Kid – Lendas
  • Publishedmaio 8, 2025

Mais certo que dois mais dois são quatro é que Hollywood não iria deixar de surfar no sucesso da série Cobra Kai (2018-2025) e retomar a saga dos meninos lutadores e seus senseis, Karate Kid. Depois de ir para a China em 2010, com Jackie Chan fazendo papel de Senhor Miyagi do Kung Fu, agora com o  diretor Jonathan Entwistle, a franquia volta para os Estados Unidos, mais precisamente para Nova Iorque, onde um garoto chinês é treinado pelo próprio Chan e também por Ralph Macchio, nosso eterno Daniel La Russo. Karate Kid – Lendas (Karate Kid – Legends, 2025) é a estreia esperada da semana nos melhores e piores cinemas do Brasil.

Pequim, depois de perder o irmão violentamente, Li Fong  e sua mãe decidem abandonar a China e partir, em busca de novos ares, para Nova Iorque. O garoto, lutador de Kung Fu e pupilo de Mr. Han, vai embora contrariado. Na grande maçã, ele acaba se interessando por Mia, filha de um pizzaiolo do bairro. Só que a menina é ex-namorada de Connor, um valentão tóxico e exímio lutador de artes marciais. Depois de sofrer nas mãos do rapaz, Fong decide encarar o Torneio dos Cinco Bairros, uma competição de luta onde Karatê e Kung Fu se misturam pelas ruas de  Manhattan. Mas para isso, pede ajuda ao seu antigo sensei, Mr. Han, e esse recorre ao antigo pupilo de Sr. Miyagi, Daniel La Russo, para ensinar o método do velho japonês. Os dois se unem para treinar Fong, que tem que  enfrentar seu maior inimigo e vencer seus  antigos traumas.

Realmente tenho pouco a falar sobre Karate Kid – Lendas. O filme, longe de ser ruim, entrega exatamente o que o povo que vai assistir espera. Entretenimento e diversão. A  película simplesmente usa e abusa de todos os clichês dos filmes do gênero, numa miscelânea do melhor e do pior que já foi produzido. Típico do filme que já vimos diversas vezes, mas mesmo assim jamais cansa e perde seu charme. Dentre eles, um garoto com uma perda familiar traumática, envolvimento com a ex de um casca grossa, e espancado e humilhado pelo tal valentão que treina na academia de um professor sem escrúpulos, em busca de  vingança, tem como treinador dois antigos sábios, tem golpes na manga para vencer, cabeça minada por  flashbacks, mãe que o reprime por lutar, além de lambuja, ainda tem que vingar o seu “sogro”, que tomou uma ruim de agiotas e no ringue quase morreu por causa de um golpe baixo. Todas essas situações já vimos em muitos filmes, tanto do Karate Kid, Van Damme e seus dragões e leões brancos e até na saga Rocky Balboa.

Em suma, o roteiro não apresenta nada de muito novo, apenas insere mais piadas na trama, ainda mais com senseis como Jackie Chan e Ralph Macchio (em voga novamente devido a Cobra Kai), que divertem mais, que digamos assim, treinam… Mas mesmo com essas repetições, o filme empolga e conta uma história bem amarrada, lutas muito bem coreografadas, com destaque à primeira sequência de Fong mostrando seus dotes marciais, defendendo seu sogro, com golpes e situações que emulam o melhor dos golpes acrobáticos, com apelo visual de Jackie Chan. Os embates do Torneio dos Cinco Bairros também funcionam muito bem ao usar câmeras lentas e closes pausados, além de marcações de pontos na tela a cada golpe, dando um clima de videogame às lutas. Ben Wang manda bem como o garoto Li Fong, levando bem a tradição dos “Kid” da franquia, com carisma e ótimas cenas de ação. Joshua Jackson está ótimo como Victor, o dono da pizzaria e pai de Mia, que é interpretada por Sadie Stanley. Já Ralph Macchio e Jackie Chan estão excelentes e muito divertidos como La Russo e Mr. Han, e que a só a junção dos dois senseis, já vale sair de casa e pagar o ingresso. 

E o melhor de Karate Kid – Lendas é que mesmo não conhecendo bem a série de filmes e não tendo assistido o seriado, não é empecilho para compreensão da universal história. O filme abre as portas para qualquer um se aventurar na saga Karate Kid. Uma trama com diversas pitadas dos outros filmes, que acerta em  acrescentar novos personagens carismáticos à franquia. Inclusive talvez esse nome, Karate Kid, já não faça mais tanto sentido, porque se tivermos continuações, O Garoto Kung Fu seria mais condizente com as habilidades de Li Fong. 

Até a duração do filme é um gol de placa. Por exatos e precisos 90 minutos somos transportados para um filme que é sessão da tarde pura, utiliza e melhor, atualiza todos os clichês de inúmeros filmes, emplaca um trio excelente de mestre e pupilo e diverte muito com bem. Uma história simples e sem rodeios que não se fazem mais nas telonas, tem tudo para agradar a qualquer um que for assistir, mesmo que já tenhamos visto essa história centenas de vezes, mas quando é bem filmada e nos abre um sorriso no rosto, provocando uma saudável nostalgia ao assistir, vale muito a pena conferir!

Written By
Lauro Roth