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CRÍTICAS

Crítica – Drop – Ameaça Anônima

Crítica – Drop – Ameaça Anônima
  • Publishedabril 10, 2025

Talvez, o direito, que devido à nossa paranoia por segurança, mais entregamos sem questionamentos é o da privacidade. Em um mundo em que câmeras estão em todos os lugares, celulares são facilmente rastreados e nossos passos estão em constante observação, se tivermos vontade de simplesmente sumir da órbita, nem que por alguns momentos, é algo quase impossível. Christopher Lambert, na nova empreitada da Blumhouse, cria uma atmosfera de terror e sufocamento com ameaças pelo celular no aguardo Drop – Ameaça Anônima (Drop, 2025), com estreia para essa quinta-feira.

Violet é uma profissional que trabalha dando apoio para mulheres que tiveram relacionamentos violentos e problemáticos. Com muita experiência pessoal, foi casada com um homem abusivo, viúva e mãe de um filho de 5 anos, depois de muito tempo, tem um encontro marcado com Henry, um fotógrafo. Ela deixa seu filho com sua irmã Jen e se manda para um jantar romântico num chiquérrimo restaurante no alto de um prédio de Chicago. Só que sua noite começa a ruir quando começa a receber estranhas mensagens pelo celular, ordenando que ela obedeça ordens senão seu filho vai ser morto. Violet então se vê acuada pois sabe que está sendo observada, tem certeza da ameaça de morte porque tem câmeras na sua casa e viu que existe um homem mascarado lá. E a coisa começa a ficar dramática quando recebe ordens de matar Henry, seu date da noite.

Drop – Ameaça Anônima é daqueles filmes com pouco mais de 90 minutos de hoje em dia que conseguem prender, angustiar e divertir o espectador. Lambert usa como cenário um restaurante de luxo com vista panorâmica e mensagem via AirDrop (uma função do iPhone para mandar mensagem para pessoas que estão em uma distância próxima) para criar um suspense moderno, mas que sabe utilizar vários elementos de clássicos do gênero para provocar medo. A ideia não é nova, muitas vezes cartas anônimas e telefonemas sinistros eram armas para psicopatas atormentar suas vítimas, o que temos de novo é realmente a maneira como Lambert conduz a história, sabendo usar as câmeras em diversos ângulos, com show de imagens, trackings seguros, closes e tomadas que transformam o ambiente de luxo numa claustrofóbica ratoeira. Ele também ilumina apenas possíveis suspeitos em cenas, reproduz as falas das mensagens no chão e nas janelas do restaurante em tom surrealista, o que só aumenta toda a aflição da personagem. E a maneira como o algoz consegue literalmente matar Violet é perturbadora. 

Usando de todos os recursos tecnológicos como clonar um celular, bloquear sinais, câmeras por toda a parte, ela está completamente atada e exposta para ser manipulada pelo vilão da trama. Diversos personagens formam a fauna do restaurante, desde a prestativa bartender, o metido a engraçado garçom, o pianista simpático, a gerente do restaurante, um homem de meia idade aguardando a mulher que marcou um encontro às cegas, um grupo de jovens numa grande mesa, todos são suspeitos e ao mesmo tempo vivenciam o drama e os dilemas de Violet, que não pode pedir ajuda. 

Mas mesmo com toda essa situação de tensão constante, o filme quebra o gelo com alguns momentos cômicos em tiradas boas, brincando com os sempre tensos primeiros encontros oriundos de aplicativos, muitas vezes tremendas ciladas, mesmo se tornando por vezes até uma comedia de erros, tamanhas as inusitadas saídas que Violet tem que ter para não deixar ninguém desconfiado do que está se passando.

Meghann Fahy, como a atormentada por traumas do passado Violet, está ótima no papel, mostrando firmeza e angústia na dose certa, na verdadeira sinuca de bico em que acabou envolvida. Já Brandon Sklenar, como o fotógrafo do prefeito, Henry, está mais engessado no papel, mas não decepciona, tendo uma paciência incrível e num primeiro encontro tem que aguentar Violet e suas peripécias para enganar o ameaçador emissor de mensagens sem saber de nada que está acontecendo. Violett Beane é a irmã de Violet que tem que cuidar do pequeno Toby.

Drop – Ameaça Anônima não decepciona, nos entrega um bem costurado thriller, que faz a gente sofrer junto com Violet e se admira com a força mental da personagem com tamanha situação. Um filme visualmente impactante, que derrapa apenas um pouco no final, onde perdeu um pouco o impacto do confinado cenário do restaurante, mas não perde a tensão, além de divertir e brincar com nossas paranoias de um mundo em que somos vigiados constantemente e somos reféns de nossos próprios medos.

Written By
Lauro Roth