Crítica: Deserto (2017) | Um filme desesperadoramente belo
No exterior o filme foi lançado em 2015, mas chegou ao circuito brasileiro hoje. Moisés (Gael Garcia Bernal) junto a um grupo de pessoas embarcam numa viagem perigosa para atravessar a fronteira entre o México e os Estados Unidos, com aquele velho desejo de tentar uma vida melhor. No trajeto da viagem, seus caminhos se cruzam com o preconceituoso e sádico Sam (Jeffrey Dean Morgan) a partir disso, os imigrantes passam a ser literalmente caçados, e terão que sobreviver a perseguição de Sam e encarar os desafios de estarem no deserto.
Levando em consideração o atual cenário político do EUA, o filme traz uma temática que vem a calhar; xenofobia e intolerância, que são magnificamente representados pelo personagem Sam, e devido á isso, como num ato de desespero o que milhares de pessoas passam para viver no tão sonhado país das oportunidades, vivido por Moisés e o grupo de mexicanos. Estreando como diretor Jonás Cuarón que já foi roteirista de Gravidade, trabalhando junto ao seu pai Alfonso Cuarón que era diretor, ou seja, a sétima arte já faz parte da família.
Cuarón prova isso a nos apresentar um filme que traz beleza e tensão. Beleza pela locação, fotografia e todo o jogo de câmeras que cria um efeito dramático, mas ao mesmo tempo poético. A tensão fica a cargo do solitário Sam (Jeffrey Dean Morgan) e seu cachorro Rastreador, que juntos matam os mexicanos, um a um e a localidade é completamente desfavorável para que possam escapar com vida.
Depois do drama e terror, seja pessoal ou o drama social implícito, a fotografia é o maior destaque do filme, que fica por conta de Damian García que em harmonia com o roteiro, trabalha com grandes planos e planos abertos, para demonstrar a imensidão do lugar transmitindo ao espectador a agonia e ao mesmo tempo solidão e nos planos fechados trabalhar o desespero dos personagens na luta pela sobrevivência.
Deserto é um filme de certa forma previsível e com elementos que já estamos habituados a ver em outros filmes similares, mas o seu diferencial está na forma como foi desenvolvida, um roteiro bem feito harmonicamente com a fotografia e ótimas atuações, com destaque para Jeffrey Dean Morgan, na pele de um homem violento, mas que nos detalhes entrega uma história marcada por tristeza e solidão. O tipo de filme que vale o ingresso ou uma tarde de domingo em casa.
Nota: 7/10
Direção: Jonás Cuarón
Elenco: Gael Garcia Bernal, Jeffrey Dean Morgan, Alondra Hidalgo, Diego Cataño, Marco Pérez, Oscar Flores, David Lorenzo.
Sinopse: Moises está viajando com um grupo de pessoas que tenta atravessar pela fronteira do México com os Estados Unidos, buscando uma nova vida no norte. No caminho, eles se deparam com Sam, um solitário homem que assumiu as funções da patrulha na fronteira em suas mãos racistas. Todos têm que achar um jeito de sobreviver nessa paisagem incrivelmente brutal antes do deserto consumi-los.
Trailler