Close
CRÍTICAS

Crítica – Bridget Jones – Louca pelo Garoto

Crítica – Bridget Jones – Louca pelo Garoto
  • Publishedfevereiro 12, 2025

Não deixa de ser louvável uma série de filmes de comédia adulta passar por mais de duas décadas e ainda manter o fascínio e a dignidade. A saga de Bridget Jones, a britânica mais atrapalhada das telonas, interpretada pela estadunidense Renée Zellweger, ganha mais um capítulo de sua história, o quarto da franquia, Bridget Jones – Louca pelo Garoto (Bridget Jones – Mad About By, 2025), com direção de Michael Morris.

Bridget Jones hoje é uma viúva. Seu marido, Mark Darc, faleceu há quatro anos, ela segue em luto e sente falta do seu amor, tendo como bálsamos seus dois filhos, o garoto Billy, de 9 anos, e a pequena Mabel, de 4 anos. Como rede de apoio, ainda conta com o ex-affair, o charmoso Daniel, que dado como morto no filme anterior, está vivíssimo, além de seus grandes amigos, Jude, Shazzer, Tom e Miranda. Um dia, com um surto de motivação, decide voltar para a pista e procurar alguém. Usando aplicativos de relacionamentos, se envolve com o jovem Roxter, mas também precisa enfrentar problemas mundanos de uma mãe com dois filhos e viúva, como a falta da figura paterna, que seu filho sofre e que vive em embates com o professor Wallaker, a eterna cobrança de ser uma mãe perfeita, ou seja, as dificuldades reais de uma mulher com cinquenta anos, de conciliar família, carreira e coração.

Renée Zellweger, mais uma vez, dá vida ao adorável personagem de Bridget Jones. Não tem como não se encantar com as trapalhadas da produtora de TV, seu bom humor e simpatia, e nove anos depois, a personagem ainda mantém todo seu carisma. Hoje uma cinquentona, enlutada com a perda do grande amor, calejada da vida, está, dentro do possível, mais sóbria, madura e melancólica,mas não perdendo a ternura. Bridget é um retrato realista de uma mulher de meia idade. Hoje as cobranças não são mais por um relacionamenro perfeito, sexo, curtição e uma carreira brilhante. E sim, com o tempo que os filhos podem ficar nas telas, a eterna competição das mães pela maternidade perfeita, enfrentar as perdas do marido e do pai, além de provar para a sociedade que ainda tem espaço para o trabalho e para o amor.

No filme temos a volta dos grandes amigos de Bridget, presentes em todos os filmes da franquia, mas quem brilha mesmo é Hugh Grant, de volta ao papel do Casanova sedutor Daniel, Emma Thompson como a espirituosa ginecologista Rawlings e sua ex-colega de TV, a apresentadora Miranda, interpretada por Sarah Solemani, sempre dando aquela força para Bridget voltar para a vida. Mas por mais que o filme tente se adaptar aos tempos atuais, o quarto filme peca pelo que os filmes anteriores tinham de melhor: as piadas inteligentes e características do humor clássico inglês. O filme tem seus momentos cômicos, mas provoca poucas risadas forçando demais a melancolia da personagem, o que pouco condiz com a essência da série, apostando demais na maturidade de Bridget e seus dramas familiares, o que em certos momentos faz o filme perder o ritmo e se tornar até aborrecido e sonolento. Além de insistir em fantasmas do passado, o filme ainda utiliza de flashbacks para mostrar os momentos áureos de outros filmes, como se tivesse simplesmente enxertando cenas para completar a trama.

Bridget Jones – Louca pelo Garoto insiste no mote da mulher madura, um filme que pode agradar mulheres com mais de quarenta, que irão se identificar com a nova fase da personagem, mais reflexiva, tratando de maneira coerente temas como luto, maternidade, desafios e obstáculos para mulheres de mais de 50 anos, tanto na carreira profissional, quanto na dificuldade de encontrar um grande amor novamente. Mas mesmo com uma trilha sonora empolgante, uma Londres fascinante como pano de fundo, um elenco de apoio de primeira, o filme peca por não fazer rir, perdendo a essência que era característica que fez Bridget encantar o mundo, uma pessoa espirituosa, desengonçada, que esbanjava alegria e otimismo, que pelo visto nos últimos 10 anos foram deixados de lado por ela. Um filme 6.5, agradável, por vezes emocionante e humano, mas com pouco do melhor que Jones nos ofertou nos últimos 20 anos…

Written By
Lauro Roth