Bloodshot (Vin Diesel) in Columbia Pictures’ BLOODSHOT.

Crítica | Bloodshot

Abro esse texto falando de ciência. Mais precisamente a nanotecnologia. Tecnologia que trabalha com objetos entre 1 e 100 nanômetros. Em uma medida de um metrô temos 1 bilhão de nanômetros, uma folha de papel tem em média 100 mil desses e o DNA humano tem um diâmetro aproximado de 2,5 nanômetros. Desvendando as escalas, a nanotecnologia serve para controlar matérias em tamanhos moleculares e de átomos, já é atuante e possui componentes em diversas áreas de pesquisa, como eletrônica, computação, engenharia de materiais e medicina. Na medicina ela já possui microprocessadores que entram em células, influem no funcionamento de órgãos humanos, suas microssondas podem fazer testes sanguíneos dentro do corpo humano, pode atuar para destruir vírus e bactérias, desobstruir artérias e regenerar tecidos do corpo. Mas falando de cinema, um filme estreia nessa semana que envolve uma adaptação de um anti-herói da cult editora Valiant, Vin Diesel, o personagem principal que é regenerado via nanotecnologia – falo de Bloodshot (idem, 2020), com direção de David S.F Wilson.

Ray Garrison era um soldado de elite que sempre era escalado para as mais arriscadas missões. Um dia ele e sua esposa são assassinados por um terrorista e o exército americano doa seu corpo para uma mega corporação cientifica, a RST, que através da nanotecnologia o transforma num soldado praticamente indestrutível. Essa corporação tem como missão transformar ex-soldados feridos em soldados especiais usando alta tecnologia. Ray vira uma máquina sobre-humana, já que seu corpo se regenera a cada ferimento devido à micropartículas regeneradoras, mas o que Ray não sabe é que a RST tem o poder de programar sua mente e memórias, provocando dúvidas sobre o que realmente é verdade na sua nova vida.

Gratíssima surpresa essa adaptação da Valiant Comics, fugindo um pouco da dicotomia DC e Marvel, Bloodshoot acerta em um explosivo e violento filme, com um roteiro que acerta criando interessantes reviravoltas fazendo com que o espectador se sinta como Ray, sempre em dúvidas do que é ou não real na mente do personagem. Explorando o lado mais primitivo e instintivo do herói, o que provoca os sentimentos de vingança e raiva, Bloodshot foge do super-herói bonzinho e salvador do mundo, pois está ali forçado e por sua própria causa.

Vin Diesel é sempre Vin Diesel, né? Mesmo no auto dos seus 52 anos ainda consegue com sua canastrice e massa muscular segurar quase duas horas de ação, tiros, efeitos e explosões, não fugindo do que sempre fez nas quinze mil continuações de Velozes e Furiosos, mas nesse filme  consegue passar uma certa humanidade e fúria realista ao personagem. Guy Pierce está no piloto automático como o Dr. Emil Harting, abusando dos trejeitos de cientista maquiavélico, clichês do cinema. Destaque também é Elza Gonzalez como KT, ex-soldada modificada pela RST, que protagoniza grandes cenas de ação com Vin Diesel.

Mas o ator principal do filme realmente são seus belíssimos e impressionantes efeitos visuais, até por que o novato na direção David S. F. Wilson que é oriundo do ramo, nos apresenta cenas muito bem produzidas, com muitas cores fortes, explosões, muito slow motion, em verdadeiros balés de violência, socos e tiroteios. Além, é claro, das instantâneas regenerações corporais do herói que ao se ferir, através da nanotecnologia regenerativa, instantaneamente reconstrói o dilacerado corpo. Certamente que, comparando, temos muito no roteiro de filmes como Robocop (policial morto reconstruído e com memória da sua vida), Vingador do Futuro (enxerto de memórias e controle mental), Matrix (com suas lutas em câmera lenta em diversos ângulos), Viagem Fantástica (elementos nanotecnológicos navegando na corrente sanguínea), além, é claro, da franquia Exterminador do Futuro, nas fantásticas regenerações do personagem lembrando a recomposição, mas em cristal líquido, dos Terminators. Enfim, uma bela liquidificada em excelentes referências cinematográficas, misturado a um personagem violento e vingativo, vindo de uma editora ainda não adaptada para as telas grandes, um ator que é sinônimo de sucesso em franquias de ação e um roteiro que mistura nanotecnologia e controle mental para fins escusos, provam que Bloodshot pode ter um promissor futuro e quem sabe mais uma franquia de sucesso para a conta de Vin Diesel.

Para comemorar a estreia nos cinemas de “Bloodshot”, novo filme estrelado por Vin Diesel, a Sony Pictures e a Social Comics, que possui em sua plataforma a HQ Bloodshot, fizeram uma parceria para liberar de forma gratuita as edições 0 e 1 da HQ junto com um dossiê completo de informações sobre o personagem. As publicações estarão disponíveis por um mês, sem a necessidade de inscrição.

História da HQ: Bloodshot foi criado por Kevin VanHook e Yvel Guichet em 1992. Sua primeira aparição ocorreu um ano depois, nas páginas da revista Rai #0. O personagem rapidamente virou um dos grandes sucessos da Valiant, ganhando sua própria publicação. Originalmente a obra se tratava de Angelo Mortalli, um gangster que foi modificado e utilizado no Projeto Espíritos Ascendentes após ser traído pela máfia que trabalhava.

Em 2012, a Valiant promoveu um reboot de todas as suas histórias, criando a origem atual de Bloodshot apresentada na HQ. Nela, Ray Garrison foi ressuscitado para participar do mesmo projeto de seu antecessor, tendo a memória apagada e substituída por lembranças falsas. No processo nanites foram inseridos em seu sangue, lhe dando poderes como regeneração, metamorfose e força sobre humana. Após descobrir seu verdadeiro passado, o soldado parte em busca de respostas e vingança contra aqueles que arruinaram sua vida.

Projeto Espíritos Ascendentes: Consistia em reviver soldados e transformá-los nas máquinas mortais chamadas de Bloodshots para realizar missões do governo, sendo descartados e aprimorados a cada nova tentativa. Os mais recentes, apesar de eficientes, apresentavam o problema de concluir as missões de forma mecânica, matando qualquer inocente que ficava no caminho, o qual o Projeto chamava de “dano colateral”. Por fim, os cientistas conseguiram o resultado que procuravam em Ray Garrison, inserindo em seu cérebro memórias falsas que lhe davam um propósito para completar as missões de forma mais humana e eficaz.

Além de Bloodshot, outros títulos da Valiant também estão disponíveis na Social Comics para todos os assinantes. A plataforma disponibiliza quadrinhos para todas as idades e conta com quatro formas de assinaturas mensais que variam entre gratuita e com preços de R$14,90 a R$25,90.

https://noset.com.br/livros-hqs/bloodshot-das-hqs-ao-cinema/

Duração: 1h 50min

Gênero: Ação, Suspense

Direção: Dave Wilson (II)

Elenco: Vin Diesel, Eiza Gonzalez, Sam Heughan

Sinopse: Ray Garrison é um soldado morto em combate que foi trazido de volta à vida por uma corporação para se tornar o super-humano Bloodshot. Com um exército nano-tecnológico correndo em suas veias, ele é uma arma perfeita – com força incomparável e poder de cura instantâneo. Mas, ao controlar seu corpo, a corporação também toma controle de sua mente e memórias. Ray não sabe diferenciar o que é real do que não é, mas está em uma missão para descobrir a verdade.

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