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CRÍTICAS

Crítica – Better Man – A Vida de Robbie Williams

Crítica – Better Man – A Vida de Robbie Williams
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  • Publicado em: fevereiro 24, 2025

Uma das coisas que jamais faço antes de assistir um filme é dar uma conferida no seu trailer. Existem trailers que são melhores que os filmes, outros que mostram as melhores partes de um filme em dois minutos e meio e alguns que te fazem simplesmente não ter vontade alguma de assistir o filme. No caso da cinebiografia do cantor britânico Robbie Williams, assisti umas duas vezes o tal trailer e imaginei que o filme seria um grande abacaxi, ainda mais que a figura de um macaco o representaria na história. Ainda bem que minha gana por assistir o filme foi maior e resolvi conferir Better Man – A História de Robbie Williams (Better Man, 2024), de Michael Gracey, e sem dúvida nenhuma, já é um dos melhores filmes que assisti no ano! E estamos em fevereiro…

Robert Williams era um garoto cheio de sonhos. Cria do Norte da Inglaterra, vivia com a carinhosa mãe, sua avó, que incentivava o divertido e talentoso garoto, e seu pai Peter Williams, que em um impulso virou Peter Conway e saiu de casa em busca de seu sonho de ser artista. Robbie um dia viu sua vida mudar ao passar num concurso para formar uma boy band, o Take That, que em alguns anos virou um sucesso mundial. Mas se a fama trouxe muito dinheiro e sonhos materiais de vida realizados, também  trouxe a arrogância, insegurança, depressão, dependência de drogas e álcool e fantasmas internos que o atormentavam, fato que se agravou quando virou Robbie Williams e partiu para uma das carreiras solo de maior sucesso, fechando contratos milionários, shows para mais de 100 mil pessoas e status de ídolo mundial. Então Robbie precisa se resolver como ser humano para desfrutar dessa colossal fama.

Michael Gracey, com a supervisão do próprio Robbie, entregaram um dos mais fascinantes, inventivos, fabulosos e emocionantes retratos de uma estrela, e mesmo que a estrela seja vista na forma de um macaco, em meia hora esquecemos desse incrível recurso e vemos Robbie Williams ali. O roteiro, do próprio Gracey em companhia de Simon Gleeson e Oliver Cole, acerta em cheio, sem jamais passar pano para a conturbada vida do astro britânico. Essa humanização do astro, aqui em forma de macaco, porque o próprio artista dizia que era um sujeito atrevido como um símio e as pessoas iriam se sensibilizar mais com macaco que um ator na sua pele, é de umas das mais realistas do gênero. Robbie era gente como a gente, tinha uma família, problemas, sofria com medos, ansiedade e uma depressão que desglamourizam aquele ambiente mágico do show business, que mesmo com os sonhos realizados, a nossa eterna insatisfação faz sempre parecer faltar algo.

 O filme tem alguma coisa de Rocket Man, a cinebio do Elton John, até porque Macey era da equipe do filme, com uma edição moderna, tomadas de vídeo clipe, montagem impecável, números musicais na medida, e é claro, um CGI incrível na construção do macaco Williams. Muito parecido com os macacos dos recentes filmes do Planeta, o filme capricha no visual do símio (feito pela Weta, a mesma empresa que faz os clássicos filmes dos macacos apocalípticos) que tem os movimentos captados do ator Jonno Davies, que também faz a voz do cantor e arrisca em algumas canções (a narração é do próprio Robbie). Essa tecnologia também faz com que o filme ganhe ares de espetáculo e tenha recursos que um ator no papel não poderia desenvolver. Por mais de duas horas estamos literalmente nas mãos do chimpanzé. Musicalmente o filme, obviamente, nos apresenta excelente passagens, com destaque a um clipe do Take That, com a canção Rock DJ, em que pararam uma rua em Londres, ao melhor estilo O Rei do Show Rocket Man, o famoso show em Knebworth Festival, onde tocou para 125 mil pessoas com direito a um delírio visual, em que acaba lutando contra seus medos interiores numa batalha épica na plateia. A passagem da canção Angel é de cortar o coração e cairmos em lágrimas e a dança final com My Way no Albert Hall, simplesmente é arrepiante

Better Man é uma cinebiografia não convencional, que jamais perde o senso de humor ácido do britânico, não deixa de mostrar o lado negativo e super humano do cantor, que com a fama se afundou e deixou tudo o que realmente importava de lado (família, esposa, amigos e humildade), mas teve tempo para se redimir e juntar os cacos. Uma biografia sem filtro, de um artista que é extremamente conhecido no Reino Unido, e com o filme, ao menos no Brasil, temos a chance de sabermos mais quem é Robbie Williams. E o que poderia ser apenas uma história mundana, de um cara que viveu intensamente o melhor e pior da fama e sobreviveu, graças à maneira que o filme é conduzido, com uma criatividade em falta no cinema de hoje em dia, com imagens deslumbrantes, é uma aula de cinema.

Written By
Lauro Roth