Crítica: A Autópsia (2016) | Em terra de imitação, quem inova chama a atenção.

Semelhante à clássica frase de Tom Hanks em Forrest Gump – O Contador de Histórias, os filmes também são “como uma caixa de bombons: você nunca sabe o que vai encontrar”. Com base nisto é que hoje lhes trago a crítica de A Autópsia, um longa que desde que o trailer foi divulgado chamou a minha atenção por conta de toda apreensão e por que não, a criatividade que a história propõe ao público!

Na trama, Tommy Tilden e seu filho, Austin Tilden, são os responsáveis por comandar o necrotério de uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos. Os trabalhos que recebem costumam ser muito tranquilos por causa da natureza pacata da cidade. Certo dia, o xerife local traz um caso complicado: uma mulher desconhecida que foi encontrada morta nos arredores da cidade – “Jane Doe”, no jargão americano. À medida que pai e filho tentam descobrir a identidade da mulher morta, coisas estranhas e perigosas começam a ocorrer, colocando a vida dos dois em perigo. Bom, como mencionado acima, esse filme me deixou curioso justamente pelo clima tenso que ele carrega, mas, sobretudo, devido à presença de astros como Emile Hirsch, conhecido por Na Natureza Selvagem e Brian Cox, que participou brevemente de Planeta dos Macacos – A Origem. O resultado não foi diferente: aqui, ambos os personagens estão muito bem em seus respectivos papéis, entregando boas performances como pai e filho. Sem contar o restante do elenco, que inclui Ophelia Lovibond, interpretando Emma, a namorada de Austin, Michael McElhatton, na pele do xerife Sheldon e a estreia da atriz Olwen Catherine Kelly, incorporando a bela e enigmática Jane Doe. Em geral, atuações plausíveis, sem haver nenhum figurante para inferiorizar.


Já a mensagem transmitida é deveras sinistra e por incrível que pareça me pregou uma peça com relação ao assunto abordado. Os jump scares apesar de um pouco previsíveis (hoje em dia é raro algum não ser), não deixam de ser daqueles que o susto típico de 1 segundo consiga te pegar desprevenido e a trilha sonora contribui muito nesse quesito, com faixas que vão aumentando o grau do suspense e fazendo-nos adentrar em um universo de mistérios ocultos que envolvem o passado de Jane Doe. Tais situações remetem inclusive a uma época de cerca de 300 anos atrás. No entanto, prefiro não entrar em mais detalhes para não soltar spoiler (todos sabemos como isso é chato), porém o que posso garantir é que há tempos não ficava tão aflito com a atmosfera de um thriller desde O Homem nas TrevasA Bruxa.

Em torno de 1 hora e 30 minutos (duração relativamente curta), a obra inclui tanto os momentos mais calmos quanto aqueles intensos, que tiram o nosso fôlego. No primeiro ato, por exemplo, conforme tudo o que nos é apresentado vai se sucedendo, podemos ir formulando nossas ideias sobre os fatos. Já no segundo ato, onde a fotografia opta por tomadas mais escuras e dá um tom mais dark ao longa, fica difícil não continuar intrigado com o que está acontecendo ali,  uma vez que o horror toma conta daquele ambiente fechado. Você nunca sabe realmente o que tamanhas revelações que vem à tona são capazes de causar até que se concretizem e quando assim o fazem, prendem até o telespectador mais esperto grudado no sofá. Ademais, por se tratar de uma película que busca inovação no sentido “desvende a incógnita”, não é necessário se preocupar caso alguns elementos pareçam superficiais, com explicações que aparentam ser muito jogadas na mente do espectador. Com um roteiro cuja premissa não é nada difícil de decifrar, todo o “ritmo quente”, digamos assim, é cuidadosamente mantido em segredo a fim de ser executado quando conveniente e seus detalhes esclarecidos de forma satisfatória, sem pontas soltas. Por fim, no terceiro ato, o grand finale que lhe aguarda é sem dúvidas impressionante! Ao som de Open Up Your Heart and Let the Sun Shine In, de The McGuire Sisters, o último minuto não perde a oportunidade de impedir que sequer pisquemos!

Vale ressaltar ainda que a finalidade do diretor e da equipe envolvida era exatamente essa: criar um roteiro em que o argumento proposto fosse atrativo e nada maçante, procurando fugir do clichê hollywoodiano. Em suma, inovar. Prova disso é a cena final, que não obstante o ar macabro (cuja música indica o contrário) é pura e simplesmente de arrepiar! Portanto, considerando os aspectos mencionados acima, em meio a tantas imitações tanto no âmbito do suspense quanto do terror, A Autópsia é felizmente um válido exemplo de que o gênero ainda possui ótimas produções!

 

Título Original: The Autopsy of Jane Doe
Direção: André Øvredal
Duração: 86 minutos
Nota:

Assista o trailer:

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