Crítica | Bad Boys Para Sempre

Em 1987, a banda de reggae jamaicana Inner Circle lançava a música Bad Boys, no álbum One Way. Na época, a faixa de autoria de Ian Lewis, passou despercebida juntamente com o álbum. Em 1989, uma série em tom de documentário chamada Cops, que mostrava as aventuras e o dia a dia real de policiais nos Estados Unidos enfrentando o crime, usou a música como tema de abertura do programa, mas apenas fazendo sucesso aos espectadores da atração televisiva. Enfim, no ano de 1993, com o disco Bad do the Bone que continha o sucesso Sweat (A la la la la Long), que transformado em single, tinha no lado B a faixa Bad Boys em mais uma tentativa de estourar mundialmente a canção. O single contendo os dois hits foi sucesso global, ficando nas mais tocadas em diversas paradas musicais e vendendo mais de meio milhão de cópias. O Inner Circle chegou a lançar uma versão para o mercado internacional do disco Bad do The Bone, intitulada Bad Boys, incluindo mais uma vez a canção devido ao estrondoso sucesso, inclusive no Brasil. Em 1995, o explosivo diretor Michael Bay juntou uma história levemente inspirada em Máquina Mortífera e em séries de homens da lei que contava a saga de dois policiais da divisão de narcóticos de Miami, extremamente diferentes em personalidade e modos de vida, mas com um vínculo de amizade extremamente sólido. Nascia ali a franquia de filmes dos Bad Boys, logicamente embalada pelo sucesso Bad Boys dos jamaicanos do Inner Circle. O filme Os Bad Boys (The Bad Boys), com a dupla Will Smith e Martin Lawrence, foi um sucesso de bilheteria. A dupla ganhou mais um filme em 2003, Bad Boys II (idem), com a mesma direção de Michael Bay, mas sem a mesma qualidade do primeiro. E agora, 17 anos depois, ganha mais um filme, Bad Boys Para Sempre (Bad Boys For Life), com a direção dividida entre Adil El Arbi e Bilall Fallah, mostrando mais uma vez os já não tão boys Burnett e Lowrey em ação.

O filme mostra um já avô Marcus Burnett, cansado e disposto a se aposentar, contrariando a vontade de Mike Lowrey, que não quer perder o parceiro. Mas o aparecimento de um implacável e cruel assassino, Armando Armas, chefe de um cartel mexicano que aterroriza Miami matando pessoas importantes da lei a mando de sua mãe chacoalha a polícia. Ao descobrirem que Mike pode ser o próximo da lista, os Bad Boys se unem novamente e, com a ajuda do grupo de elite da divisão de narcóticos AMMO, se preparam para deter o insano e misterioso psicopata.

Bad Boys Para Sempre, terceiro filme da franquia de sucesso, repete as fórmulas que são certeiras na série que completa 25 anos desde seu surgimento. O humor está sempre presente e funciona muito bem na química da dupla de atores, principalmente na atuação de Martin Lawrence. As cenas de ação, perseguições frenéticas, tiroteios desenfreados estão todas lá para prender a atenção fazendo vibrar seus entusiastas. Também está presente o lado fraternal e amigo da dupla, sempre reforçando os laços que mantém firmes a razão de existir e agir dos Bad Boys. Se o filme, talvez por não ser dirigido pelo pirotécnico e destruidor Michael Bay, é mais comedido nas grandes explosões em comparação aos outros dois filmes da franquia, pode ser considerado um pouco mais violento que os outros. A presença do vilão Jacob Scipio, como o sangue frio e calculista assassino Armando Armas, contribui com mortes mais chocantes e explícitas.

O roteiro do filme é um pouco mais problemático. Claro que o tom satírico da dupla é cada vez mais afiado, apesar de algumas piadas datadas que pouco funcionam para as novas gerações (afinal, 1995 faz 25 anos, né?), além, é claro, dos estereótipos de  mexicanos maldosos, supersticiosos e místicos e juntando isso tudo a algumas reviravoltas que acabam ficando sem sentido, transformando a sanguinária vingança da mãe de Armando em um grande novelão repleto de clichês. Mas posso falar de alguns acertos: a inclusão da equipe da AMMO, o grupo de elite da polícia de combate às drogas com sua retaguarda moderna fazendo um contraponto aos métodos mais antigos e truculentos da dupla, acrescenta bastante à história – até para ser mais plausível, afinal a dupla de policiais já está cinquentona e não teria, sozinha, fôlego pra enfrentar armados e perigosos traficantes mexicanos.

Apesar de tudo, Bad Boys Para Sempre funciona no que propõe. Se não ousa em arriscar e traz situações clichês e ultrapassadas ao argumento, mantém dignamente o teor que fez estourar os filmes anteriores e consagrou a dupla Lowrey e Burnett como referência em cultura pop. Essa mistura de ação com pitadas mais que certeiras de humor, tiros, família, perigo e velocidade é a receita perfeita para faturar uma bilheteria alta e para quem quer sentar na poltrona do cinema, se divertir e se entregar para os Bad Boys, porque afinal, citando os versos do Inner Circle: “What you re gonna do when they come for you”.

Sinopse: Em Bad Boys Para Sempre (Bad Boys For Life), Smith e Lawrence retornam como seus protagonistas icônicos, Mike Lowery e Marcus Burnett. No filme, assim como Marcus está tentando dar um passo atrás e passar mais tempo com a família, uma ameaça perigosa emergirá para colocar em risco a vida de Mike – trazendo Marcus de volta à ativa, afinal, Mike também é sua família e ele não deixará que ele vá sozinho nessa missão.

Elenco: Will Smith, Martin Lawrence, Vanessa Hudgens, Alexander Ludwig, Joe Pantoliano, Happy Anderson, Charles Melton, Paola Nuñez, Sharon Pfeiffer, Jennifer Badger

Direção: Adil El Arbi, Bilall Fallah

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