Crítica: Operação Natal
Em 2024, ao menos no cinema, a vida não está fácil para o Papai Noel e para as festas natalinas. Dias atrás, o palhaço assassino Art sujou de sangue o Natal no violento Terrifier 3, e agora essa semana, o Papai Noel, mesmo com todo um aparato de segurança, é sequestrado por uma bruxa que não gosta de Natal. Com alguns dias antes da data mais esperada do ano pelas crianças, estreia nos cinemas Operação Natal (Red One, 2024), com direção de Jake Kasdan.
Papai Noel está se preparando para mais um Natal, ele e sua equipe trabalham o ano inteiro para garantir que tudo dê certo. O bom velhinho tem como segurança o seu braço direito Callum Drift, que cansado com a humanidade, pensa em se aposentar. Só que, aproveitando uma brecha de um hacker, Jack o’Malley, a bruxa Gryla sequestra o morador mais famoso do Polo Norte. Para salvar o Natal e o nosso ícone, Drift recorre a Malley, um cara irresponsável, que tem problemas de relacionamento com o filho, mas como foi ele quem foi solicitado para vazar a segurança do Papai Noel, é uma pista e tanto para descobrir como achar os sequestradores. E os dois rodam o mundo em uma missão fantástica para resgatar nosso ícone natalino.
Confesso que não daria nada para o novo filme de Jake Kasdan. Mas como num milagre de Natal, Operação Natal nos apresenta uma divertida e bem amarrada fantasia, no melhor estilo de filme do gênero dos anos 1980 e 90. Ao criar um aparato fantástico moderno de segurança para o Papai Noel, quase um FBI particular no Polo Norte, com direito a ursos polares como agentes, trolls como hackers, uma Mamãe Noel moderna, uma chefe de segurança e um brutamontes como seu guarda-costas, o filme mistura o melhor de filme de ação e espionagem, numa busca por pistas pelo mundo, onde lojas de brinquedos são portais de teletransporte, brinquedos se transformam em aliados, e é claro, um mundo fantástico cercando a jornada de Drift e Malley.
Com sequências em locais mesclando o típico ambiente de inverno natalino dos Estados Unidos com muita neve e casas de subúrbio, uma passagem divertidíssima pelo Caribe, um moderníssimo Polo Norte e Alemanha, o filme tem passagens ótimas como as lutas com bonecos de neve pouco amigáveis, seres transmorfos, um divertido Krampus, irmão feioso e chifrudo do Papai Noel, com sua cara de bode, que gosta de assustar crianças levadas e a bruxa Gryla e seu ódio pelas pessoas da lista de desajustados do Natal, lista esta feita por Krampus, que coloca todo mundo que não se comportou nela. Misturando lendas natalinas universais, com seres mitológicos alemães e islandeses, e com um CGI caprichado, Operação Natal é uma empolgante história de Natal que foge dos estereótipos do cinema atual, de querer fazer graça de tudo, se levando a sério como tem que ser e com muita nostalgia dos velhos tempos, passa uma bela mensagem banhada no verdadeiro espírito natalino.
Dwayne Johnson, ou nosso querido The Rock, é ele mesmo no filme. Mas não tem como não ser, um papel sob medida e com o peso da responsabilidade de ser o guarda-costas do simpático velhinho. Aliás, de velhinho não temos nada. J. K. Simmons faz um Papai Noel moderno, que malha, é adepto das modernidades e trabalha duro para cada Natal ser inesquecível. Chris Evans intercala bons momentos e uns nem tanto como Jack Malley, o hacker que cai de paraquedas nessa louco resgate, um papel irregular com muita marra e pouca graça. Kiernan Shipka é a bruxa Gryla, que quer aprisionar os desajustados numa vingança contra a humanidade, tem um papel importante, mas brilha pouco, sendo um pouco escanteada sua atuação para a trama. Lucy Liu, como Zoe, a chefe do departamento de proteção e rastreamento de seres mitológicos, está solta e bem à vontade no papel. Mas é o irmão alemão de Santa Claus, o chifrudo e bestial Krampus, que é responsável pelos melhores momentos de humor e fantasia no filme. Um personagem à parte que em uma possível sequência merece até mais destaque .Operação Natal tem tudo para se tornar aquele clássico da sessão da tarde, que invade as televisões abertas no fim de ano. Filme família, que mistura um quê de universo de super-herois, personagens ótimos, ação no ponto, fugindo do frenetismo atual, uma mensagem universal atemporal. Diversão para todos no capricho, mostrando que histórias de Natal são fontes inesgotáveis para a sétima arte.