Imaculada: A Ascensão e Queda de um Terror Católico
É difícil imaginar algo desacelerando Sydney Sweeney. Em pouco tempo, a estrela de Euphoria e The White Lotus se destacou em uma variedade de gêneros, desde o cinema independente com Reality até comédias românticas de sucesso como Todos Menos Você. Porém, seu segundo trabalho como produtora, o filme de terror Imaculada, onde ela interpreta uma freira enfrentando horrores em um convento italiano, é uma decepcionante incursão no gênero, marcada por clichês e falta de profundidade.
Um Passeio Monótono e Previsível
O filme dirigido por Michael Mohan começa com promessas de um thriller psicológico, mas logo se perde em um mar de previsibilidade e sustos baratos. Irmã Cecília, interpretada por Sweeney, é uma jovem devota que se muda de Detroit para um convento isolado na Itália. Sua chegada, marcada por uma atmosfera sinistra e uma recepção desconfiada, estabelece um cenário intrigante que infelizmente não é explorado de forma eficaz.
Milagre ou Maldição?
A narrativa gira em torno da descoberta chocante de Cecília: ela está grávida por concepção imaculada, um milagre que rapidamente se transforma em um pesadelo. O convento esconde segredos sombrios, desde pacientes perigosas vagando à noite até freiras misteriosas com máscaras vermelhas e uma Madre Superiora com um arquivo suspeito. Esses elementos poderiam ter sido usados para construir uma tensão crescente, mas acabam sendo subutilizados em uma sequência de sustos previsíveis e eventos desconexos.
Atmosfera Sem Alma
Apesar do cenário visualmente intrigante e do potencial para explorar o terror psicológico, o filme falha em criar uma narrativa coesa e envolvente. A edição bruta, o visual sem graça e o som exagerado contribuem para uma experiência frustrante. A falta de desenvolvimento dos personagens e a ausência de uma linha temporal clara prejudicam ainda mais a imersão do espectador. Perguntas fundamentais, como a origem das freiras mascaradas e a época em que a história se passa, permanecem sem resposta.
O Peso da História
Mesmo com a execução fraca, é possível entender o que atraiu Sweeney ao projeto. A história aborda temas relevantes como o direito da mulher de escolher e a opressão do patriarcado religioso. Contudo, a abordagem superficial de Mohan não faz jus a essa premissa poderosa. A dedicação de Sweeney é visível, mas há um limite para o quanto uma atriz talentosa pode fazer com um roteiro mal elaborado. Quando o filme finalmente começa a explorar seus temas de forma mais interessante, já está quase acabando. O susto final, com efeitos visuais de mau gosto e choques isolados de violência, falha em deixar uma impressão duradoura.
Tentativa de Redenção
Imaculada tem seus melhores momentos quando abraça o horror camp dos filmes B, abandonando suas pretensões de ser um retrato sério do terror católico. A cena mais sangrenta e o uso excessivo de sustos tornam-se mais apreciáveis quando o filme não se leva tão a sério. Grávida do segundo advento de Cristo, Cecília se desespera para entender os segredos da igreja, revelando descobertas perturbadoras e um plano secreto de um dos padres. A leveza no terceiro ato, com um jogo de gato e rato, proporciona um breve alívio, mas é insuficiente para redimir o filme.
Conclusão
No final, Imaculada é uma tentativa frustrada de combinar o terror psicológico com críticas sociais, resultando em um filme sem alma e sem tensão. A atuação dedicada de Sweeney não é suficiente para redimir um roteiro fraco e uma execução visualmente pobre. O filme deixa a sensação de uma oportunidade perdida, onde um tema poderoso foi desperdiçado em uma narrativa previsível e sem profundidade. É uma causa perdida que, apesar dos esforços de Sweeney, não consegue ser mais do que medíocre.
Produção: Black Bear, Fifty-Fifty Films, Lupin Film
Produtores: David Bernad, Sydney Sweeney, Jonathan Davino, Teddy Schwarzman, Michael Heimler
Roteiro: Andrew Lobel
Cinematografia: Elisha Christian
Design de Produção: Adam Reamer
Edição: Christian Masini
Música: Will Bates
Elenco Principal: Sydney Sweeney, Álvaro Morte, Dora Romano, Benedetta Porcaroli, Giorgio Colangeli, Simona Tabasco