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CRÍTICAS

A política da internet – “Pulsão”

A política da internet – “Pulsão”
  • Publicado em: setembro 1, 2020

A era digital abriu mais espaços para diálogos políticos, as últimas eleições mostraram o quão elas podem influenciar e interferir na hora da escolha dos representantes.

O documentário “Pulsão”, que estreia no dia 04 de setembro, vem para mostrar o impacto das mídias sociais neste processo democrático, desde a influência na formação de opiniões desde a escolha efetiva.

O corte temporal usado nesta produção é entre a reeleição da então presidenta Dilma Rousseff, em 2014, até a eleição do atual presidente, em 2018, passando por episódios marcantes que contaram com a forte participação de algo inusitado para a época, as redes sociais, especialmente o Whatsapp.

É mostrado, de forma aparentemente imparcial, os acontecimentos da época e como a internet influenciou no momento. Na eleição de 2014 as redes sociais ainda não tão usadas como plataforma de debate, embora houvesse a exposição de opiniões.

A internet apareceu de forma mais distante do povo em si, com o vazamento de informações pelo estadunidense Edward Snowden, expondo esquemas de espionagem nas transações de empresas petrolíferas no Brasil, na época voltadas para o Pré-Sal.

Esse ponto desencadeou operações de investigação sobre o uso do dinheiro público e outras formas de corrupção, levando ao processo de “impeachment” da então presidenta. A essa altura as redes sociais já estavam mais acessíveis e os debates foram fervorosos.

Depois de finalizado o processo de “impeachment” e a presidenta deposta, o país viu o vice tomar o poder sem uma eleição popular, como deveria ter acontecido e, em 2018, a maior greve já vista, a dos caminhoneiros. Foi nesse momento que as redes sociais deram início protestos e movimentações reais, como os panelaços.

Também é mostrado no documentário a famosa Operação Lava Jato e algumas personalidades que a movimentaram. O que aconteceu na internet enquanto o processo corria? A idolatria a figuras públicas, heróis e vilões que habitavam em lados opostos e não poderiam dialogar, um teria que derrotar o outro sem nem pensar duas vezes.

Foi com esse pensamento, essa abertura, essa facilidade em discursar que, em 2018, houve uma vitória da direita radical brasileira. Essa vitória foi marcada pelo uso intenso do Whatsapp, contratação de robôs e de criação de notícias falsas (fake news) para derrotar os “inimigos”.

Como mencionei antes, tudo pareceu ser mostrado de forma imparcial, mas em alguns momentos tive impressão de que “Pulsão” pode ser uma resposta da direita ao documentário indicado ao Oscar, “Democracia em Vertigem”.

A impressão pode ter sido dada pelo fato de a maioria dos entrevistados e retratados são expoentes da direita brasileira. O direito ao contraditório é um dos princípios democráticos, eles estão no direito deles.

Embora pessoalmente não concorde com a visão política, concordo com o alerta que produção trouxe a cerca do cuidado com as mídias sociais e o uso da internet no processo democrático brasileiro. Ficou mais fácil ouvir as queixas do povo, mas também ficou mais fácil ser alvo de notícias falsas, de discursos de ódio, de personalidades que preferem os holofotes do que resolver problemas reais.

Estamos em ano eleitoral e com um agravo, estamos enfrentando uma pandemia (de forma precária, devo dizer). A internet tem sido a maior ferramenta para nos informar, mas devemos ter mais cuidado ainda com essas informações, buscar sempre fontes confiáveis e não dá abertura para as temidas “fake news”.

Onde assistir Pulsão

O filme estará disponível gratuitamente a partir das 19h de hoje. Você pode assistir no site ou no YouTube do filme, ou através deste link.

PULSÃO | Redes Sociais:

Site: pulsao.tv.br

Facebook: facebook.com/docpulsao

Instagram: @docpulsao

YouTube: bit.ly/docpulsao

Twitter: @docpulsao

Written By
Nivia Xaxa

Advogada, focada no Direito da Moda (Fashion Law), bailarina amadora (clássico e jazz) e apaixonada por cultura pop. Amo escrever, ainda mais quando se trata de livros, filmes e séries.