Crítica: Predadores Assassinos (Crawl)
Flórida, sul dos Estados Unidos. Estado banhado por todos os lados pelo Oceano Atlântico e que recebe anualmente hordas de turistas brasileiros endinheirados em busca de compras, e famílias inteiras do mundo todo atrás de diversão no Walt Disney World. De clima ameno e subtropical tem um inverno bem tolerável e verões extremamente quentes. Uma das consequências desse clima subtropical e sua proximidade com o Caribe é a incidência de tempestades, tornados e às vezes severos furacões que colocam em pânico a população, provocando prejuízos humanos e materiais incalculáveis. Outra característica comum da Florida são os jacarés. Vivendo há séculos naquele habitat não é incomum ver os répteis (american alligators) em lagos, praças, chafarizes ou até mesmo nas piscinas de suas casas. A dupla Alaxandre Aja, como diretor (do excepcional Viagem Maldita), e Sam Raimi (Evil Dead e Homem Aranha), como produtor, usam essas duas características da Florida como mote do filme Predadores Assassinos (Crawl), novo filme de terror animal que estreia essa semana nos cinemas.
O filme conta a história de Haley (Kaya Scodelario), moradora da Florida, estudante e exímia nadadora que vive treinando atrás de tempos e marcas na natação, para se manter com sua bolsa na faculdade. Até que um dia, um furacão devastador de nível 5 está invadindo a costa e ela não consegue comunicação telefônica com seu pai, Dave (Barry Pepper), seu herói e incentivador. Haley, contrariando as intempéries e barreiras que isolavam bairros, vai mesmo assim atrás dele na sua casa que pouco a pouco é tomada por inundações devido aos ventos e tempestades. Chegando lá, ela, juntamente com Sugar, a cadelinha da família, encontram o pai preso no porão da casa e muito ferido. A tempestade fez com que vários jacarés gigantes descontroladamente surgissem em meio às enchentes provocadas pelo temporal e acabassem invadindo a casa pelos canos de drenagem, se tornando um perigo imediato para a família.
Alexandre Aja, sob a benção do lendário Sam Raimi, nos premia com uma bela diversão, revisitando o gênero terror animal. Não tem como não lembrar o clássico Alligator (idem, 1980) jacaré mutante que assombrava os esgotos de Chicago e assustava a garotada, passando incessantemente no SBT nos anos 80, 90. Mas, nesse caso, ele usa uma tragédia climática e as inundações para criar um clima de terror onde uma filha e um pai veem seu lar se transformar no seu maior pesadelo. O filme tem boa direção, Sam Raimi deve ter dado uma boa aula ao Aja de como usar a câmera como fio condutor de climas de tensão e até podemos dizer que o filme nos apresenta bons sustos, principalmente na primeira hora quando os dois estão literalmente presos, feridos e quase sem saída no claustrofóbico porão cercados pelos insanos répteis. O filme se perde um pouco na parte final onde o surrealismo das situações, mesmo com a premissa de serem dois atletas (o pai e a filha), torna caricata a luta pela sua sobrevivência.
Predadores Assassinos obviamente deve ser levado além de uma diversão curta (90 minutos de filme), tem o mérito de juntar dois gêneros festejados pelos fãs do horror, a catástrofe e o terror animal e o que não falta é ação, suspense e principalmente alligators (os jacarés ianques) cascudos, ensandecidos que não gostam de celulares e não fazem cerimônia alguma em fazer um belo banquete de seres humanos .
Elenco: Kaya Scodelario, Barry Pepper, Ross Anderson, Anson Boon, George Somner, Ami Metcalf, Jose Palma, Morfydd Clark, Tina Pribicevic, Annamaria Serda
Direção: Alexandre Aja