O Animal Cordial: Se Alvares de Azevedo se encontrasse num boteco com Edgar Allan Poe teria saído daí uma faísca do que é “Animal Cordial”
Existe algo em certos filmes que me fascinam fácil que é quando são limitados há apenas um espaço, porque é da simplicidade que pode nascer grandes ideias e, “Animal Cordial” consegue ir além dessa limitação por se aproveitar de pequenos detalhes ao utilizar de técnicas onde os corpos falam.
Produzido por Rodrigo Teixeira, da RT Features, com coprodução do Canal Brasil e distribuição da California Filmes, O ANIMAL CORDIAL é o primeiro slasher movie (subgênero do terror, caracterizados, dentre outras marcas, pelo uso de violência gráfica extrema) dirigido por uma mulher no Brasil.
Escrito e dirigido por Gabriela Amaral Almeida, o filme se passa dentro do restaurante de Inácio (Murilo Benício), típico chefe abusivo e egocêntrico que para manter seus funcionários acredita que precisa distribuir “chibatadas”. Só que tudo muda quando acontece um assalto no fim do expediente.
– Dois dos maiores atores brasileiros em um plano de enfrentamento. Os filmes western sempre me vinham à mente nas cenas de confronto entre Djair (Irandhir Santos) e Inácio (Murilo Benício). Os olhares, as tensões, a iminência do ataque. Os momentos entre eles dois eram como micro-westerns, para mim – explica a diretora.
Ver o desenvolvimento da psicopatia dos personagens e entender quem é o animal cordial da história é um exercício que torna o filme muito interessante, um belo trabalho de direção que consegue até abafar em vários momentos os vícios de atuação das novelas globais. E tenho que dizer que o maior destaque para mim, ficou com Luciana Paes e sua personagem Sara. Sério! Ela consegue roubar muito bem o protagonismo a medida que sua personagem cresce.
Voltando a falar de detalhes, são neles que precisamos dar atenção, é onde vemos quem tem o poder e como se mantem nessa posição. É como aquele dono que acha que o cão nunca irá o morder, porque é ele que o alimenta todos os dias. Uma das cenas que achei incrível pelos detalhes é quando em um curto momento surge uma empatia no olhar dos personagens.
“Animal Cordial” é um suspense que possui alguns clichés de gênero, mas sabe contorná-los bem e merece ser visto.
Ah! Méritos também ao trabalho de trilha, que admiro muito quando os filmes se aproveitam desse artificio para criar o clima das cenas.
O ANIMAL CORDIAL teve sua estreia mundial no 21º Fantasia International Film Festival no Canadá, um dos mais tradicionais festivais dedicados a filmes fantástico, de horror, terror e demais subgêneros no mundo.
Depois da estreia, seguiu para Sitges (Espanha), L’Etrange (França), Razor Reel Flanders Film Festival (Bélgica), dentre outros festivais que celebram o gênero do horror e do fantástico. No Brasil, foi exibido no Festival Internacional de Cinema do Rio, que deu a Murilo Benicio o prêmio de Melhor Ator; no Janela Internacional de Cinema do Recife; no Panorama Internacional Coisa de Cinema, em Salvador; no Rio Fantastik Festival, onde Gabriela Amaral Almeida levou o prêmio de melhor roteiro original, e FantasPoa 2018, que premiou Luciana Paes e Gabriela Amaral Almeida como melhor atriz e melhor diretora.
Sinopse:
Um restaurante de classe média em São Paulo é invadido, no fim do expediente, por dois ladrões armados. O dono do estabelecimento, o cozinheiro, uma garçonete e três clientes são rendidos. Entre a cruz e a espada, Inácio – o homem pacato, o chefe amistoso e cordial – precisa agir para defender seu restaurante e seus clientes dos assaltantes.
FICHA TÉCNICA:
Direção e roteiro: Gabriela Amaral Almeida
Elenco: Murilo Benício (Inácio), o dono pacato do estabelecimento, Luciana Paes (Sara), a fiel garçonete do restaurante, Ernani Moraes (Amadeu), Jiddu Pinheiro (Bruno) e Camila Morgado (Verônica) como os fregueses, e Irandhir Santos na pele do cozinheiro (Djair). Completam o elenco Humberto Carrão, Ariclenes Barroso, Thais Aguiar, Eduardo Gomes e Diego Avelino.
Produtor: Rodrigo Teixeira
Co-produtor: Canal Brasil
Idioma: Português
Gênero: Thriller/ Slasher/ Gore
Ano: 2017
País: Brasil
Classificação: 18 anos
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