Crítica: O amor no divã (2016)

“Malka Stein (Zezé Polessa) é uma renomada psicóloga e terapeuta especializada em realizar terapias de casal e guiar casamentos para um lugar melhor. No entanto, após trinta anos do seu próprio casamento e com a chegada de um novo casal ao seu consultório, Malka começa a perceber que ela mesma pode estar precisando de uma terapia de casal”

amordiva1Pra início de conversa, temos a Zezé Polessa no filme. Na minha opinião, uma das melhores atrizes brasileiras, a nível de Fernanda Montenegro, Marília Pera e Gloria Menezes. Então, todo trabalho em que ela atua já merece atenção. Outro ponto de interesse é ser o primeiro filme do diretor Alexandre Reinecke, com currículo de mais de 40 peças de teatro, muitas de destaque e premiadas. Por isso é interessante saber como foi seu trabalho em outra mídia.  O terceiro ponto “pré-filme” é o roteiro, escrito por Juliana Rosenthal: uma comédia romântica que aborda problemas de relacionamento escrito por uma roteirista (sexismos à parte) certamente traria um “outro olhar” aos relacionamentos.

À primeira vista, é uma comédia romântica comum, que mescla o humor das comédias nacionais com atores globais que já estamos acostumados a ver no cinema com as comédias românticas americanas (difícil não se lembrar de “Separados pelo casamento”, com Jennifer Aniston e Vince Vaughn). É certo que o filme traz, sim, elementos conhecidos destes dois gêneros. Mas algumas particularidades fazem com que o filme tenha algumas vantagens e se sobressaia sobre a média dos filmes nacionais da mesma linha.

Pra quem gosta do humor de “Cilada.com” (novamente, opinião própria, filme que não me agradou em nada), posso adiantar que “O amor no divã” é bem superior. Apesar do foco do filme ser relacionamentos entre casais e, dessa forma, não haveria como não inserir o tema sexualidade, o conteúdo e referências sexuais não estão apelativos ou de baixo nível. Pelo contrário, ou realmente se encaixam nas cenas de humor para fazer rir e dar aquela pausa na dramaticidade, ou então contribuem no contexto (talvez com exceção de uma ou duas cenas). Provavelmente, destaco novamente o fato do filme ter sido escrito por uma mulher,  que conseguiu equilibrar drama e humor e trazer uma visão mais intimista da relação.


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Já falei minha opinião sobre a Zezé Polessa. E o filme é dela! Mas não somente. Interessante o cuidado que diretor e produtores tiveram na escolha do elenco. Como o casal “maduro”, escalaram Zezé e Daniel Dantas, que possuem praticamente a mesma idade e que já possuem muita experiência em tv e cinema. Já para o casal mais jovem, os papéis ficaram com Paulo Vilhena e Fernanda Paes Leme. Aqui é interessante notar o fato de que eles também tem idades próximas (ele 37 e ela 33), começaram a carreira juntos (em 1998, no seriado “Sandy & Júnior”) e possuem currículos parecidos, com trabalhos como atores e apresentadores. Tudo isso faz com que eles possuam uma boa química em cena, atuando como um casal real, sem parecer um casal “fake” ou simplesmente dois jovens bonitos fazendo um casal novinho. Ou seja, em termos de atuação, todos estão muito bem em seus personagens. Outro fato legal de se comentar é que o cantor Zeca Baleiro compôs duas músicas especialmente para o filme.

Quanto à história, apesar do filme ser uma comédia romântica, portanto sem a necessidade ou obrigação de ser um filme de auto-ajuda, o que mais me chamou a atenção foram os comentários e situações abordados nas sessões de terapia e durante as “atividades” entre sessões. Frases de efeitos, como a que aparece no trailer (“Se casamento fosse fácil, rivotril não tinha virado aspirina”), dão o tom do filme. Não sou psicólogo nem terapeuta, mas achei muito válido, interessante e até mesmo importante as mensagens que o filme traz para casais (deixando bem claro que não é casal homem-mulher, mas casal pessoa-pessoa, de qualquer idade e gênero).

Minha única ressalva (além de uma ceninha aqui ou ali, questão de gosto) foi o final. OK, comédia romântica é aquela coisa de que você sabe o início e o final, só não sabe o meio. Mas, após 1:30h de desenvolvimento, parece que o filme tinha que acabar então vamos dar um jeito de colocar uma situação que servirá de desfecho. Não quero citar a cena pra não entregar spoilers, mas tinha uns detalhes que poderiam ter sido diferentes. Mas não sou produtor nem roteirista…Pra mim fica o saldo de 90% do filme positivo . Apesar do final cliché, o filme deixa várias reflexões sobre a “terapia de casal” (aliás, era o nome do filme na fase de produção), do que vale a pena preservar, mudar, aceitar, relevar, continuar ou abandonar.

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Finalizando, acho que é um filme sobretudo para ser assistido por casais, de todas as idades e bodas. Não apenas para discutir a relação, mas para pensar melhor sobre a importância, os motivos e as complicações que assumir uma relação séria pode trazer para a sua vida. Antes de dizer que “a grama do vizinho é a mais verde”, de achar que só você tem problemas e que o outro é perfeito, lembrem-se que todos possuem seus próprios problemas, e é deles que você tem que cuidar. E para isso não basta apenas beleza ou sexo. O principal é tolerância e respeito! Mas isso não devia ser um lema só para casais, mas para tudo na vida.

  • O NoSet assistiu ao filme na sessão de cabine de imprensa. A estréia nacional é dia 8 de dezembro. Prestigiem o cinema nacional!

Assista direto no Youtube: AQUI.

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