Crítica | X-Men: Fênix Negra

A saga X-Men finalmente chega ao seu fim, pelo menos pelas mãos da Fox.

The Uncanny X-Men Dark PhoenixDark Phoenix não foi muito bem recebida pela crítica, mas eu posso dizer que este foi o único que não sai xingando da sala. Poderia até dizer que é por ter sido o último, mas na verdade é porque acredito que este tenha uma consistência. Quê? Vamos lá que aos poucos eu explico.

Sou fã dos quadrinhos e, antes disso eu era apaixonada pelo desenho que passava na Globo quando eu era criança. Cresci com esse universo, devorava cada página e me identificava na adolescência. Era uma história sobre ser diferente, sobre ser aceito e o mais importante: se aceitar.

No lançamento do primeiro eu fiquei extremamente revoltada, pois eles focaram tanto em deixar os personagens caracterizados que esqueceram do principal para mim, a essência.
Foram anos tentando aceitar todos os tipos de mudanças (nunca superei a falta da Vampira, nem como trataram a Tempestinha), mas foram anos também tentando esquecer que aquilo não era mais o universo que eu conhecia.

Jean Grey

Fênix Negra pelo menos se interessa nisso. Pode ser que a maior falha está em querer dizer que é um filme dos X-Men, só que é apenas sobre a Jean Grey. É muito mais sobre a auto aceitação e de como mentiras criadas para proteger alguém podem se tornar uma bola de neve tão grande e prejudicar ainda mais aquele que se ama. Isso até está escrito no original, apenas de forma diferente. Professor Xavier realmente aprisionou parte das lembranças de Jean para que ela pudesse amadurecer e controlar seus poderes, a diferença está em qual o trauma e quando ela descobre.

Charles Xavier

Charles está tão cego em seu ego que não assume suas responsabilidades, Mística tenta fazê-lo perceber que suas atitudes os levarão a ruína, colocando aqui uma ótima alfinetada ao dizer que eles deveriam se chamar X-Women. (O que se eu fosse comparar com os quadrinhos, a única verdade na personagem de Raven para essa franquia foi a alfinetada que ela deu).
Todos os outros personagens são secundários e se fossem removidos ninguém teria notado, por isso volto a dizer, esqueçam do nome dado, eles estão ali apenas por punhetagem para fã.

SmithQuer um exemplo bem claro? A personagem da Jessica Chastain não existe nos quadrinhos, mas o planeta de origem sim, porém era um povo que foi destruído justamente pela Fênix, provavelmente ao perceber que não daria para explicar tanta coisa e depois de tantos furos na linha do tempo, eles usaram o nome do povo D’bari apenas como uma homenagem e uma forma deles tentarem vingança. A história original da Fênix Negra é muito mais complexa do que mostraram, tanto que Jean ao manifestar a entidade, no Apocalipse, só pude pensar que eles estavam ficando loucos, pois na idade que a retratavam, jamais que ela poderia ter conseguido lidar com aqueles poderes e eles com essa história.

Aceitei até a morte de um personagem que achei injusta, mas fez sentido para se amarrar a trama.

O fim do filme deixa espaço para renascimento da franquia e da forma que os herdeiros quiserem. Seja com um reboot geral ou partindo da história da verdadeira Fênix, para a criação da X-Force.
Vejam, tem lá suas falhas e pode até parecer que eu não tenha gostado, mas é que eu conheço esse universo bem. A dica que eu dou é vá de coração aberto, é um filme que dá para se divertir. Um fato que gostei é de não ter tantas piadas e adorei que finalmente assumiram parte da ideia da Dark Phoenix sem aquela pretensão de vamos deixar o visual igual porque as pessoas não ligam para a história. Eu abstrai em todo momento que aquilo veio de algo que fez parte de mim. Vi como um filme normal que se baseou num conceito e construiu um roteiro a partir disso. A maior vilã não é a Smith ou a Fênix Negra, e sim nós mesmo com nossas discussões e perguntas interiores.

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