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AUTOMOBILISMO

Vitória de Piastri em Zandvoort é Ofuscada por Drama Intenso: Quebra de Norris, Colapso da Ferrari e o Pódio Histórico de Hadjar

Vitória de Piastri em Zandvoort é Ofuscada por Drama Intenso: Quebra de Norris, Colapso da Ferrari e o Pódio Histórico de Hadjar
Foto: Fórmula 1
  • Publishedagosto 31, 2025

O Grande Prêmio da Holanda de 2025 consolidou seu lugar no calendário como um evento imperdível, entregando uma corrida de tirar o fôlego, definida por estratégias arriscadas, condições climáticas traiçoeiras e um drama humano que poucas vezes se vê. Ao final de 72 voltas de pura adrenalina, Oscar Piastri, da McLaren, cruzou a linha de chegada em primeiro, em uma exibição de controle e resiliência. No entanto, sua vitória, que amplia a liderança no campeonato, foi apenas uma parte de uma história muito maior: o coração partido de seu companheiro de equipe Lando Norris, o dia desastroso para a Ferrari, e a ascensão gloriosa do estreante Isack Hadjar ao seu primeiro pódio na Fórmula 1.

Desde a largada, a corrida prometia ser eletrizante. Piastri fez um arranque impecável para manter a liderança, enquanto Max Verstappen, em uma aposta estratégica com pneus macios, catapultou sua Red Bull para o segundo lugar. Norris foi momentaneamente rebaixado, mas a verdadeira tensão surgiu na Curva 3, quando Verstappen teve um “grande momento”, seu carro balançando violentamente sobre a pista suja, mas o tetracampeão o controlou com maestria para manter a posição. Nas voltas iniciais, Piastri impôs um ritmo forte, abrindo uma vantagem de 1.6 segundos já na terceira volta. Atrás, a corrida de Isack Hadjar começava a se desenhar: segurando o quarto lugar, ele se tornou a “rolha” de um longo trem de DRS, com um impaciente Charles Leclerc buscando uma brecha.

A ameaça de chuva pairava no ar, e o rádio de Piastri na volta 4 confirmou: “alguma chuva está a caminho”. Essa foi a deixa para o australiano acelerar ainda mais, estendendo sua vantagem para quase quatro segundos. A corrida de Lando Norris ganhou vida na nona volta, quando ele executou uma ultrapassagem espetacular sobre Verstappen por fora na Curva 1, uma manobra corajosa e necessária para iniciar a perseguição ao seu companheiro de equipe.

O primeiro ponto de virada dramático veio na volta 23. A garoa que ameaçava finalmente tornou a pista perigosa. Lewis Hamilton foi a primeira grande vítima: ao contornar a curva inclinada, ele perdeu a roda traseira nas traiçoeiras linhas brancas molhadas, batendo no muro e acionando o Safety Car. O que se seguiu foi um caos estratégico nos boxes. A McLaren optou por um “double stack”, com Piastri entrando primeiro, mas Norris foi ligeiramente retido pelo mecânico do macaco dianteiro. A maioria dos pilotos aproveitou para parar, mas a decisão da Ferrari de ter parado Leclerc uma volta antes se mostrou um erro caro, jogando-o para trás de George Russell. A frustração era palpável, especialmente para Norris, que repreendeu sua equipe pelo rádio: “Como Hamilton bateu? (…) Então me avisem isso antes, essa é uma informação que pode encerrar uma corrida!”. A confusão não parou por aí: na relargada, um toque entre Liam Lawson e Carlos Sainz na saída da Curva 1 resultou em furos de pneu para ambos e uma penalidade de 10 segundos para Sainz, que reagiu furiosamente no rádio: “Eu? Vocês estão de brincadeira. É a decisão mais ridícula da minha vida.”

A corrida entrou em uma fase de tensão, com Piastri controlando a ponta, mas a história mais sombria se desenrolava na garagem da Ferrari. Após uma batalha intensa com Russell, Leclerc se encontrava em quinto lugar quando a Mercedes tentou um “undercut” estratégico, chamando Kimi Antonelli para os boxes na volta 52. A Ferrari reagiu na volta seguinte, chamando Leclerc para cobrir a jogada. O desastre aconteceu no retorno de Leclerc à pista: enquanto ele contornava a curva inclinada em sua volta de saída, Antonelli, com pneus aquecidos e em um ataque otimista pela linha interna, perdeu a frente do carro e subvirou diretamente contra a Ferrari. O impacto jogou Leclerc no muro, no mesmo local do acidente de Hamilton, selando um dia para a Scuderia esquecer e trazendo o segundo Safety Car.

A relargada final preparou um cenário de suspense absoluto. Piastri e Norris estavam com pneus duros, enquanto Verstappen e Hadjar, logo atrás, estavam com macios, teoricamente mais rápidos. Norris não perdeu tempo e, na volta 60, pela primeira vez no dia, entrou na zona de DRS de seu companheiro de equipe. A batalha pela vitória parecia iminente. Piastri, no entanto, respondeu com a precisão de um campeão, executando um setor final perfeito para abrir uma pequena vantagem e quebrar o reboque do DRS. A disputa estava acirrada.

Então, na volta 65, o destino interveio da forma mais cruel. “Sinto um cheiro estranho”, reportou Norris, seguido por um “não cheira bem”. A fumaça que saía da traseira de seu McLaren confirmava o pior: uma falha mecânica. Ele encostou o carro, e com ele, suas chances de vitória e de diminuir a diferença no campeonato. Um silêncio sepulcral caiu sobre a garagem da McLaren, enquanto Norris, desolado, se sentava nas dunas de areia, a imagem do coração partido que pode definir a temporada.

A quebra de Norris foi a tragédia de um piloto, mas a glória de outro. Isack Hadjar, que pilotou de forma impecável e madura durante toda a prova, foi promovido ao terceiro lugar. O jovem piloto não sentiu a pressão nas voltas finais, guiando com segurança para garantir um pódio que pareceu surreal até para ele. À frente, Piastri administrou a pressão de Verstappen para vencer, enquanto o holandês celebrava um segundo lugar muito comemorado por sua torcida laranja. Foi um final agridoce para a McLaren, mas um dia histórico para Isack Hadjar, que provou seu valor no palco mais desafiador do esporte.

A Fórmula 1 volta no próximo final de semana com o GP de Monza na Itália.

Written By
Matheus Gama