Um conto de Natal do Mickey: Os Fantasmas de Scrooge. Análise do curta-metragem.
Por: Franz Lima. Curta nossa fanpage: NoSet.
A trama é muito conhecida, baseada no livro de Charles Dickens “Um conto de Natal” publicado em 1843 e adaptado para cinema, teatro, quadrinhos e animação. Seguindo a mesma premissa, Um conto de Natal do Mickey mostra a história de um velho avarento, rico e explorador chamado Ebenezer Scrooge (Tio Patinhas). Scrooge não gosta do Natal e despreza quem goste. Sua única paixão é o dinheiro. Ainda assim, seu sobrinho tenta trazê-lo para mais perto da família, mas não há nada que comova o coração frio do velho. Nem mesmo o humilde empregado Bob Cratchit consegue diminuir a avareza e ganância presentes na alma do rico negociador. Parece que a magia do Natal não tem forças para mudar o comportamento do malvado Scrooge…
Mas Charles Dickens e seu livro são lidos até os dias atuais não é à toa. A história é mágica, linda e, como não poderia deixar de ser, contém uma lição que ficará nos corações de quem a leu, viu ou ouviu. E essa lição ganha força com as personagens da Disney.
Sendo assim, após dispensar seu empregado para que possa passar o Natal com a família (após descontar no pagamento o período que não trabalhará, Scrooge volta para sua casa. O lugar é tão frio quanto o coração do rico. Ninguém mora com ele, exceto a solidão que ele gerou para si. Então, seu velho e falecido sócio Jacob Marley (Pateta) faz uma visita a ele, anunciando a chegada de três fantasmas. Mesmo diante do sobrenatural, a índole e a descrença de Scrooge não o deixam acreditar. E ele dorme…
Os acontecimentos seguintes mostram as aparições dos três fantasmas: do Natal passado, Natal presente e Natal futuro. Mesmo com o uso de um pouco de humor, ainda assim é possível sentir a tensão por trás da obra original. Dickens escreveu Um conto de Natal para impactar e, também neste curta, podemos sentir o tom sombrio do livro.
O passado reflete a inocência presente em cada um de nós, enquanto ainda não fomos contaminados pelos anseios e obrigações do cotidiano. O presente é uma forma de lembrar que é preciso atentar para o que realmente é importante. O futuro, mesmo que não concretizado, mostra a morte não só como o fim, mas como a sentença final onde não poderemos mais desfazer os erros. Morrer não é o fim da vida, é o fim das chances de repararmos nossos atos e de reatarmos os laços perdidos com quem amamos.
Diante das verdades inevitáveis, Scrooge muda sua vida e opta por recuperar o tempo perdido, as amizades perdidas e, principalmente, a própria alma, sua humanidade, que estava sendo descartada por causa da cobiça e da corrupção que o dinheiro traz.
Este curta-metragem de apenas 26 minutos é uma obra-prima, tanto pela animação primorosa (ainda em 2D) como pela adaptação perfeita do livro, dentro da ótica da Disney evidentemente.
Curiosidades
- Houve outras aparições no curta-metragem como a de Huguinho, Zezinho e Luisinho, Tico e Teco, Vovó Donalda, Gansolino,Clarabela e Horácio (todos durante a visita do Fantasma do Natal Passado), Rato e Toupeira como dois coletores de doações para os pobres e duas das Doninhas como coveiros que, durante a ilusão criada pelo Fantasma do Natal Futuro, realizavam o sepultamento de Ebenezer Scrooge.
- Na versão em DVD do filme, Mickey Mouse foi redublado por Sérgio Moreno, substituindo a voz original brasileira feita por Cleonir dos Santos. Fãs consideraram tal atitude um total desrespeito, principalmente por ter sido apenas o Mickey o único a sofrer essa alteração. Os demais dubladores foram mantidos e, à época, nada foi explicado, fato que gerou insatisfação e rancor por parte de fãs do dublador original.
- Apesar de ser uma produção da Disney, Um Conto de Natal não foi poupado de momentos de pura melancolia, aproximando-o da obra original em suas lições e emoções.