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FILMES CRÍTICAS

Smurfs e a vila perdida. Finalmente um filme à altura dos pequeninos azuis.

Smurfs e a vila perdida. Finalmente um filme à altura dos pequeninos azuis.
  • Publicado em: abril 6, 2017

Essas criaturinhas azuis chamadas Smurfs marcaram uma geração inteira. Eles são essencialmente um povo pequenino cujas características humanas estão espalhadas entre seus habitantes. Há o inteligente, o vaidoso, o artesão, o poeta, o cantor, o fortão e até o papai.

Mas tudo tem um fim. Com a chegada dos novos desenhos, os Smurfs foram postos de lado, apesar de uma ou outra aparição na TV aberta ou paga. Nada era como antes, infelizmente.

Então, no ano de 2011 nós, fãs antigos, recebemos com alegria o retorno dessas criaturinhas, agora no cinema. Só que a decepção foi grande, pois a mistura de atores reais com personagens animados e animais “humanizados” não deu certo. Isso, óbvio, na minha opinião. Entre atuações fracas e um Cruel (o gato) com movimentos como os que vimos em Dr. Dolittle, nada convenceu.

Eu achei que era o fim prematuro de uma franquia que lutava para retornar.

E é aí que entra um velho ditado: “não é a queda que o transforma em perdedor, mas sim a permanência no chão”.

2017 marca o ano da retomada com força total da franquia Smurfs. Esse novo filme é a prova de que erros podem ser reparados.

Smurfs e a Vila Perdida é um longa de animação muito engraçado, bem roteirizado, repleto de bons efeitos e, principalmente, digno das animações 2D que tanto agradaram os fãs da década de 1980. A sensação de nostalgia é grande e as risadas da plateia comprovam que a trama está no ponto correto.

A história.

Começamos com as apresentações de alguns dos Smurfs. Em clima de muita animação, percebemos logo no início que cada um deles tem um papel específico de acordo com sua habilidade. Todos exceto um: a Smurfette, cujo talento ainda não está aparente para os demais Smurfs. Ela se sente deslocada demais, apesar de seus esforços para ser uma Smurf participativa e alegre. Diante desse dilema acerca de sua verdadeira “vocação”, ela questiona o Papai Smurf sobre quem ela realmente é. A conversa não produz aquilo que ela esperava e, em uma atitude impensada, a pequenina parte para encontrar as respostas daquilo que falta nela.

Essa busca leva-a até a casa do feiticeiro Gargamel, um homem que quer capturar todos os Smurfs para lhes roubar a magia. Gargamel é exatamente como na antiga animação: ambicioso, feio, pouco inteligente, mas persistente. Seu principal trunfo está no gato Cruel, um felino cuja inteligência rivaliza com a idiotice do feiticeiro. Caso ainda não saibam, o bruxo é o criador da Smurfette e ele ainda vê nela uma arma contra os Smurfs.

Entre a saída dela de sua vila e a prisão nas mãos de Gargamel, nós descobrimos que há mais alguém observando os Smurfs. As perspectivas sobre quem pode ser aumentam quando o feiticeiro dá a dica para uma provável nova Vila dos Smurfs.

Basicamente a trama fala sobre aceitação. Smurfette é dotada de inúmeras qualidades e alguns defeitos, tal qual nós. Entretanto, o fato de não ter uma característica capaz de identificá-la a incomoda. Sem esperança de ter uma resposta à altura, ela e seus amigos (Desastrado, Gênio e Robusto) partem em busca da Vila misteriosa, iniciando uma aventura que irá dar orgulho a qualquer um que goste dos personagens e suas antigas histórias.

Somos quem podemos ser.

A busca por sua identidade é uma verdadeira ‘jornada do herói’ para ela, além de estreitar os laços de amizades com seus amigos. Smurfette cresce a cada novo perigo, mostrando que mesmo sem seu “título identificador”, sua personalidade é única.

A interação entre ela e os seus amigos está perfeita. Gênio usa sua inteligência para ajudar os amigos. Já o Desastrado mostra que faz jus ao nome. Por fim a parte heroica fica por conta do Robusto, cuja admiração por Smurfette beira a paixão.

Esse filme tem o mérito de usar uma linguagem simples e cativante para mostrar cada momento. Até o vilão tem seu lado engraçado, por vezes ingênuo. Isso é mérito de uma produção que quer agradar os públicos que já conhecem os Smurfs, mas não descarta as crianças desta geração.

Ferramentas usadas para divertir.

Há ótimas cenas de ação nessa aventura. E recursos não foram poupados. Desde o tradicional slow motion até um inusitado Smurfboard, passando por perseguições e o uso das características principais de cada Smurf para tirar boas risadas da plateia. Nos detalhes da Vila há muita coisa engraçada também, incluindo os esforços de cada um deles para agradar a a bela Smurfette, a única menina de lá.

Outros encantos estão presentes na animação. Cruel é a contraparte de Gargamel que o ajuda, mesmo que este o despreze, a conseguir seus intentos. O jeito idiota do bruxo contrasta de forma perfeita com a astúcia do gatinho. Um abutre do mago também está na trama e ele é a fonte de raiva do Cruel, já que Gargamel exalta as qualidades da ave e não repara jamais nas habilidades do gato. Tudo isso está dentro daquilo que os fãs esperavam da participação desses personagens.

Bônus para o roteiristas Stacey Harman e Pamela Ribon que incluíram uma sensacional joaninha multimídia que nos proporciona ótimos momentos na trama, além Essa da máquina para identificar a habilidade Smurf, responsável por momentos engraçadíssimos na animação.

Entretanto, a principal “arma” usada pelo diretor Kelly Asbury e os roteiristas dessa animação está no fato de eles terem a coragem de manter a inocência da obra original. Sem apelações e com momentos literalmente inesquecíveis, eles finalmente conseguiram trazer aquilo que o público queria. Vamos acrescentar que esse é um filme para adultos e crianças assistirem sem quaisquer ressalvas.

Dublagem

Vi a versão dublada e, como já é costumeiro, só tenho elogios a tecer sobre a equipe. Vozes bem sincronizadas, emoção passada de forma correta e não sentimos o impacto diante do desenho original, já que cada voz está muito próxima daquilo que tínhamos no desenho 2D dos Smurfs.

Destaque para as presenças de Ivete Sangalo e Rodrigo Lombardi que dão vida e voz para Magnólia e Gargamel. Rodrigo Lombardi surpreende positivamente e não percebemos um único traço de sua voz verdadeira. Sensacional.

E afinal, o que é a Vila Perdida?

A Vila Perdida do título é a resposta para a pergunta que muitos fãs fizeram. Só existem esses Smurfs? Não, há outros. Porém não se preocupe com essa informação, pois os espectadores percebem bem cedo que há algo a mais. O que não posso destacar é a essência das criaturinhas da Vila.

Enfim, se você e suas crianças querem viver um momento divertido e único juntos, vá ao cinema com elas para curtir essa divertidíssima animação da Sony Pictures. Cores, músicas, ação, aventura e muito humor serão o presente que vocês vão receber neste recomeço da franquia Os Smurfs.

P.S.: chegar até a Vila não será fácil, principalmente com uma floresta cheia de criaturinhas diferentes, coloridas e, por vezes, mal humoradas. Gargamel que o diga. Mas é fato que essa Vila é a resposta às preces de todos os outros Smurfs.

P.S.2: quase esqueço de citar que os momentos finais do filme são emocionantes e até tristes. Algumas crianças e até adultos vão se emocionar, porém é preciso lembrar que esta animação possui o espírito da obra original, onde a alegria sempre vencerá.

Written By
Franz Lima

Escritor de contos de terror e thrillers psicológicos, desenhista e leitor ávido por livros e quadrinhos. Escrever é um constante ato de aprendizado. Escrevo também no www.apogeudoabismo.blogspot.com

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