Será que vingança é a resposta? – Um Passeio no Jardim da Vingança

Passamos a vida inteira ouvindo várias coisas sobre a vingança, especialmente as negativas. Um livro que tenha o nome “Um Passeio no Jardim da Vingança” é, logicamente, um livro que versa sobre anti-heróis, assim como promete a respectiva sinopse.

Antes de mais nada, para vocês não ficarem se perguntando e, talvez, tentando se lembrar onde já viram alguns dos detalhes que estão no livro, estes foram inspirados no episódio 03 da primeira temporada de “Black Mirror”. Eu só assisti a primeira temporada da série, logo pode haver outras referências que não reconheci.

Conheçam Ramiro, um advogado com seus 40 e poucos anos, já praticamente no topo de sua carreira, casado com uma mulher rica e da sociedade, é bem de vida, o que era uma meta para quem não teve uma infância e juventude abastada. Em outras palavras, venceu na vida. Porém, como quase todos que são ambiciosas demais, está tedioso com a vida, não sente mais prazer na profissão e nem na vida pessoal.

Foi nesse ponto da vida que se torna vítima de um atentado. Estava em uma sala de audiência, o autor do atentado foi o cliente da parte oponente. A partir daí Ramiro começa a ver todos a sua volta de forma diferente, passou a tentar entender o que tinha acontecido e se poderia ter a ver com o seu escritório.

Sabe quando a gente desconfia das coisas e tem certeza que vai encontrar alguma coisa ruim? Mais ou menos o que aconteceu com Ramiro! Ele descobriu que o escritório dele, que já havia sido vendido para uma empresa obscura, fazia parte de uma grande rede de corrupção e seus colegas que administravam, ele servia apenas de peão para os outros.

A partir disso Ramiro começa a ceder ao desejo de vingança. Buscou cada detalhe que poderia incriminar o escritório, mesmo que isso pudesse respingar nele mesmo. O objetivo era pagar a humilhação na mesma moeda e ele não contou esforços para isso.

Una isso tudo ao poder da tecnologia. A história é futurista, seria mais ou menos daqui há uns 20 anos, portanto há elementos cruciais que envolvem a tecnologia. O principal é o implante cerebral, funciona como um computador, há o armazenamento de dados e o acesso à internet, porém você visualiza através de uma tela de projeção. É bem no estilo do episódio de “Black Mirror” que citei.

Para o corpo suportar os efeitos colaterais do implante é necessário que o usuário use um coquetel de drogas, desde calmantes até outras drogas mais fortes que, provavelmente, nem existem atualmente. Isso causa muita dependência, como vocês podem imaginar.

Ramiro já era afeto aos narcóticos antes do implante, já tendo passado por algumas casas de reabilitação na época da faculdade. Com o tempo não teve tantos problemas com o coquetel que o implante exigia, porém o atentado, que deixou algumas sequelas em seu organismo, e a busca insana atrás dos “podres” do escritório fizeram com ele tivesse uma recaída.

Entre outras palavras, o livro conta com os “mistérios” da rede digital, ainda pouco explorados por nós (acreditem, ainda tem muito a ser descoberto), intrigas que sempre existiram, e sempre existirão, relacionamentos superficiais, traição (entre amigos e de casamento) e vícios que vão além das drogas.

Confesso que o livro não é muito a minha cara. O linguajar usado pode ser um pouco duro, ele não alivia nos termos eróticos (e não de uma forma sensual) e nos palavrões. Não sou tão puritana, mas estou acostumada com algo mais sutil, deu uma assustada nas primeiras páginas, mas depois percebi que era o tom necessário do livro.

Também não sou muito fã de histórias futurísticas, porém a trama desse livro não tem aqueles absurdos que vemos em muitos livros, filmes e séries do gênero, como vocês podem ter uma ideia pela descrição que fiz. Simplesmente o fato de falar sobre vingança e corrupção já o torna extremamente atual e real.

Avaliem o quanto de esquemas existem de baixo de nossos narizes e a gente nem sabe? Pois é!

Assim como “Black Mirror”, o livro “Um Passeio no Jardim da Vingança” dá um choque de realidade de forma brutal, para falar o mínimo, fazendo com que você repense em algumas atitudes, algumas pessoas. Enfim, dá aquela sensação de paranoia. Isso tudo com envolventes histórias secundárias e detalhes que fazem a diferença.

Se você gosta de “Black Mirror” ou de histórias mais obscuras, sem heróis, sem ter alguém para torcer, esse é um livro para você. Sério, tentei torcer por Ramiro, o protagonista, mas num deu certo, vocês vão ver o que estou falando!

 

Beijinhos e até mais.

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